ALUCINAÇÕES
Ao ouvirdes os lancinantes gritos nas coortes infernais!
Já estarás voando sobre os penhascos abissais!
Ali tudo se finda, e não retornarás jamais!
Chegando nas portas do maldito inferno de Dante!
Deixai “cá fora” toda a esperança, ó vós que entrais!
Campinas ao longe
Sinuosas e verdejantes!
Espíritos loucos como
as Harpias de Dante
Perseguem-me sempre em
vôos rasantes.
Para defender-me, faço um esforço imenso
Para voar acima dos
altos muros das heras
A nos separar!
Multidões loucas a
gritar quais feras!
Visões do inferno de Dante
a me atormentar!
Sonhos infernais!
Lobos vorazes a uivar
distante,
Harpias malditas a
voar zunindo
De mim vos afastais!
Visões loucas de
Zaratustra
Sempre sorrindo!
Não me atormentais...
Carregando um morto, para
não o enterrar!
Dizia Nietzsche! Os
poetas mentem em demasia!
Não! Só isso, Nietzsche,
os poetas são sonhadores,
Loucos, e inconsequentes
contumazes,
Pois vivem
exclusivamente de amores!
Na minha louca visão,
plena de fantasia,
Sempre perseguido por
monstros vorazes,
Visões trementes no voar
tronante pelos despenhadeiros,
Monstros que escancaram
as bocas pra me estraçalhar!
Esforço imenso para
subir aos cimos derradeiros,
Asas em fogo a me
encurralar!
Passar entre muros
apertados, asfixiantes,
Odores de pólvora, fogo,
enxofre, fedor inaudito e imundo,
A me sufocar!
Tentem! Fugir do
abismo!
Fujam deste inferno
almas penadas, pois já não consigo escapar...
Rezai! O catecismo...
Não vejo mais as minhas
campinas,
Campinas distantes, sinuosas
e verdejantes!
Já não as alcanço
mais...
Peço em prantos, loucas
visões minhas, não perdurais...
Ora é uma campina
plana, ora são fossas abissais!
Harpias malditas, não
me esquartejais...
Loucos sonhos meus!
Nestes espaços
infernais!
O inferno de Dante é
um festival
Se com o meu inferno, vós
o comparais!
Loucas fantasias dos loucos sonhos meus!
Vitória da Conquista,
Ba. - 25 de fevereiro de 2007
Edimilson Santos Silva
Movér
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