DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR
Subsérie: Histórias de seres que o vulgo chama de
"doidos”. Na realidade simples portadores de disfunções nas células glias
da massa cinzenta.
A LÓGICA NO HOSPÍCIO (I)
1(ALNHI). Num outro ensaio, discorro
sobre um organismo que a ciência e a filosofia reputam como o organismo mais
complexo de todo o universo! Abordo o tema de forma heurística, mas, sob um
conceito e visão mecanicista, sendo que o tema central deste ensaio é o CÉREBRO
do “homo sapiens sapiens”. Central da lógica e da razão! Quando esta central
desregula!!!... Sai de baixo, pois surge o que chamamos de “doido”. Lembrem-se
de que a abordagem é mecanicista.
Edimilson Santos Silva Movér
(Provocação 1) Sou como o Ariano Suassuna, adoro um
doido.
(A HISTÓRIA)
Variações sobre
uma piada que circula no FACEBOOK hoje,
01/02/2014
2(ALNHI). Há algumas décadas, no velho
e único manicômio da cidade do interior ocorreu um fato singular entre dois
internos, que por serem muito pacatos circulavam livremente pelo
estabelecimento, eram de alas distintas, talvez nem fossem amigos, um desses
internos que era conhecido por todos pelo apelido de “Tristeza”! Sem nenhuma
explicação ou razão conhecida se jogou na piscina da fisioterapia para se
matar, estando presente o outro interno da nossa história, conhecido
simplesmente como “Correinha”, este, não contou até três, pulou de roupa e tudo
na piscina e conseguiu retirar o semi-afogado “Tristeza” antes que morresse
afogado. Fato que comoveu a todos no manicômio, funcionários, internos e
médicos! Foi um alvoroço só.
3(ALNHI). No outro dia o médico
chefe manda que levem o “Correinha à sua presença na diretoria do
estabelecimento, e na presença de um grande número de funcionários! Diz com voz
embargada pela emoção: Senhor Correia estamos surpresos e admirados com seu ato
de coragem, bravura e humanismo, tanto é, que em comissão resolvemos reavaliar
o seu caso e decidimos por unanimidade que Vossa Senhoria receberá alta e
poderá voltar para sua casa ainda hoje.
4(ALNHI). Mas, no entanto, temos
uma má notícia para vos dar:
Aquele seu amigo queria mesmo acabar
com a vida.
Hoje pela manhã o encontramos enforcado
na árvore do quintal!
Ao que respondeu calmamente o
“Correinha”!
Nada disso seu Dotô, não foi ele não!
“Fui eu que pendurei ele lá na galha da árvore pra secar”.
Autor desconhecido
(Provocação 2). Finalmente, sou um Correia, não é necessário dizer mais nada.
A LÓGICA NO HOSPÍCIO II
Variações sobre uma piada que circula há muito tempo pelos bares da vida. Com certeza, muito antes da invenção da internet.
(ALNHI). No tempo em que ao invés
de ilícito, era tido como lícito, menor, idoso, doido, deficiente, trabalhar
nas obras de combate as secas, e noutras áreas no serviço
emergencial! Isto, há décadas passadas.
No velho e único manicômio da cidade do
interior, que há muito tempo necessitava de uma reforma, foi formada uma
comissão para resolver o assunto. Depois de várias reuniões ficou decidido e
constatado o óbvio: 1) As instalações físicas da instituição necessitavam
urgentemente de uma reforma. 2) Não havia reserva de caixa para fazer a
reforma. 3) Sabia-se que a prefeitura passava por sérias dificuldades
financeiras, era do conhecimento de todos que os salários dos funcionários
estavam em atraso! 4) Ficando decidido que a comissão angariaria os recursos
necessários com o comércio local e com os cidadãos mais abastados.
6(ALNHI). E assim foi feito! No entanto, não se conseguiu fundos suficientes para todas as despesas. O arrecadado só era suficiente para compra do material necessário. Então, noutra reunião, um dos integrantes da comissão lembrou-se do seguinte: Na ala dos internos mais pacatos e calmos, (que eram muitos), existiam pessoas com qualificações para ajudar na reforma, ou quem sabe! Até mesmo executá-la todinha. Lá existia encanadores, eletricistas, pedreiros, ajudantes, pintores, pode não parecer verdade, mas, tinha até um engenheiro civil, um poeta e um topógrafo! E de vez em quando aparecia um físico nuclear para tomar uns tarja preta! Então, depois de uma consulta aos internos, que concordaram unanimemente em trabalhar, e depois de se adquirir os materiais necessários todos foram convocados para a execução da tão falada e esperada reforma, é bom esclarecer que não era uma reforma total, mas sim, pequenas reformas! Um piso para trocar ali, uma pia acolá, uns chuveiros, outras torneiras, substituir uns vidros nuns basculantes, algumas fechaduras, umas portas para substituir, algumas paredes para rebocar na face externa do prédio, pintura nalgumas áreas, etc. Portanto, coisa de pouca monta! O certo é que se iniciou a obra... O psiquiatra do estabelecimento foi consultado pelo mestre de obras, (um senhor idoso, e doido como todo mundo), que lhe comunicou o seguinte: O “Correinha”, um interno antigo, mas, muito pacato levou um dia para reformar o carrinho de mão novo, ele retirou a caçamba do carrinho, fez na mesma novos furos, depois com uns arames tornou a fixar a caçamba no carrinho! O psiquiatra disse: - Ótimo, na certa reforçou-a! Ao que o mestre de obras retrucou! - Que nada Dotô! Ele a assentou, mas, emborcada! Ao que respondeu o médico, - deixe-o, ele a partir deste momento está sob observação! É um caso raro que servirá para um profundo estudo de seu comportamento psicológico. Os ajudantes (doidos) como o "Correinha", passavam todo o tempo tentando encher a caçamba emborcada, do "Correinha", mas, esta só levava alguns quilos de areia de cada vez. Passado uns dois meses, com a obra já praticamente concluída o velho mestre de obras resolveu procurar o Psiquiatra novamente, dizendo! - Doutor, o “Correinha” continua indo e vindo com o carro de mão até o local onde era estocada a areia. Só que a areia já acabou! O que faço com ele? Ao que o médico respondeu, - mande-o até aqui, por favor. Quando o interno chegou em companhia de um enfermeiro, o médico perguntou-lhe! - Senhor Correia, poderia me explicar porque o senhor emborcou a caçamba do carrinho de mão? Ao que o “Correinha" respondeu! - Ora Dotô! Se eu não fizesse isso! Aqueles doidos iam encher o carrinho até a tampa! E eu ia morrer carregando tanta areia!!!...
Autor desconhecido
Estórias do domínio público, compiladas por:
Edimilson Santos Silva Movér
Vitória da Conquista, 01/02/2014
A LÓGICA NO HOSPÍCIO (I) - ENSAIO (38)