FUNERAL DA
ESPERANÇA
Covas
rasas aos milhares vão cavando,
Enterrando
a esperança e matando meus sonhos.
Covas rasas aos milhares vão cavando,
Para fazer os tristes e grandes
funerais,
Miríades de caixões negros vão passando,
Obscura despedida das esperanças vesperais.
No fundo das covas e leitos sepulcrais,
Ali se enterra sem dó, a doce esperança,
Morrendo os sonhos, e os anseios banais,
Ferindo os corações com a flecha e a lança.
Gritos de dor, coros de ais e de tristeza,
Tríade de sonhos, saudades e esperanças,
Que nunca mais despertam! Já na certeza,
De não mais as sentir em minhas
lembranças.
Que desespero! Ouvir num clamor incerto,
O rugir medonho do vozerio da morte,
Rouco e hediondo no fundo do deserto,
Como um canto funéreo a clamar da
sorte.
Como se fosse o último grito na
lembrança,
Enterraram a esperança, como vis
chacais,
Vi o sombrio enterro da última esperança,
E vi na face da multidão as gotas
lacrimais.
Enlutou-se o mundo numa tristeza
infinita,
Morreu a primeira razão dos seres
risonhos,
Absorto e catatônico vi a triste e vil
fila maldita,
Enterrando a esperança e matando meus sonhos.
Ao
matar a esperança mata-se todos os seres,
pois
a esperança é a última a morrer.
(Popularesco).
Edimilson Santos Silva Movér
30 de novembro de 2008
FUNERAL DA ESPERANÇA - POESIA (51)