DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR
Subsérie: Mais ilações filosóficas existenciais.
ENSAIO adendo à obra 21
A EVOLUÇÃO DA VIDA
1)AEDV). Para melhor entendermos a direção dada ao tema deste ensaio (Evolução da Vida),
faremos um pequeno estudo sobre o (“ser” e o “ente”), entidades ontológicas
estudadas pelo filósofo Martim Heidegger. É uma presunção natural do homem
vulgar, julgar, (o que o homem vulgar, mais faz é julgar), que no ambiente em
que a vida planetária se desenvolveu, somente sua espécie evoluiu “entelequialmente”
ou espiritualmente. No entanto, qualquer pessoa com um “minimum minimorum” de sabedoria, tomando conhecimento do contido na teoria do Sheldrake, teoria da Ressonância Mórfica, aqui não refiro-me
ao conhecimento acadêmico, esta pessoa mesmo, conhecendo somente um mínimo da essência
dessa teoria, passa a saber que todos os seres vivos possuem uma enteléquia capaz de
evoluir, enquanto pensarmos que somos “especiais” quanto à evolução da essência
do “Ser” ou “isto aí”, onde o “isso aí”, que nalguns momentos, não é o “ente”,
continuaremos a nada entender do “ser” nem do “ente”. Especialmente do “ser” e
do “ente” a que se reporta os estudos heideggerianos. Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo estudioso
da fenomenologia humana concebida por seu mestre Edmond Husserl. Mestre e aluno discordaram em pontos cruciais na
filosofia fenomenológica, os princípios de Husserl, nalguns pontos, diferiam e
muito, dos princípios do aluno.
2)AEDV). O professor Newton
Aquiles von Zuben, Doutor em
Filosofia pela Université Catholique de Louvain, Belgique. (1970)
Professor Titular (aposentado) da Unicamp, Professor da Faculdade de Filosofia
da PUC de Campinas, nos faz ver que não há uma separação definida do ser e do
ente de Heidegger. Ele, Newton Zuben nos diz: - [... O ser é um conceito
evidente. Não passível de definição, o ser está, no entanto, incluído em todo
enunciado a propósito de qualquer ente. E mesmo qualquer comportamento humano,
seja em relação ao próprio homem, seja em relação a outro ente, envolve certa
compreensão do que seja o "ser". Se assim é, por que ainda nos
inquirirmos sobre um significado que a todos é patente? Ora, para Heidegger, é exatamente
essa compreensão imediata e ordinária do ser, incluída em todo comportamento do
homem em relação a si mesmo e em relação aos entes, que suscita a necessidade
de uma explicitação - ]. Aqui o professor Newton Zuben nos expõe a necessidade
da separação do “ser” e do “ente”, de Heidegger, quando dos diz: (a propósito
de qualquer ente). O próprio Martin
Heidegger nos diz que: - [ O fato de vivermos de imediato numa certa
compreensão do ser e de, ao mesmo tempo, permanecer o sentido do ser envolvido
de obscuridade, demonstra a necessidade fundamental de submeter a questão do
“Ser” a uma repetição.-] (HEIDEGGER.
1960, p. 4).
3)AEDV). Eu entendo que: A questão do “Ser”, e do “ente” heideggeriano
continua em aberto para novas análises. O “ser” de Heidegger possui enteléquia,
o “ente” de Heidegger também possui enteléquia, só que esta última, está
indeterminada. Russerl considerou a obra de Heidegger, incorreta, devido ter
encontrado graves interpretações incorretas em seus ensinos e métodos. Movér.
4)AEDV). Já
perguntava Aristóteles (384-322 aC.), portanto, há vinte e quatro séculos: “Que é o “ente”? (tì tò ón?).
Este “ente” seria a “coisa-em-si” e o “vir a ser” de Kant? Seria um contra
ponto ao “Ser” este “ente” heideggeriano? Seria indistintos entre si! Ou seriam
distintos?
5)AEDV). Eu,
particularmente, mesmo com o aparato da visão fenomenológica russerliana não
faço distinção entre o “ente” e o “Ser”. A única distinção que vejo possível,
sensível e factível de se notar dentro desse campo! É que o ”Ser” sendo
imaterial é uno, passivo, não analisável, impessoal, inominável, portanto,
inalcançável. Estes atributos possuem sua origem são oriundos e inerentes ao “Ser” Maior e
Transcendental. Já o “ser” material ou “ente” sob o enfoque dualista resume-se em (personalidade e
matéria), ativo, alcançável e factível de análise “pelo menos em grupo”, isto,
enquanto “ser” pulsante, vivo! Noutra visão ou abordagem! O (“ser” e “ente”)
numa conceituação integral pode ser percebido e analisado trinamente como:
(“ser” material), (“ser” imaterial) e (“ser” personalidade), donde advém sua
indiscutível trindade que gera a sua indistinção, se analisado como "Ser" trino indivisível. Naturalmente os perceberemos num só conjunto, como seres integrais e indistintos, .
6)AEDV). Estando o “ente”
ou “Ser” imaterial, presente em nós a priori e de forma necessária como causa
única de nossa consciência existencial! Torna-se de difícil análise se o
procuramos em nós, como “Ser” imaterial. Tenhamos em mente que esta unicidade causal é
inerente e necessária à própria evolução da enteléquia dos humanos! Enquanto
nos julgarmos de forma pessoal, como seres especiais, mas, somente materiais, sendo os únicos capazes
de tudo analisar, estaremos vendo a vida “vitae” com os olhos vesgos da
estultícia. Quanto à diversidade das enteléquias! É fácil comprovar o fato de que o homem evolui e de que não somente
ele evolui, mas todos os seres viventes evoluem por também possuírem uma enteléquia. Em razão das imperfeições de nossos
sentidos, (a vida é “maia”), e não somente o universo. Podemos, e observamos com diferentes graus de
entendimento ou graus de perspicácia que cada espécie está sob uma dinâmica
evolucionária diferente. Já no caso específico da espécie “homo”, quando
analisamos os fósseis dos nichos/habitats dos seus antepassados, num passado
remoto, veremos que os hábitos comportamentais do homem primitivo evoluíram, de
hábitos instintivos, típicos dos animais, até atos comprovadores de
comportamentos elaborados e inteligentes, próprios dos “sapiens” falantes. O
marco que separa o “homo sapiens” do hominídeo ou “homo erectus” é o
reconhecimento do “eu”, a que chamo de “splenn”, que é a melancolia provocada
pelo “espanto” do auto reconhecimento como “ser”. Neste caso em particular é o
mesmo “espanto” dos filósofos pré-socráticos, naturalmente em épocas diferentes
e bem afastadas. Já o marco que separa o “homo sapiens” do “homo sapiens
sapiens” é a aquisição da fala. A este marco, eu denomino de “divinização do "sapiens" pelo verbo”, donde se origina o grande valor dado à palavra “verbo” pelas
religiões e pelos livros sagrados. Segundo a semiótica, o domínio da
diferenciação dos signos sônicos pela mente foi o fator propiciador da
modificação do aparelho fonador do “homo sapiens”, para, dentro de menos de
100.000 anos, transformá-lo num falante competente e de fala evoluída, agora já
denominado de “homo sapiens sapiens”, isto é, o “Ser” que saboreia o saber e
não mais somente o “Ser” que sabe. Esta transformação deu-se entre 250 mil e
150 mil anos atrás. Tem uma linha da antropologia que admite: 75 mil anos
atrás.
7)AEDV). Segundo a
moderna teoria da ressonância mórfica, todo o universo evolui, incluindo aí,
todas as suas leis, e isto, em todos os sentidos. Ora, se todo o universo
evolui, por que, no âmbito da biologia, em termos abrangentes da “vitae”,
somente o homem evoluiria? Todos os animais próximos do homem evoluíram, e é
fácil comprovar este fato, pois continuam a evoluir como enteléquias! Na
realidade, toda a vida evoluiu. Veja o exemplo do lobo “canis
lúpus”, compare o comportamento de um lobo selvagem e o de um cão
doméstico “canis familiaris”: o último é
oriundo do primeiro!
Outro animal também domesticado pelo homem é o “felis catus”, que assim como o
“canis lúpus”, estavam em graus de evolução distintas quando domesticados, o
gato não possui até hoje o costume de viver em sociedade, é fácil entender que
a sociabilização é um grau evolutivo, o melhor exemplo vem do gênero “homo”.
Nenhuma espécie que não viva em grandes bandos torna-se domesticável! Embora
desconheçamos o comportamento de um “equus caballus” de 10 milhões de anos
atrás, pelo porte deveria ser um animal extremamente arisco e arredio, possuía
de 60cm a 90cm de altura, com comportamento extremamente diferente de um equino
atual.
8)AEDV). Agora observe o
tamanho de um megatério, que passava de 5 metros de altura, este, desapareceu e
deixou um descendente bem pequeno, conhecido como "preguiça", (Bradypus
variegatus) com no máximo 90cm
de altura, extremamente dócil, e veja se é possível esse tipo de comportamento
no seu ancestral de até 6 toneladas de peso! Um animal desse porte, para
alimentar tal massa corpórea, não poderia agir docilmente, era disputar a
comida ou desaparecer como espécie, e foi o que terminou acontecendo num
momento dado! A maioria dos animais de porte que não conseguisse disputar a
alimentação, fazendo longas migrações, quando a comida escasseava ao seu redor!
Simplesmente desapareciam. Nestes exemplos estão dois animais vegetarianos e um
carnívoro, que, no passado, tiveram pesos ou massas corporais diferentes da
massa dos seus atuais representantes, à exceção do “canis”. Todos os três
evoluíram para a mansidão. No caso da preguiça não dá para conceber um seu
ancestral de até 6 toneladas, com um animal dócil e sem defesas, dos predadores
da época. A preguiça atual moldou sua defesa subindo nas altas árvores, como
imaginar um animal de 6 toneladas no alto de uma árvore? Recentemente,
encontraram imensos túneis e fósseis dos megatérios no interior dos mesmos, Dá
para compreender onde vejo a evolução da enteléquia dos seres inferiores em relação
ao “gênero homo”? Embora díspares, ambos evoluíram; pelo menos numa visão
humana, foi isto que ocorreu. Bem sei que vão me lembrar do problema filosófico
do empirismo de (Locke), (fins do sXVII), onde no Ensaio Acerca do Entendimento Humano, defende que o conhecimento vem das experiências, fruto
dos sentidos. Recorde bem, que no empirismo, corpo e
mente são uma coisa só! Portanto não há o dualismo “corpo e espírito”, o
empirismo prega o monismo. E agora vem o seu contrário, onde mesmo não
ultrapassando os limites das premissas,
o antigo método indutivo afirma que a ciência como “conhecimento”, é
dependente dos dados da experiência, (Aristóteles), (meio do sIV a.C.). Na
indução prevalece o dualismo, corpo e espírito. Movér.
9)AEDV). Tudo me faz crer
que a evolução da vida no universo, seria melhor observada no conjunto, pois a
evolução no “conjunto” transparece, “in totum” e nunca na “unidade”, embora
existam, diversas etapas ou graus de evolução no cosmos.
10)AEDV). Compreendida
nossa enteléquia como energia, somos parte integrante do grande cosmos desde o
seu princípio. Assim, não vejo problema nenhum em admitir que, quando da
separação do corpo material e da energia ou enteléquia (que erroneamente
chamamos de morte), a matéria retorne para a matéria de onde é oriunda, e a
energia, alma, enteléquia, “Ser”, ente, alma, ou o que mais quiserdes e
puderdes chamar, retorne para um único e imenso organismo de origem, a que
chamo de “Grande Ser”, dali é oriunda toda a vida planetária dos falantes e não
falantes, vida animada e inanimada, absolutamente tudo! E creio mais: quando da
separação dos dois seres, material e imaterial, ou morte), a parte material
retorne à sua origem, e a imaterial retornará também para a sua origem, que é o
“Grande Ser”, e perderá sua individuação: a personalidade construída pelo
aprendizado na primeira infância e adolescência e no restante da existência
desaparecerá por se tornar inútil. A personalidade de todos os humanos,
indistintamente, é formada durante sua existência, isto já foi comprovado
cientificamente. Todos conhecem a história de Mala e Kamala de 1908 – se formos
criados por lobos, lobos seremos, não falaremos nem mesmo sorriremos, se formos
criados por macacos, de macacos herdaremos o comportamento, e assim, macacos
seremos. Portanto a conservação da nossa personalidade não é relevante para o
“evoluir” da humanidade, portanto ela se torna desprezível e inútil e é
descartada. No entanto como o “GRANDE SER” contém a memória de todos os modelos
de vida, e de todas as suas existências, nas regressões podemos voltar às
memórias de todas nossas existências passadas, este fato é que ilude todos os
estudiosos do assunto, pois assim, como “memória” e mesmo, como seres
imateriais somos todos imortais. O Rupert Sheldrake inteligentemente chegou a
estes conceitos com a sua teoria da (Ressonância Mórfica). Embora com a nossa morte,
os nossos átomos não desapareçam, mas, como seres materiais vivos,
desaparecemos. Desaparecemos até como memórias existenciais. Este fato de todos
os seres, indistintamente, quanto ao seu reino e à sua espécie terem memória,
nos leva a entender claramente como funciona a ressonância mórfica do Rupert.
Um grande homem de visão, o filósofo e biólogo inglês Rupert Sheldrake. A
vida é dinâmica, assim tudo muda, tudo evolui, inclusive os mais arraigados
conceitos existenciais. Espero e creio que esta colocação esteja mais de acordo
com a realidade universal holística da vida e mais de acordo com a teoria da
ressonância mórfica, do Sheldrake. Na realidade, a ideia que ora exponho sempre
esteve comigo, no entanto faltava embasamento para a conservação do que
chamávamos de memória akáshica, com a perda da personalidade adquirida durante
a existência. O que ocorre é que nossa memória não é parte integrante da nossa
personalidade, na realidade a nossa memória é parte integrante da nossa
ressonância mórfica individuada.
11)AEDV). Podemos melhor
entender o que denomino de “Grande Ser”, quando o olhamos como a ressonância
mórfica planetária dos seres vivos superiores e principalmente dos falantes:
ela é ampla, imensa e está em toda superfície do planeta, em todos seus
escaninhos. Onde houver um ser vivo, ali ela estará a ressonância mórfica
daquele ser. A ressonância mórfica como memória dos seres vivos indistintamente
de reino, pode ser entendida como a enteléquia das diversas espécies de não
falantes na forma de instinto! Os únicos impedimentos para este entendimento é
o orgulho e a estultícia do “sapiens”.
12)AEDV). A dificuldade para se observar a evolução do “ente” ou enteléquia fora da
espécie “homo” é causada pela diferença dos diversos graus de aceleração da
evolução entre as diversas formas de vida existentes na vida planetária, esta
aceleração é independente do fator tempo. Se assim não o fosse, os
estromatólitos, as células procariontes e, depois, as eucariontes seriam as
únicas espécies vivas dominantes no planeta, e tal, não se deu. O que ocorreu é
que estes modelos de vida evoluíram e hoje fazem parte de seres vivos atuais, é
claro que as primeiras células eucariontes eram modelos embrionários das
eucariontes existentes nos organismos atuais! A vida se desenvolve numa escala
evolutiva infinita, da simplicidade para a complexidade. Quanto mais complexa é
a espécie, mais evoluída ela o é, e mais aceleradamente ela evolui. E, quanto
mais evoluído for o ser dual, também mais evoluída será sua enteléquia. Uma
espécie, quando próxima do ápice da evolução, desenvolve a telepatia e abandona
a fala. Agora já se tratando de um “Ser” completamente evoluído, quando estiver
no ápice da evolução ele abandona totalmente os cinco sentidos, tornando-se
autônomo dentro da vida material planetária. Nesta fase, ele estará próximo dos
anjos, mas ainda distante da “luz”. Quando sua enteléquia estiver no ápice de
sua evolução, ele – “Ser” e “ente”, espírito e matéria – terá se tornado “luz”.
A perfeição da sabedoria do Criador atinge o infinito ao fazer com que as
espécies menos evoluídas mais lentamente evoluam e as mais evoluídas mais
rapidamente evoluam. Isto evita o embate entre as espécies, pois nunca haverá
duas espécies disputando o ápice da evolução, e faz com que, espécie, após
espécie, atinja a luz, uma espécie de cada vez, destarte eliminando
completamente a disputa pela supremacia no evoluir.
13)AEDV). Eis que, após a
completa evolução do “homo Sapiens sapiens”, outra espécie ocupará o nosso
lugar no planeta. É de se esperar que a subespécie “homo sapiens sapiens” não
seja a primeira a evoluir até a luz.
14)AEDV). Este é o meu
entendimento do porquê, da vida em nosso planeta ter tantos reinos, e tantas
espécies por cada reino! Tudo é uma questão de escala evolutiva, e nada
mais. A moderna taxonomia de 1998 de
Cavalier e Smith considera 6 (seis) reinos: “Animalia” “Fungi”, “Plantae”,
“Cromista”, Protazoa”, e “Bactéria” (não irei aos detalhes), Como: segundo
Rupert Sheldrake a ressonância mórfica afeta até os minerais, o reino “Mineral”
entrará no fim da fila.
15)AEDV). Nos reinos
“Animalia” “Fungi”, e “Plantae”, existe um imenso número de espécies com
diferentes graus de evolução. Assim, tudo se explica numa pequena visão humana:
Existe distintos graus de evolução da “vitae” no planeta, porque, todas as espécies
terão (cada uma) a sua vez para chegar ao ápice da evolução. Movér.
16)AEDV). Espero que
estas singelas ilações sejam, no mínimo, compreendidas por pessoas de bom senso
e com mais evolução espiritual. Fora desta escala evolutiva, só advirá: o
escárnio, o vitupério e a incompreensão. O grande problema e grande retardador
da evolução da vida são os infelizes seres da caverna de Platão, que,
infelizmente, ao que se sabe, são representados pela absoluta maioria da
humanidade. Um pensador de minha terra os nomina de "manada". A sorte é que esta absoluta maioria não lerá meus escritos,
Senão!!!...
Edimilson Santos Silva Movér
Vitória da Conquista
15 de junho de 2009
Atual. 2015
15 de junho de 2009
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