DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A
PENSAR
Subsérie: Pequeno estudo sobre a economia planetária.
O FIM DO CAPITALISMO JÁ COMEÇOU
UMA NOVA ORDEM ECONÔMICA
ESTÁ SURGINDO NO MUNDO
Preâmbulo:
Meu prezado amigo e primo Leopoldo
Andrade Ferraz, envio-te os comentários do The Guardian sobre o tema “pós
capitalismo” contido no livro “PostCapitalism:
A Guide to our Future” do inglês Paul Mason. Somente para que possas
compará-los com o que proponho nestes ensaios: (Os Sete Selos da Esperança de um Mundo Melhor - 2010), e (Ainda Seremos Cinquenta Bilhões
de Falantes - 2008), ambos de minha
lavra, embora, escritos em 2010 e 2008 respectivamente, portanto, muito
anteriores ao livro do Mason, onde ele nos propõe literalmente que:
PostCapitalism: A Guide to our Future is a 2015 book by British journalist and writer Paul Mason. In the book, Mason discusses the existential threat posed to capitalism by the digital revolution. He argues that the digital revolution has the potential to reshape utterly our familiar notions of work, production and value.
1)OFDCJC). Caro Leopoldo, os “Comentários” que faço sobre o “PostCapitalism” se referem aos “Comentários” que o jornal “The Guardian” do “The Scott Trust Limited”, teceu sobre o livro do Paul Mason “PostCapitalism” edição de julho de 2015.
A MINHA IDEIA DENTRO DO TEMPO,
E SUA ANTECEDÊNCIA À PROPOSIÇÃO DE PAUL
MASON
2)OFDCJC). É importante observar amigo Leopoldo, que os meus ensaios citados acima, foram escritos em 31 de dezembro de 2010, e em 3 de março de 2008 respectivamente, o ensaio sobre os 50 bilhões de falantes, quase oito anos antes do livro “PostCapitalism” de Paul Mason. E de que estes meus dois ensaios possuem ideias análogas, mas, não exatamente iguais ao que nos propõe o Paul Mason. Lembrar que este jornalista e escritor é professor visitante na Universidade de Wolverhampton, Inglaterra, conforme seus dados biográficos.
3)OFDCJC). Nestes ensaios em questão, o contido nas partes aqui anexadas, é onde proponho, analiso e deduzo que o capitalismo será substituído por seu mais antigo ancestral. O “não capitalismo”, o que eu chamo de “não capitalismo”, é o modelo de convivência “não econômica” e “não comercial” que sempre existiu entre os homens num passado anterior ao advento do sedentarismo, portanto, o modelo que prevaleceu durante todo o tempo do nomadismo da espécie “homo sapiens” já pensante, e depois na subespécie “homo sapiens sapiens” já então, falante, que seria por muitos milhares de anos também uma espécie nômade. O homem nunca adotou o nomadismo, por opção ou prazer! Ele se via forçado a constantes mudanças devido a diversos fatores ou motivos, dentre os quais, podemos citar como principais os seguintes: rareamento da caça, fim sazonal dos produtos vegetais comestíveis e coletáveis, principalmente, o fato comum do surgimento das “correições” dos dorilíneos, subfamília dos himenópteros. Alguns tipos de piolhos “ftirápteros” e lombrigas “ascaris’, doenças diversas de pele, e outras pragas, e isto era motivado pela completa ausência de higiene, principalmente pelo excesso de fezes de humanos e dos animais domésticos, que na época era inevitavelmente “deixadas” nas “moitas” nos campos, nas proximidades dos acampamentos. Nossa espécie só conseguiu se tornar sedentária após a invenção da lavoura, e que, somente após atingirem a subsequente fartura de alimentos com origem na lavoura, que surgiu em excesso quando a escala de produção aumentou, coisa facilmente alcançável com uma lavoura iniciante e em ascensão, e uma população por milênios estabilizada exatamente pela pouca oferta de alimentos, o bom senso nos diz, que somente a invenção da lavoura, foi que proporcionou aos sapiens, um significativo aumento na oferta de alimentos, foi o que possibilitou realmente o aumento da população do planeta, esta oferta de alimentos foi o que permitiu a domesticação dos animais, o que permitiu ao homem abandonar paulatinamente a caça. Portanto, por mais de 280 mil anos fomos seres inteligentes, mas, nômades, coletores e caçadores. Mas, foram 288 mil anos ainda sem conhecer e conviver com uma fartura de alimentos! Ora! Ora! Se nada sobrava! Não havia, troca, nem venda, nem mesmo escambo! Portanto terminantemente não havia um “valor para as coisas”. Se convivemos por quase trezentos mil anos sem conhecer ou utilizar o que nestes ensaios chamamos de “valor das coisas”. E, ao que vemos! Sobrevivemos... Voltar a este modelo, não seria adotar uma novidade, mas sim, voltar a adotar um modelo antigo de vida, portanto, uma “velhidade” e, diga-se, a bem da verdade; uma coisa bem velha mesmo. Ora! Se por muito mais de duzentos e oitenta mil anos vivemos sem a noção de “valor das coisas”, muito menos havia a propriedade privada, este bicho chamado de capitalismo, nem pensar!
4)OFDCJC). Seria interessante e necessário, conhecer ambas as digressões, as do Paulo Mason e as minhas, por isso, os meus dois ensaios serão anexados nestas encadernações que envio para você. Isto, meu prezado amigo Leopoldo Ferraz, vos facilitará fazer a leitura e a análise dos dois discursos, e assim, poderás entender e avaliar quais dos caminhos que a economia global terá que percorrer para se chegar ao pós-capitalismo citado e proposto pelo Mason, sendo que ele nos mostra e propõe uma economia que tende para o desaparecimento do “valor das coisas”, a proposta do Paul Mason contém diversos rodeios, ele não ataca direto, o assunto, talvez, devido às dúvidas suscitadas numa análise de um tema tão complexo, ou mesmo pelo avançado do pretenso cientificismo contido na sua tese. É muito difícil prever e fazer deduções probabilísticas, mesmo recorrendo aos princípios bayesianos. Esta mudança de direção da economia (conforme Mason), estará fundamentada na ameaça potencial ao capitalismo criada pela revolução digital, alterando paulatinamente nossas noções de valores, produção e trabalho. Sendo isto também, fruto da ação da alta gama de informações disponíveis na área da economia de mercado. E que segundo ele viria no futuro a destruir uma economia baseada na propriedade privada, em mercados e em valores, como a nossa. Caro Leopoldo, O Mason, está a incorrer no mesmo erro de Marx e Engels, ao não considerarem como existente nos “sapiens”, um profundo e ativo instinto de “propriedade” e “posse”. Exatamente o motivo do fracasso do socialismo/comunismo marxista. Que também é o mal do capitalismo. O Marxismo proíbe e castra este instinto, o que tem levado o socialismo a um fracasso continuado. Enquanto o Capitalismo libera e estimula este instinto do “sapiens”, este estímulo e liberação leva a necessidade dos empreendimentos na economia capitalista crescerem exponencialmente, o que, por sua vez está destruindo a biodiversidade do planeta, motivo que levará não somente o capitalismo, mas, a sociedade humana à falência e também ao fracasso. O Mason tem visão profunda sobre o assunto, quando ele nos lembra que já existem moedas paralelas virtuais, cooperativas em espaços on-line auto gerenciados, mas, também nos aponta para uma saída existente a partir da crise financeira global de 2008, onde teríamos uma chance para vivermos e criarmos uma nova economia global mais justa, portanto com maior distribuição de riqueza e consequentemente, com mais justiça social. Mas o Mason não toca no assunto instinto de “propriedade” e “posse”. Meu amigo Leopoldo Ferraz, a minha proposta é igual à do Paul Mason somente nos resultados. Minha proposição de um futuro sem “o valor das coisas” está fundamentada na “possibilidade” de se adquirir e processar matéria prima e energia a custo zero, na minha teoria o instinto de “propriedade” e “posse” desaparecerá pela simples falta de estímulo pelo não uso. Marx, Engels e Mason ao que parece consideraram o “sapiens” como máquinas, sem instintos nem vontades: na minha teoria, é proposto que num futuro distante a energia total a ser utilizada pelo planeta tenha um custo “zero”, inclusive a matéria prima e a mão de obra das máquinas inteligentes. O homem não terá nenhuma atividade remunerada ou não! Fazendo desaparecer completamente o “valor das coisas”. Ao lerdes meus ensaios, isto compreenderás facilmente, e então verás a verdade embutida na minha proposta. Lembrando, que não discordo das ideias do Paul Mason, e de que, inevitavelmente, ambas as propostas nada mais são que: Elucubrações futuristas. A do Mason, ele espera que ocorra naturalmente, a minha, diferentemente será orientada para tal fim, e sobre tudo estimulada e se necessário forçada a acontecer nalgumas questões, ações e nalguns pontos, que forem considerados cruciais.
5)OFDCJC). Por isso é que, diferentemente, do Paul Mason, eu proponho de forma dura e seca, posso dizer até mesmo, apocalíptica e temerária, para alguns de pouca visão, a volta ao passado não-econômico do homem das cavernas. Isto, ocorrerá num mundo com um sapiens altamente tecnológico! Claro! O que ora proposto nos dois ensaios, são de minha exclusiva lavra e responsabilidade, devendo-se notar que as datas antecedem de muito a proposta do Paul Mason. Nestes ensaios, é dito sem subterfúgios que simplesmente voltaremos aos tempos das “coisas de valor zero”. Estou dizendo com todas as letras que, voltaremos no futuro, devido à alta tecnologia desenvolvida (num passado recente, no presente e no futuro), à uma economia utilizada (como disse), pelo homem nos tempos das cavernas. Refiro-me à economia de valor zero, se é que podemos chamar a aquilo que se praticava naqueles tempos de economia. Estes meus dois ensaios estão transcritos a partir da página 18 (dezoito) desta encadernação. Se o Paul Mason nos diz em seu livro que: Post Capitalismo: seria um guia para o nosso futuro; sendo um livro de 2015 do mesmo jornalista e escritor britânico Paul Mason. Nesse seu livro, onde ele discute a ameaça à existência do capitalismo interposta e colocada pela revolução digital. Ele argumenta que a revolução digital tem o potencial de remodelar completamente nossas noções familiares de trabalho, produção e valor. Portanto minha proposta difere substancialmente do fundamento da proposta de Mason.
6)OFDCJC). Meu amigo Leopoldo Andrade Ferraz, eis algumas informações sobre o pensador, filósofo, economista e jornalista Paul Mason. Após você tomar conhecimento do artigo publicado sobre o livro do Paul Mason pelo “The Guardian”, e segundo a net, transcrito no Brasil pelo “Jornal do Brasil”. Aqui você vai ter a oportunidade de ler os meus dois ensaios sobre o mesmo tema que é o (valor zero das coisas). Nos meus ensaios, prevejo e preconizo uma economia com um “valor zero das coisas”. Ou seja, uma sociedade composta por poucos participantes, mas, diferentemente do que nos propõe o Paul Mason, ali eu prevejo e proponho para esta sociedade no futuro, uma economia abundante, com abundância de energia, de matéria prima, de bem estar social e principalmente abundante de “coisas com valor zero”, mas, no entanto, concordando com o Paul Mason; quanto, a superabundância de informações. Ao que nos propõe o Paul Mason seria a abundância de informações que nos levaria ao “valor zero das coisas”, no entanto eu diferentemente do Paul Mason, entendo que a energia solar, abundante e de graça, num futuro não tão distante seria o fator da alteração da economia capitalista de mercado para uma economia de valor zero sem mercado. (Claro, que com um mercado de distribuição, automatizado e também com custo zero, distribuição esta, feita por máquinas de IA, óbvio, com custo zero). Onde prevejo e proponho que tudo, absolutamente tudo, no futuro terá um valor zero. E de que todos os humanos que sobrarem da hecatombe, que eu nomino de CAOS, viverão sob a égide dessa economia de valor zero. Prevejo também! Que estes homens do futuro serão felizes, pelo menos se verão livres das maiores mazelas que fustigam e amedrontam os humanos atuais. Mazelas, que geram a disputa por tudo, geram a pobreza, pobreza que penaliza os pobres e amedronta os ricos. Ambas as classes! (de ricos e pobres), simplesmente desaparecerão.
7)OFDCJC). Meu ilustre e
inteligente amigo Leopoldo Ferraz, eis a seguir algumas informações sobre o
Paul Mason:
Vitória da Conquista/22/06/2017
Edimilson Santos Silva Movér.
Paul Mason (nascido em
23 de janeiro de 1960, é um jornalista e apresentador britânico.
Ele foi Editor de
Cultura e Editor Digital do Channel 1 News, tornando-se o Editor de
Economia do programa em 1 de junho de 2014.
Um cargo que ele anteriormente ocupou foi na BBC2 no programa Newsnight. Ele é autor de vários livros e professor visitante na Universidade de Wolverhampton, na Inglaterra.
8)OFDCJC). Artigo
publicado no 'The Guardian': “O fim do capitalismo já começou”.
O livro “Postcapitalism”, do Paul Mason foi publicado pela editora Allem Lane, em 30 de julho. Veja o artigo logo abaixo.
04/08/2015 às 11h14 - Atualizada em 04/08/2015 às 14h10.
“Sem nos darmos conta, estamos entrando na era pós-capitalista", diz Paul Mason.
Jornal
do Brasil
Para Paul Mason, “No coração da nova
mudança o que se vê é a tecnologia da informação, novas formas de trabalho e da
partilha da economia. Os antigos caminhos vão levar um longo tempo para
desaparecer, mas é hora de ser utópico”, diz o The Guardian.
Paul Mason lançou no final de julho um
livro no qual reflete sobre o fim do capitalismo como o conhecemos. O
Pós-Capitalismo, termo que também dá título ao livro, seria uma sociedade sem
mercado, onde as pessoas trabalhariam menos, e em que matérias-primas, energia
e alimentos não seriam abundantes.
De acordo com o autor, a marcha das
bandeiras vermelhas com canções do Syriza durante a crise grega, mais a
expectativa de que os bancos seriam nacionalizados, reavivou brevemente um
sonho do século 20: a destruição forçada do mercado a partir de cima. Durante
grande parte do século 20 foi assim que a esquerda concebeu a primeira fase de
uma economia para além do capitalismo. A força seria aplicada pela classe
trabalhadora, seja nas urnas ou nas barricadas. A alavanca seria o estado. A
oportunidade viria através de frequentes episódios de colapso econômico.
9)OFDCJC). Leopoldo,
abra o link abaixo e veja o ponto de vista e como se explica o David Harvey,
uma “brilhante” mente marxista, diante dos tropeços da esquerda marxista no
mundo. O Harvey é da Oxford University
Press, New York). Observe que o M15 a que se refere o Harvey na entrevista do
link abaixo é a data do movimento antiausteridade ocorrido da Espanha em 15 de
maio de 2011. Sim, não tome ao pé da letra, o discurso do Harvey, existe um
atavismo recorrente no discurso de esquerda. Importante na entrevista é a
oligarquia global, que naturalmente não se refere ao 1% endinheirado... Isto,
se lê subliminarmente dentro do discurso da esquerda intelectual. Como no link
abaixo, coisa fácil de se observar:
esquerdasocialista.com.br/david-harvey-syriza-e-podemos-existe-vida-a-esquerda/
E veja o quanto uma sociedade pode mudar em 2300 anos, o povo grego foi um dos povos mais inteligentes no passado, mas, de nada adiantou, é só analisar o que eles se propõem com as ideias veiculadas na essência do syriza, ou “podemos”. Claro que não podemos generalizar, mas, a minha opinião é de que eles não só podem ir, como irão parar no inferno da falência econômica da sua tão bela pátria. Os exemplos dados pela Rússia e pela China, principalmente os exemplos das duas Coreias, tornaram-se inúteis... Que fazer?” E quem diria! A esquerda vai levar a terra de Platão ao desastre. The Oxford Economics não prevê coisa boa para um Grexit, mesmo negociado. Se for no braço, será um desastre terrível para o nobre povo grego. Leopoldo nunca entendi porque a esquerda, no mundo é tão “diferente”, ora! Se não podes destruir teu inimigo “por fora”! Associe-se ele e o destrua “por dentro”. Claro como a água... Mas, como disse Rui [...tem horas em que penso que a burrice seja uma ciência...]. Movér.
10)OFDCJC). Continuemos com o texto do “The Guardian”, sobre o Paul Mason:
[... Em vez disso, nos últimos 25 anos
tem sido o projeto da esquerda que entrou em colapso. O mercado destruiu o
plano; o individualismo foi substituído pelo coletivismo e pela solidariedade;
a força de trabalho extremamente expandida do mundo se parece com um
"proletariado", mas já não pensa ou se comporta como tal, nem como antes.
"Se você passou por tudo isso, e
não gostou do capitalismo, foi traumático. Mas, o processo de tecnologia criou uma
nova rota para além, que os remanescentes da velha esquerda - e todas as outras
forças influenciadas por ela – terão de abraçar ou morrer. O capitalismo, ao
que parece, não será abolido por técnicas de marcha forçada. Ele vai ser
abolido através da criação de algo mais dinâmico que existe, em primeiro lugar,
e quase invisível dentro do velho sistema, mas que irá rompê-lo, remodelando a
economia em torno de novos valores e comportamentos. Eu chamo isso de
pós-capitalismo", ...], diz o autor.
11)OFDCJC). Para
Mason, tal como aconteceu com o fim do feudalismo há 500 anos, (na realidade o
fim do feudalismo ocorreu em fins do sXVIII e início do sXIX. Movér), a
substituição do capitalismo pelo pós-capitalismo será acelerada por choques
externos e moldado pelo surgimento de um novo tipo de ser humano. E ele já
começou.
Segundo o economista, o pós-capitalismo é possível por causa de três grandes mudanças que a tecnologia da informação trouxe nos últimos 25 anos. Primeiro, reduziu a necessidade de trabalho, aparou as arestas entre trabalho e tempo livre e afrouxou a relação entre trabalho e salários. A próxima onda de automação, atualmente num impasse, porque a nossa infraestrutura social não pode arcar com as consequências, vai diminuir a enorme quantidade de trabalho necessário - não apenas para subsistir, mas para proporcionar uma vida digna para todos.
12)OFDCJC). Em segundo lugar, a informação está corroendo a capacidade do mercado para formar preços corretamente. Isso é porque os mercados são baseados em escassez enquanto a informação é abundante. O mecanismo de defesa do sistema é formar monopólios - as empresas gigantes de tecnologia - em uma escala não vista nos últimos 200 anos, mas eles não podem durar. Através da construção de modelos de negócios e partes das avaliações baseadas na captura e privatização de todas as informações socialmente produzidas, essas empresas estão construindo um edifício corporativo frágil em desacordo com a necessidade mais básica da humanidade, que é a utilização de ideias livremente.
13)OFDCJC). Em terceiro lugar, estamos vendo o surgimento espontâneo da produção colaborativa: bens, serviços e organizações estão aparecendo que já não respondem aos ditames do mercado e da hierarquia gerencial. O maior produto de informação no mundo - Wikipedia - é feito por voluntários gratuitamente, abolindo o negócio enciclopédia e privando a indústria da publicidade de cerca de US $ 3 bilhões por ano em receitas.
14)OFDCJC). Na
opinião de Mason, quase despercebida, nos nichos e reentrâncias do sistema de
mercado, trechos inteiros da vida econômica estão começando a mover-se para um
ritmo diferente. Moedas paralelas, bancos, cooperativas de tempo e espaços
autogeridos têm proliferado, mal notados pelos economistas, e muitas vezes como
um resultado direto da quebra das estruturas antigas na crise pós-2008.
Para o economista, você só encontra esta nova economia, se você olhar duro para isso. Na Grécia, quando uma ONG de base mapeava cooperativas do país - de alimentos, produtores alternativos, moedas paralelas e sistemas de câmbio locais - encontraram mais de 70 projetos substanciais e centenas de iniciativas menores que variavam de suporte de boleias a jardins de infância gratuitos. Para a economia principal tais coisas parecem ruins para se qualificar como atividade econômica - mas esse é o ponto. Eles existem no comércio, hesitante e de forma ineficiente, na moeda do pós-capitalismo: tempo livre, a atividade de rede e material livre. Parece uma coisa escassa e não oficial e até mesmo perigosa a partir da qual se constitui uma alternativa inteira para um sistema global, mas assim como o dinheiro e o crédito na idade de Edward III.
15)OFDCJC). Novas
formas de propriedade, novas formas de concessão de empréstimos, novos
contratos legais: um negócio de subcultura inteira emergiu nos últimos 10 anos,
o que a mídia apelidou de "economia compartilhada". Chavões tais como
os "commons" e "peer-produção" são jogados ao redor, mas
poucos se preocuparam em perguntar o que isso significa para o desenvolvimento
e para o próprio capitalismo.
Em seu livro, ele acredita que há uma rota de fuga - mas somente se estes projetos a nível micro, que são nutridos, promovidos e protegidos por uma mudança fundamental feita pelos governos. E esta deve ser conduzida por uma mudança em nosso pensamento - sobre tecnologia, propriedade e trabalho. De modo que, quando criamos os elementos do novo sistema, podemos dizer a nós mesmos e para os outros: "Este não é mais simplesmente o meu mecanismo de sobrevivência, meu buraco do parafuso do mundo neoliberal; esta é uma nova forma de viver no processo de formação".
16)OFDCJC). Segundo a
análise de Mason, a crise de 2008 reduziu 13% da produção global e 20% do
comércio global. O crescimento mundial tornou-se negativo - em uma escala em
que qualquer coisa abaixo de mais de 3% seria considerada como uma recessão.
Produziu-se no oeste, “EEUU”, uma fase de depressão mais do que em 1929-33, e
mesmo agora, em meio a uma pálida recuperação, deixou economistas aterrorizados
com a perspectiva de uma estagnação de longo prazo. Os tremores secundários na
Europa estão rasgando o continente distante.
As soluções têm sido austeridade monetária excessiva. Mas isso não está funcionando. Nos países mais atingidos, o sistema de pensões foi destruído, a idade de aposentadoria, esta subiu para 70, e a educação está sendo privatizada de modo que os formandos enfrentam agora uma vida de alto custo. Os serviços estão sendo desmantelados e projetos de infraestrutura colocados em espera.
17)OFDCJC). Segundo
Mason, mesmo agora, muitas pessoas não conseguem compreender o verdadeiro
significado da palavra "austeridade". Austeridade não é de oito anos
de cortes de gastos, como no Reino Unido, ou mesmo a catástrofe social
infligida à Grécia. Isso significa dirigir os salários, salários sociais e
padrões de vida na Europa para baixo ao longo de décadas até se depararem com
os da classe média na China e na Índia no caminho para cima.
Enquanto isso, na ausência de qualquer modelo alternativo, as condições para uma nova crise estão sendo montadas. Os salários reais caíram ou permaneceram estagnados no Japão, a sul da zona do euro, nos EUA e no Reino Unido. A sombra do sistema bancário foi remontada, e é agora maior do que era em 2008. As novas regras exigem que os bancos segurem mais reservas que foram diluídas ou atrasadas. Enquanto isso, a lavagem de dinheiro é livre, e o dinheiro se concentra em 1% dos mais ricos.
18)OFDCJC). O
neoliberalismo, então, se transformou em um sistema programado para provocar
falhas catastróficas recorrentes. Pior do que isso, ele quebrou o padrão do
capitalismo industrial em que uma crise econômica estimula novas formas de
inovação tecnológica que beneficiam todo mundo. Isso é porque o
neoliberalismo foi o primeiro modelo econômico em 200 anos a retomar as bases
da supressão dos salários, quebrando o poder social e a resistência da classe
trabalhadora. Se formos analisar os períodos de descolagem estudados pelos
teóricos de ciclo longo - a década de 1850 na Europa, os anos 1900 e 1950 em
todo o mundo - foi a força de trabalho organizado, que forçou os empresários e
as empresas a parar de tentar reviver modelos de negócios ultrapassados através
do corte de salários, e de inovar seu caminho para uma nova forma de
capitalismo.
O resultado é que, em cada subida,
encontramos uma síntese de automação, salários mais altos e consumo de maior
valor. Hoje não há nenhuma pressão da força de trabalho e da tecnologia no
centro dessa onda de inovação não exige a criação de gastos de maior consumo,
ou o reemprego da força de trabalho na idade de novos empregos. A informação é
uma máquina para moer o preço das coisas mais baixas e reduzindo o tempo de
trabalho necessário para manter a vida no planeta.
Para ele, como resultado, grande parte
da classe empresarial tornou-se “neo-luditas”, (membros de organizações
trabalhadoras na Inglaterra do século 19 que se opunham a revolução industrial
e destruíam máquinas que na opinião deles estavam acabando com o seu meio de
sustento). Confrontado com a possibilidade de criar laboratórios de
gene-sequenciamento, eles ao invés de abrirem contratos de cafés, bares, unhas
e empresas de limpeza: o sistema bancário, o sistema de planejamento e tardio
neoliberal, recompensa a cultura acima de tudo, e não o criador de baixo valor,
de longas horas/empregos.
A inovação está acontecendo, mas não tem, até agora, acionado a quinta longa ascensão do capitalismo de que a teoria de ciclo longo deveria esperar. As razões encontram-se na natureza específica da tecnologia da informação.
19)OFDCJC). Segundo
ele, estamos cercados e não apenas por máquinas inteligentes, mas por uma nova
camada da realidade centrada em informações. Considere um avião de passageiros:
um computador que voa; ele foi projetado, testado e "virtualmente
fabricado" milhões de vezes; ele está disparando de volta a informação em
tempo real aos seus fabricantes. A bordo são pessoas olhando de soslaio para
telas conectadas, em alguns países por sorte, para a internet.
Visto a partir do solo é o mesmo
pássaro de metal branco como na era James Bond. Mas agora é tanto uma máquina
inteligente e um nó em uma rede. Ele tem um conteúdo de informação e está
adicionando "valor da informação", bem como valor físico para o
mundo. Em um voo de negócios lotado, quando todo mundo está olhando para Excel
ou Powerpoint, a cabine de passageiros é melhor entendida como uma fábrica de
informações.
20)OFDCJC). O autor
faz a indagação: Mas o que é toda essa informação que vale a pena? Você não vai
encontrar uma resposta nas contas: a propriedade intelectual está avaliada em
normas de contabilidade modernas por adivinhação. Um estudo do Instituto SAS em
2013 descobriu que, a fim de colocar um valor em dados, nem o custo da recolha,
nem o valor de mercado ou o rendimento futuro do que poderiam ser adequadamente
calculados. Só através de uma forma de contabilidade que incluiu benefícios
não-econômicos e riscos, poderia empresas realmente explicar aos seus
acionistas que seus dados eram que realmente valiam a pena. Algo está quebrado
na lógica que usamos para valorizar a coisa mais importante no mundo moderno.
Na opinião do economista e escritor, o
grande avanço tecnológico do início do século 21 é composto não só de novos
objetos e processos, mas de antigos feitos inteligentes. O conteúdo dos
produtos do conhecimento é cada vez mais valioso do que as coisas físicas que
são usadas para produzi-los. Mas é um valor medido como utilidade, não trocado
ou valor patrimonial. Na década de 1990 os economistas e técnicos começaram a
ter o mesmo pensamento ao mesmo tempo: que este novo papel para a informação
estava criando um novo e "terceiro" tipo, do capitalismo - como
diferente de capitalismo industrial como o capitalismo industrial era para o
comerciante e escravo do capitalismo dos séculos 17 e 18. Mas eles têm se
esforçado para descrever a dinâmica do novo capitalismo "cognitivo".
E por uma razão. Sua dinâmica é profundamente não-capitalista.
21)OFDCJC). Durante e
logo após a Segunda Guerra Mundial, os economistas viram a coisa “informações”,
simplesmente como um "bem público". O governo dos EUA ainda decretou
que nenhum lucro deveria ser feito de patentes, apenas a partir do próprio
processo de produção. Então nós começamos a entender a propriedade intelectual.
Em 1962, Kenneth Arrow, o guru da economia principal, disse que, em uma
economia de mercado livre a fim de inventar coisas é criar direitos de
propriedade intelectual. Ele observou: "precisamente na medida em que é
bem-sucedido há uma subutilização da informação."
Você pode observar a verdade disto em
todos os modelos de e-business já construído: monopolizar e proteger dados,
capturar os dados sociais livres gerados pela interação do usuário, empurrar
forças comerciais em áreas de produção de dados que eram não-comercial antes,
mina os dados existentes para o valor preditivo - garantindo, sempre e em todos
os lugares onde ninguém mais, somente a empresa pode utilizar os resultados.
Segundo ele, se reafirmamos o princípio de seta em sentido inverso, as suas implicações revolucionárias são óbvias: se uma economia livre de mercado com propriedade intelectual leva à "subutilização da informação", em seguida, uma economia baseada na plena utilização da informação não pode tolerar o livre mercado ou de propriedade intelectual absoluta de direitos. Os modelos de negócios de todos os nossos gigantes digitais modernos são projetados para prevenir a abundância de informação.
22)OFDCJC). No
entanto, a informação é abundante. Bens de informação são livremente
replicáveis. Uma vez que uma coisa é feita, ela pode ser copiada/colada
infinitamente com custo zero. A faixa de música ou o banco de dados gigante que
você usa para construir um avião tem um custo de produção; mas seu custo de
reprodução depois cai para zero. Portanto, se o mecanismo normal de preços do
capitalismo prevalece ao longo do tempo, seu preço irá cair para zero, também.
E isto não começou agora, vem lá dos tempos dos primeiros desenhos das
primeiras máquinas a vapor...
Sem conseguir entender o acima exposto em fonte 18, nada compreenderás sobre o pós-capitalismo do Paul Mason. É melhor que abandones a leitura, e logo... Pense assim! Toda a informação necessária para se construir o maior avião do mundo cabe inteirinha dentro de um equipamento (pendrive), que custa poucos dólares, Movér.
VOLTANDO AO MASON
23)OFDCJC). Para os
últimos 25 anos a economia vem lutando com esse problema: todos os recursos de
economia do grosso da população de uma condição de escassez, mas a força mais
dinâmica no nosso mundo moderno é abundante e, como diria o hippy gênio Stewart
Brand, “uma vez colocado, quer ser livre".
Ele destaca que há, a par do mundo de
informação e vigilância criado por corporações e governos, uma dinâmica
diferente crescendo em torno da informação monopolizada: a informação como um
bem social, livre no ponto de uso, incapaz de ser propriedade ou explorados por
preços. Eu pesquisei as tentativas feitas por economistas e gurus de negócios
para construir uma estrutura para compreender a dinâmica de uma economia
baseada na abundante, informação socialmente realizada. Mas na verdade foi
imaginado por um economista do século 19 na era do telégrafo e do motor a
vapor. O nome dele? Karl Marx.
A cena é Kentish Town, Londres, em
fevereiro de 1858, por volta de 4h. Marx é um homem procurado na Alemanha e tem
um trabalho duro de rabiscar o pensamento-experiências e notas. Quando eles
finalmente começaram a ver o que Marx estava escrevendo naquela noite, os
intelectuais de esquerda da década de 1860 admitiram que "desafiaram cada
interpretação séria de Marx ainda na concepção". As anotações são chamadas
de "O Fragmento sobre Máquinas".
No "Fragmento" Marx imagina
uma economia em que o principal papel das máquinas é produzir, e o principal
papel das pessoas é supervisioná-las. Para ele ficou claro que, em tal
economia, a principal força produtiva seria a da informação. O poder produtivo
de tais máquinas como a automatizada máquina de algodão-spinning, o telégrafo e
a locomotiva a vapor não dependem da quantidade de trabalho que levou para
produzi-los, mas sobre o estado do conhecimento social. Organização e
conhecimento, em outras palavras, deram a maior contribuição para o poder
produtivo do que o trabalho de fazer e operar as máquinas.
Dado que o marxismo era tornar-se - uma
teoria da exploração baseada no roubo do tempo de trabalho - esta é uma
afirmação revolucionária. Ele sugere que, uma vez que o conhecimento se torna
uma força produtiva em seu próprio direito, superando o trabalho real gasto na
criação de uma máquina, a grande questão não se torna a dos "salários
contra lucros", mas quem controla, o que Marx chamou de "poder do
conhecimento".
Para Mason, em uma economia em que as
máquinas fazem a maioria do trabalho, a natureza do conhecimento trancado
dentro das máquinas deve, escreve ele, ser "social". Em um
experimento de pensamento no fim da tarde, Marx imaginou o ponto final dessa
trajetória: a criação de uma "máquina ideal", que dura para sempre e
não custa nada. Uma máquina que poderia ser construída por nada, seria, segundo
ele, não acrescenta valor em tudo para o processo de produção e rapidamente, ao
longo de vários períodos contabilísticos, reduzir os custos de preços, lucros e
trabalhistas de tudo o que tocava.
24)OFDCJC). Depois de
entender que a informação é física, e que o software é uma máquina, e que o
armazenamento, largura de banda e poder de processamento estão em colapso no
preço a taxas exponenciais, o valor do pensamento de Marx se torna claro.
Estamos rodeados por máquinas que custam nada e poderia, se eles quisessem,
durar para sempre.
O economista ressalta que nessas
reflexões, não publicadas até meados do século 20, Marx imaginou informações
chegadas ao ser armazenadas e compartilhadas em algo chamado um "intelecto
geral" - que era a mente de todo mundo na Terra conectados por
conhecimento social, na qual todos os benefícios de upgrade seriam de todos. Em
suma, ele tinha imaginado algo próximo a economia da informação em que vivemos.
E, escreveu ele, sua existência iria "explodir o alto
capitalismo". Com o terreno alterado, o caminho antigo para além do
capitalismo imaginado pela esquerda do século 20 é perdido.
De acordo com ele, um caminho diferente
se abriu. Produção colaborativa, utilizando tecnologia de rede para produzir
bens e serviços que só funcionam quando são livres, ou compartilhados, define a
rota para além do sistema de mercado. Ele vai precisar do estado para criar o
quadro - da mesma forma que criou o enquadramento para o trabalho nas fábricas,
as moedas de som e de livre comércio no início do século 19. O setor
pós-capitalista é provável que coexista com o sector de mercado por décadas,
mas a grande mudança está acontecendo.
25)OFDCJC). As redes
restauraram a "granularidade" ao projeto pós-capitalista. Ou seja,
eles podem ser a base de um sistema de não-mercado que se replica, que não
precisa ser criado de novo todas as manhãs na tela do computador de um
comissário.
A transição vai envolver o Estado, o mercado e a produção colaborativa para além do mercado. Mas para que isso aconteça, todo o projeto de esquerda, de grupos de protesto para os partidos socialdemocratas e liberais do grosso da população, terá de ser reconfigurado. Na verdade, uma vez que as pessoas entendam a lógica da transição pós-capitalista, tais ideias não serão mais a propriedade de esquerda - mas de um movimento muito mais amplo, para o qual vamos precisar de novos rótulos.
26)OFDCJC). Quem pode
fazer isso acontecer? No antigo projeto de esquerda foi a classe trabalhadora
industrial. Mais de 200 anos atrás, o jornalista radical John Thelwall advertiu
os homens que construíram as fábricas inglesas que eles haviam criado uma forma
nova e perigosa de democracia: "Cada grande oficina, e essa oficina é uma
espécie de sociedade política, que nenhum ato do parlamento pode silenciar, e
não dispersa o magistrado".
Mason concluiu que hoje toda a
sociedade é uma fábrica. Todos nós participamos na criação e recriação das
marcas, normas e instituições que nos cercam. Ao mesmo tempo, as redes de
comunicação vitais para o trabalho todos os dias e o lucro estão zumbindo com
conhecimento compartilhado e descontentamento. Hoje é a rede - como a oficina
de 200 anos atrás - que "não se pode silenciar ou dispersar".
É verdade que os estados podem encerrar
Facebook, Twitter, até mesmo toda a internet e rede móvel em tempos de crise,
paralisando a economia no processo. E eles podem armazenar e monitorar cada
kilobyte de informações que produzimos. Mas eles não podem impor novamente o
hierárquico, orientando a propaganda e a sociedade ignorante de 50 anos, exceto
- como na China, a Coreia do Norte ou o Irã - por estar fora de partes
fundamentais da vida moderna. Seria, como sociólogo Manuel Castells coloca,
como a tentativa de-eletrificar um país.
Com a criação de milhões de pessoas em
rede, financeiramente exploradas, mas com toda a inteligência humana a um
polegar-furto de distância, o info-capitalismo criou um novo agente de mudança
na história: o ser humano educado e conectado.
Este será mais do que apenas uma transição econômica. Há, é claro, as tarefas paralelas e urgentes de descarbonizar o mundo e lidar com “timebombs” demográficas e fiscais. Mas eu estou concentrando-me na transição econômica desencadeada por informações, porque, até agora, tem sido marginalizada. “Peer-to-peer” tornou-se rotulado como um nicho obsessão por visionários, enquanto os "big boys" da economia de esquerda continuam criticando a austeridade.
27)OFDCJC). Na
verdade, no terreno em lugares como a Grécia, a resistência à austeridade e à
criação de "redes que você não pode optar em" - como um ativista
colocou para mim - andam de mãos dadas. Acima de tudo, o pós-capitalismo como
um conceito está sobre as novas formas de comportamento humano que a economia
convencional dificilmente reconhece como relevante.
O escritor indaga como podemos
visualizar a transição à frente? O único paralelo coerente que temos é a
substituição do feudalismo pelo capitalismo - e graças ao trabalho de
epidemiologistas, geneticistas e analistas de dados, sabemos muito mais sobre
essa transição do que fizemos há 50 anos, quando foi "propriedade"
das ciências sociais. A primeira coisa que temos de reconhecer é: diferentes
modos de produção são estruturados em torno de coisas diferentes. O feudalismo
era um sistema econômico estruturado por costumes e leis sobre a
"obrigação". O capitalismo foi estruturado por algo puramente
econômica: o mercado. Podemos prever, a partir desta, que o pós-capitalismo -
cuja pré-condição é abundância - não será simplesmente uma forma modificada de
uma sociedade de mercado complexo. Mas só podemos começar a compreender em uma
visão positiva que vai ser assim.
Mason diz não quer dizer que isso é uma
maneira de evitar a pergunta: nos parâmetros econômicos gerais de uma sociedade
pós, por exemplo, o ano de 2075, pode ser delineado? Mas se tal sociedade está
estruturada em torno da libertação humana, não da economia, coisas
imprevisíveis vão começar a moldá-la.
Por exemplo, a coisa mais óbvia a
Shakespeare, escrita em 1600, foi que o mercado tinha convocado novos tipos de
comportamento e moralidade. Por analogia, a mais óbvia coisa
"econômica" para o Shakespeare de 2075 será a reviravolta total nas
relações de gênero, ou sexualidade, ou de saúde. Talvez não vá mesmo ser
qualquer dramaturgo: talvez a própria natureza dos meios de comunicação que
usamos para contar histórias vai mudar - da mesma forma que mudou em Londres
elisabetana, quando os primeiros teatros públicos foram construídos.
28)OFDCJC). Pense na diferença entre, digamos, Horatio em Hamlet e um personagem, como Daniel Doyce em Little Dorrit, de Dickens. Ambos carregam consigo uma obsessão característica de sua idade - Horatio está obcecado com a filosofia humanista; Doyce está obcecado com a patente de sua invenção. Não pode haver personagem como Doyce em Shakespeare; ele poderia, na melhor das hipóteses, obter um pequeno papel como uma figura cômica da classe trabalhadora. No entanto, no momento em que Dickens descreveu Doyce, a maioria de seus leitores conheciam alguém como ele. Assim como Shakespeare não poderia ter imaginado Doyce, por isso, também não pode imaginar o tipo de sociedade de seres humanos que irá produzir, uma vez que, a economia não é mais central para a vida. Mas podemos ver as suas formas pré-figurativas na vida dos jovens de todo o mundo, quebrando barreiras do século 20 em torno da sexualidade, trabalho, criatividade e auto-negócio.
29)OFDCJC). O
economista explica que o modelo feudal da agricultura colidia, em primeiro
lugar, com os limites ambientais e, em seguida, com um choque externo maciço -
a Peste Negra. Depois disso, houve um choque demográfico: muito poucos
trabalhadores para a terra, que elevou seus salários e fez o antigo sistema
feudal obrigação impossível de aplicar. A escassez de trabalho forçado também é
inovação tecnológica. As novas tecnologias que sustentaram a ascensão do
capitalismo mercantil foram os que estimularam o comércio (de impressão e
contabilidade), a criação de riqueza comerciáveis (mineração, a bússola e
navios rápidos) e produtividade (matemática e o método científico).
Presente durante todo o processo era algo que parece incidental ao antigo sistema - dinheiro e de crédito - mas que foi realmente destinado a se tornar a base do novo sistema. No feudalismo, muitas leis e costumes foram realmente moldadas em torno, ignorando dinheiro; crédito foi, no alto feudalismo, visto como pecaminoso. Então, quando o dinheiro e o crédito estourarem através das fronteiras para criar um sistema de mercado, ele é sentido como uma revolução. Então, o que deu ao novo sistema sua energia foi a descoberta de uma fonte quase ilimitada de riqueza livre nas Américas.
30)OFDCJC). A
combinação de todos esses fatores levou um conjunto de pessoas que tinham sido
marginalizados sob o feudalismo - humanistas, cientistas, artesãos, advogados,
pregadores radicais e dramaturgos boêmios, como Shakespeare - e colocá-los na
cabeça de uma transformação social. Em momentos-chave, embora timidamente no
início, o estado parou de impedir a mudança para promovê-lo.
Hoje, a coisa que está corroendo o
capitalismo, mal racionalizada pela economia principal, é a informação. A
maioria das leis relativas à informação define o direito das empresas de
armazená-la e ao direito dos Estados de acessá-la, independentemente de os
direitos humanos dos cidadãos. O equivalente da imprensa e do método científico
é a tecnologia da informação e suas repercussões negativas sobre todas as
outras tecnologias, da genética aos cuidados de saúde à agricultura ao cinema,
onde ele está reduzindo rapidamente os custos.
Segundo Mason, o equivalente moderno da
longa estagnação do fim do feudalismo é a paralisação da terceira revolução
industrial, onde em vez de rapidamente automatizar trabalho fora da existência,
estamos reduzidos a criar o que chama David Graeber “de empregos de merda"
com salários baixos. E muitas economias estão estagnadas.
Qual é o equivalente da nova fonte de
riqueza livre? Não é exatamente a riqueza: são as "externalidades" -
o material livre e bem-estar gerado pela interação em rede. É o aumento da produção
de mercado, de informações, de redes de pares e as empresas não gerenciadas.
Sobre a internet, o economista francês Yann Moulier-Boutang diz, é "tanto
no navio e no mar" quando se trata de o equivalente moderno da descoberta
do novo mundo. Na verdade, ele é o navio, a bússola, o oceano e o ouro.
31)OFDCJC). Os
choques externos dos dias modernos são claros: esgotamento da energia,
alterações climáticas, o envelhecimento da população e migração. Eles estão
alterando a dinâmica do capitalismo e tornando-o inviável no longo prazo. Eles
ainda não tiveram o mesmo impacto que a Peste Negra - mas, como vimos em Nova
Orleans em 2005, ele não leva a peste bubônica para destruir a ordem social e
infraestrutura funcional em uma sociedade complexa e financeiramente
empobrecida.
Depois de entender a transição, desta forma, a necessidade não é para um “supercomputed” Plano Quinquenal - mas um projeto, cujo objetivo deverá ser o de expandir essas tecnologias, modelos de negócio e comportamentos que se dissolvem as forças do mercado, socializam o conhecimento, erradicam a necessidade para o trabalho e empurram a economia para a abundância. Eu chamo-lhe Project Zero - porque os seus objetivos são um sistema de energia carbono-zero; a produção de máquinas, produtos e serviços com zero custos marginais; e a redução do tempo de trabalho necessário o mais próximo possível de zero.
32)OFDCJC). Para ele,
a maioria dos esquerdistas do século 20 acreditava que eles não têm o luxo de
uma transição gestão: era um artigo de fé para eles, que nada do sistema vindo
poderia existir dentro do velho - embora a classe trabalhadora sempre tentasse
criar uma vida alternativa dentro e "apesar de" o capitalismo. Como
resultado, uma vez que a possibilidade de uma transição de estilo soviético
desapareceu, a esquerda moderna ficou preocupada simplesmente com coisas
opostas: a privatização dos cuidados de saúde, as leis anti-sindicais,
“fracking” - a lista é longa.
Se eu estiver certo, o foco lógico para
suportes de pós-capitalismo é construir alternativas dentro do sistema; usar o
poder governamental de uma forma radical e perturbadora; e dirigir todas as
ações para a transição - não a defesa de elementos aleatórios do sistema
antigo. Nós temos que aprender o que é urgente e o que é importante, e que às
vezes eles não coincidem.
33)OFDCJC). O poder
da imaginação se tornará crítica. Em uma sociedade de informação, nenhum
pensamento, debate ou sonho é desperdiçado - seja concebido em um acampamento,
prisão ou o espaço de tabela de futebol de uma empresa startup.
Como com a fabricação virtual, na
transição para o pós-capitalismo o trabalho realizado na fase de projeto pode
reduzir erros na fase de implementação. E o design do mundo pós-capitalista
como com o software, pode ser modular. Diferentes pessoas podem trabalhar com
ele em lugares diferentes, em diferentes velocidades, com relativa autonomia do
outro. Se eu pudesse convocar uma coisa à existência de graça seria uma
instituição global que modelou o capitalismo corretamente: um modelo de código
aberto de toda a economia; oficial, cinza e preto. Cada experimento executado
através poderia enriquecê-lo; seria “open source” e com tantos pontos de dados
como os modelos climáticos mais complexos.
Ele destaca que a principal contradição
hoje é entre a possibilidade de liberdade, bens abundantes e informações; e um
sistema de monopólios, bancos e governos tentando manter as coisas privadas,
escassas e comerciais. Tudo se resume à luta entre a rede e a hierarquia: entre
as velhas formas de sociedade moldadas em torno de capitalismo e novas formas
de sociedade que prefiguram o que vem a seguir.
É utópico acreditar que estamos à beira de uma evolução para além do capitalismo? Vivemos em um mundo em que homens e mulheres homossexuais podem se casar, e em que a contracepção, no espaço de 50 anos, fez a média das mulheres da classe trabalhadora mais livre do que a libertina mais louca da era Bloomsbury. Por que, então, é tão difícil imaginar encontrar a liberdade econômica?
34)OFDCJC). São as
elites - tomadas do seu mundo escuro - cujo projeto parece tão desesperado
quanto o das seitas milenaristas do século 19. A democracia de esquadrões de
choque, políticos corruptos, jornais controlados pelo magnata e o estado de
vigilância parece tão falso e frágil como a Alemanha Oriental há 30 anos.
Todas as leituras da história humana têm que permitir a possibilidade de um resultado negativo. Ele nos persegue no filme de zumbi, o filme-catástrofe, no deserto pós-apocalíptico de filmes como The Road ou Elysium. Mas por que não deveríamos formar uma imagem da vida ideal, construída a partir de informação abundante, o trabalho não-hierárquico e da dissociação do trabalho de salários.
34)OFDCJC). Mason diz
que milhões de pessoas estão começando a perceber que foi vendido um sonho em
desacordo com o que a realidade pode entregar. A resposta deles é a raiva - e
retiro para formas nacionais do capitalismo que só pode destruir o mundo à
parte. Observando que estes surgem a partir do pró-Grexit da esquerda, facções
no Syriza para o Front National e o isolacionismo do direito americano tem sido
como assistir aos pesadelos que tivemos durante a crise do Lehman Brothers,
quando se tornaram uma realidade.
Precisamos mais do que apenas um monte
de sonhos utópicos e projetos horizontais de pequena escala. Precisamos de um
projeto baseado na razão, provas e projetos testáveis, que contenha um grão de
história e seja sustentável pelo planeta. E precisamos começar com ele.
Estes foram os comentários do “The
Guardian” sobre o que foi proposto no livro Postcapitalism” pelo Paul Mason,
editado em julho de 2015. Aqui estão inclusos, inclusive alguns comentários do
autor desse ensaio, e desta proposta de um novo Capitalismo, ou de um, pós Capitalismo,
como queiram! Edimilson Movér.
Textos compilados e, comentados por:
Edimilson Santos Silva Movér
Vitória da Conquista-Bahia, em
19/11/2015
moversol@yahoo.com.br
77 99197 9768
O FIM DO CAPITALISMO JÁ COMEÇOU - COMENTÁRIO - (28)