DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR
Subsérie: Temas pouco abordados. Uma carta dirigida a Ninguém! Ou simplesmente a pessoa nenhuma.
Sétimo ensaio
CARTA A NINGUÉM
Sapere aude! Kant.
Et loqueris per essentiam, pauper philosophorum! Diderot.
Esta é a carta da
“essência” das “essências” desta mesma carta...
E o tema é sua
relação com a mecânica quântica (MQ).
Prezado
Ninguém!
1)CAN). Tomei a liberdade de mudar o tema prometido para
esta segunda carta! Disto tratarei no fim desta! Assim, remeto-te, neste
momento, uma análise da tríplice essência dessa carta, neste caso em
particular, duas se nos apresentam com aspecto material e uma, em seu aspecto
intrínseco é notadamente imaterial. Esta carta, em sua essência material, nada
mais é que uma combinação de moléculas compostas de átomos de vários elementos
naturais, após sofrerem diversas reações químicas – eis de que é formada
materialmente esta singela carta. Aparentemente composta de dois elementos
materiais, tinta e papel, na realidade composta por três elementos, os dois
primeiros aparentemente materiais! (tinta e papel) e um terceiro completamente
imaterial (minha mente)!
2)CAN). Meu preclaro
Ninguém, em última instância, a textura semântica desta carta será elaborada
por minha mente com a intenção de te oferecer uma abordagem estritamente
semiológica e apor lógica no que nela será escrito! Pois, somente por uma mente
isto é factível de se fazer, como uma mente qualquer o é; esta carta é, foi e
sempre será algo cem por cento imaterial. Esta carta é fruto de absolutamente
nada (“nada” no sentido da imaterialidade da tinta e do papel e da
imaterialidade da coisa, “da mente”). No entanto, poderia ter sido escrita por
um computador, mas, mesmo se tivesse sido composta por um computador de última
geração, continuaria sendo fruto de uma mente, pois o programa contido na
memória do computador foi elaborado por uma mente humana. Mesmo se o programa
tivesse sido elaborado por outro computador, este computador possuiria um
programa que teria sido elaborado por um programa fruto de um programa fruto de
uma mente humana, “ad infinitum”.
3)CAN). Adiante
abordarei o aspecto imaterial da tinta e do papel. A Física quântica pode ser
abordada sob vários enfoques! Vejamos como esta nova ciência influenciou o
nosso existir. A real estruturação da Física Quântica tomou assento, isto é,
teve estabelecidos seus princípios nas três primeiras décadas do século
passado. Quase todo nosso conhecimento da intimidade da matéria está estribado
nos conceitos quânticos do comportamento das partículas subatômicas, dos átomos
e das moléculas. O comportamento das partículas é tão estranho que um físico do
calibre de Einstein discordou dos postulados da mecânica quântica até a sua
morte, e muitos de seus colegas também discordaram. Na época, existiam duas
correntes, "correntes ou escolas": a escola (A) defendia o postulado
de que a descrição quântica do objeto seria sempre incompleta, não podendo
prever valores exatamente mensuráveis. Esta escola (A) tinha Einstein, Rosen,
Schrödinger e Podolsky à sua frente. Já
a escola B postulava que os valores dessas grandezas (das partículas) não
existiriam, só passando a existir após a sua mensuração. Assim, a medida
criaria ou definiria os valores. Algo meio complicado, mas é assim que funciona
a coisa; não seria realmente criar este valor, mas, à medida que fosse
analisada, seriam criadas condições para revelar uma propriedade da partícula,
propriedade esta já preexistente. Entenda um rolo deste meu caro Ninguém! Este
grupo de físicos da escola (B) era encabeçado por Heisenberg (o da incerteza) e
Niels Bohr (o das órbitas dos elétrons) e, seguindo estes dois físicos, estava
a maioria dos físicos da época. Era a famosa e conhecida escola de Copenhague.
4)CAN). A mecânica
quântica de hoje é a da velha escola de Copenhague. Embora com postulados
estranhos e aparentemente incoerentes, sempre prevaleceu como física de
partículas, nunca pôde ser contestada em seus experimentos, análises e
resultados. É graças à MQ que, atualmente possuímos a televisão digital, o
raio “laser”, os celulares, os fornos de micro-ondas, os computadores, os “mptudo”,
as formidáveis máquinas de análises médicas (ressonância magnética, Doppler,
ultrassom, tomografia etc.) e o famoso telescópio Hubble), que nos revelou o
espaço profundo.
5)CAN). Meu caro
Ninguém, conhecidíssimo como pessoa nenhuma, os conceitos estabelecidos da MQ
são tão estranhos que mais nos parecem metafísica ou magia, e não ciência. No
entanto, pode-se afirmar que a MQ é a mais perfeita verdade axiomática, é a
teoria científica mais acertada, perfeita e útil já elaborada pela mente
humana. Meus conhecimentos na área são parcos, embora já conheça esses
conceitos desde fins da década de 50 do século passado. As coisas da MQ são
tratadas com palavras que, às vezes, não as encontramos nos dicionários. E os
argumentos! Gato de Schrödinger, argumento EPR são os argumentos da escola A; e
os que se seguem, da escola B: Funções de onda, descoerência, contextualismo,
TVO, tunelamento quântico, princípio de não localidade, princípio de
complementaridade, e por aí vai!
6)CAN). Meu
caro Ninguém! Sei que esta não é a tua seara, nem a minha! “Mas, te prometi na
primeira carta que, nesta, abordaria o tema (O “Ser” e a física quântica). No
entanto, aqui só faço referência à quantização desta carta! Olhe que eu estou
passando por cima, sobrevoando, tocando levemente na superfície da questão.
Para tratar com mais profundidade deste assunto, eu teria que ser um “scholar”
no assunto, e aqui em Conquista só conheço um “scholar”, o professor e amigo
Ubirajara Pereira De Brito, físico nuclear e engenheiro civil. Parte de sua
pesquisa científica (do Ubirajara), foi na área da Física quântica. Embora não
conheça seus trabalhos ou artigos publicados ou escritos sobre o assunto, sei
que suas pesquisas versam sobre algo de muita importância! A tecnologia dos
“ecrans”, das telas dos nossos televisores e dos monitores dos computadores,
que se fundamenta no comportamento de um efeito a que os cientistas denominam
de luminescência catódica, é um dos temas dos estudos do Dr. Ubirajara, creio
que os fez na Université Orsay, Paris sud, na cidade d’Orsay, no seu
laboratório de física, quando exilado na França. A luminescência é provocada
pelo bombardeio eletromagnético de um meio físico como os “ecrans”. Há a
luminescência natural que também é conhecida como fluorescência ou
fosforescência, nesta o exemplo mais comum é o pirilampo, neste caso trata-se
da luminescência química.
7)CAN). Ninguém, vou
tentar te dar uma ideia do que seja realmente a luminescência. A luz visível
nada mais é do que a radiação eletromagnética na faixa de ondas de 4 x 10-7m
até 8 x 10-7m. Segundo a área da física que estuda a luz, a ótica,
luminescência pressupõe uma coisa qualquer a emitir essa luminescência, e essa
"coisa qualquer" nada mais seria que os átomos de que a matéria
luminescente é feita. O homem sempre conviveu com a luminescência, a exemplo
dos insetos, alguns materiais terrosos, algumas águas vivas na superfície do
mar, nas profundidades são uma miríade de animais fosforescentes. Em 1603, um
alquimista italiano, de nome Vincenzo Cascariolo (1571-1625), observou intensa
emissão de cor azulada na queima de um minério conhecido como barita (sulfato
de bário) e o denominou de fósforo de Bolonha. Vemos, assim, que convivemos com
a luminescência desde muito tempo.
8)CAN). Caro Ninguém da
Silva e Tal, no entanto a "coisa em si" é ligeiramente mais complexa!
Já falamos da luminescência química. Há, ainda, a radiação térmica quando,
principalmente, os metais, ao serem aquecidos, emitem luz na forma de radiação!
Aí, quando a temperatura atinge altas taxas e emitem luminescência. Quanto mais
rápidas se movem as partículas (átomos e elétrons), parte da sua energia
cinética, na forma de excitação destes átomos é liberada em forma de luz. É o
mesmo caso da eletroluminescência, só que esta, se dá num meio gasoso, quando
provocamos descargas elétricas em alguns gases, os elétrons rápidos sofrem
choques não elásticos com os átomos do gás, que liberam energia na forma de
ondas luminosas. Assim é liberada luminescência no âmbito do gás, é isso que
vemos nos anúncios luminosos que conhecemos como tubos de neon. Há ainda a
fotoluminescência, que pode “Ser” entendida como a propriedade de alguns
materiais de, ao receberem irradiação direta da luz, absorver parte desta luz e
irradiarem luz num comprimento de onda superior ao comprimento de onda da luz
que sobre eles incida – este fenômeno é utilizado nas tintas de alguns
materiais das árvores de natal, mas sua maior utilização é na área da
iluminação, e que chamamos lâmpadas de luz natural. Estas lâmpadas estão muito
em voga atualmente, pois a indústria conseguiu produzi-las por preços mais
accessíveis; você mesmo as utiliza em sua moradia, se é, que ninguém tem
moradia! Estas lâmpadas são de três a quatro vezes mais econômicas que as
antigas lâmpadas incandescentes.
9)CAN). Meu preclaro
Ninguém, vejamos agora a abordagem quântica dos materiais físicos de que é
feita esta singela "missiva". Viu, sou antigório, do tempo da
"missiva"! Naturalmente, ela é feita de tinta e papel! Para que você
entenda melhor de que são feitos a tinta e o papel desta carta, vou tentar te
contar de maneira sucinta a história da Física de partículas, isto é, a
história da Mecânica Quântica, simplificando: MQ.
10)CAN). A feitura desta
carta começou há muito tempo, digamos há 13,81 treze bilhões e oitocentos e dez
milhões de anos (segundo a Cosmologia moderna). Este conhecimento teve início
com a descoberta de um astrônomo americano em 1932. O nome deste cientista jamais será esquecido
pela humanidade, no decorrer dos séculos que virão! Ninguém! Não repare se
encontrares esta mesma história, embora com outras palavras, contada em outro
escrito meu, adoro contá-la, o faço sempre como um exercício de aprendizado.
Como ia dizendo, em 1932, o astrônomo Edwin Powell Hubble, analisando a luz
vinda de galáxias distantes (as galáxias foram descobertas na década de 20 do
século passado), fez uma descoberta extraordinária. Ele descobriu que todas as
galáxias estavam se afastando umas das outras, portanto o nosso Universo estava
em expansão, o que deixou em estado de excitação toda a comunidade científica, especialmente
a da área da Cosmologia. Agora vamos direto à origem dos átomos da nossa carta!
Ora, se o Universo está no momento em fase de expansão, retroagindo esta
expansão, chegaremos num momento em que o Universo estava todo contido num único
ponto. Num ponto a que a Cosmologia chama de singularidade. Portanto chegamos
ao nascimento do Universo. A NASA, considerando a constante de Hubble corrigida
para um valor de 71 (setenta e um km) por segundo por megaparsec, a idade do
universo é de 13,7 bilhões de anos, isto para um universo esférico com o foco
em nosso sistema solar. Tudo começou portanto, segundo estes cálculos, há treze
bilhões e setecentos milhões de anos.
11)CAN). A ciência da
Cosmologia, se vê, nalguns aspectos, diante de seríssimas dificuldades, para estabelecer
padrões e valores para uma conceituação adequada das dimensões do Cosmos! Mesmo
sendo estudada por órgãos com a envergadura da NASA. Assim, segundo a teoria do
Big-Bang, o universo observável é uma região esférica e limitada por um raio de
13,7 bilhões de anos luz. Atente, para o fato de que aqui estamos tratando do
universo observável! E não do universo possível de existir e ainda não
observado. Lembrando ao leitor, que cada posição dentro do universo tem
(lógico, seu próprio centro), e seu próprio universo observável. A coisa não é
tão difícil de perceber. O observável em questão, não tem relação com o fato da
tecnologia utilizada venha a permitir ou não, a detecção da radiação de um
objeto contido no extremo desta região. Na verdade só podemos observar objetos
até a superfície da última recombinação, acontecida algo em torno de 378.000
(trezentos e setenta e oito mil anos), após o Big-Bang, a recombinação produziu
os primeiros átomos de hidrogênio, sem átomos, não há elétrons, sem elétrons
não há fótons, sem fótons não é possível nenhum registro. Portanto, antes da
recombinação o universo era ausente de fótons e completamente escuro. Nos dizem
os cientistas da NASA que tornou-se possível inferir informações e dados
ocorridos antes da última recombinação, através da detecção das ondas
gravitacionais previstas por Albert Einstein em 1916. As ondas gravitacionais
só foram detectadas muito recentemente. A primeira detecção deu-se em 14 de setembro de 2015.
12)CAN). Como na época
anterior aos 13,7 bilhões de anos, mais os 378 mil anos da recombinação, tudo
que existia no Universo estava contido num ponto menor que o núcleo de um
átomo, este estado do Universo, a ciência chama de "singularidade",
pois todo o Universo estava uno, contido num só ponto, não havia pluralidades
em nada, era então um Universo singular, uma singularidade, deu para entender?
Deduz-se que, neste estado, não havia nenhum átomo dentro da singularidade.
Tudo que havia neste estado de singularidade era todo o Universo em forma de
energia concentrada. Sempre imagino a singularidade como sendo o pai dos pais
dos buracos negros! Assim tudo que existe nos dias de hoje, incluindo os átomos
de que é feita esta carta (tinta e papel), passou a ter existência a partir da
recombinação depois do Big Bang. Eles surgiram, talvez, a uns trezentos e
setenta o oito mil anos depois do Big Bang, quando iniciou a formação dos
átomos que formariam a as galáxias, as galáxias, as estrelas, depois os
planetas, entre eles a Terra, e por fim estes seres orgulhosos e estultos que
se nominam de “homo sapiens sapiens”. Particularmente, eu não vejo onde se
esconde esta sapiência! Talvez detrás de 17 mil ogivas atômicas...
13)CAN). Caro Ninguém,
viu o quanto esta nova carta é velha? Agora vamos tentar compreender de que
estes átomos são formados! Melhor, vamos ver como a humanidade descobriu de que
é formada a matéria de que é formado o nosso Universo e de que também é formado
o material da nossa carta. Este conhecimento começou na Grécia antiga, quando
um filósofo pré-socrático de nome "Leucipo" propôs que tudo que
existia no mundo era formado de minúsculos grãos que não podiam ser partidos e
os chamou de átomos, isto é, "indivisíveis". Um aluno seu de nome
"Demócrito" aperfeiçoou e estruturou a teoria atomista de
"Leucipo". Por ser de difícil aceitação, a teoria de
"Leucipo" demorou bastante para ter as suas primeiras comprovações.
14)CAN). Meu ilustre
Ninguém, vamos agora tentar fazer uma viagem dentro do átomo, para vermos o quanto um átomo é imaterial. Vejamos o que
é realmente um átomo! Atualmente, os cientistas já conhecem “quase” tudo dos
átomos. Supõe-se que os primeiros átomos que surgiram no Universo após o Big
Bang tenham sido os átomos do hidrogênio. Caro Ninguém, você vai ter que se
acostumar com o verbo "supor", pois, na história da formação do
Universo, quase tudo, senão tudo, é "suposto". Mas o que tem a
história da formação do Universo com nossa carta? Tudo meu caro, Ninguém! Pode
parecer que não, mas os átomos que formam as moléculas desta carta são originários
do hidrogênio primitivo formado na última recombinação, no início do Universo.
No princípio, as estrelas primordiais ou de primeira geração continham somente
os elementos primevos, como: hidrogênio, hélio, lítio berilo, boro etc. ou,
talvez, somente os dois primeiros; o restante dos elementos de que nós somos
constituídos só surgiu nas estrelas de segunda ou de terceira geração como o
nosso Sol. Entendido estes conceitos, vamos agora à intimidade dos átomos. Um
átomo qualquer de hidrogênio é constituído de um núcleo composto de um próton
um antipróton um nêutron e um antinêutron, um elétron e um antielétron ou
pósitron. Recentemente, descobriram mais uma partícula a que chamaram de
pentaquark – aqui não trataremos do pentaquark; – a Física de partículas sabe muito
pouco sobre esta partícula. Particularmente, eu não sei nada. Aqui tomaremos
como modelo o átomo do hidrogênio, que é constituído por um núcleo e um elétron
que o circunda, sendo que, no núcleo, há um próton e um nêutron. Um elétron é
uma partícula com a seguinte estrutura: massa de repouso: 9,1083 x 10-31 kg; carga
elétrica: − 1,602 x 10-9 C; Spin: 1/2 –h-barra. O elétron possui uma antipartícula, da qual
já tratamos, chamada pósitron. O pósitron já
era previsto por Paul Dirac, e sua existência foi confirmada na década de 1930
pelo físico americano Carl David Anderson descobriu o pósitron, O pósitron é a antipartícula do elétron
e possui massa de repouso e spin iguais aos do elétron, carga elétrica de mesmo
módulo e sinal contrário. O próton é um núcleon e
possui massa 1836,12 vezes a massa do elétron tendo o mesmo spin e carga de sinal contrário. O antipróton foi descoberto em 1955. Já se suspeitava
que existissem outras antipartículas desde a observação do pósitron em 1932 por
Carl David Anderson. O antiprótron possui a mesma massa e spin que o próton,
mas carga de sinal oposto (sinal negativo). O nêutron
possui carga nula, massa 1836,65 vezes a massa do elétron. Um nêutron pode se
desintegrar dando origem a um próton, um elétron e um neutrino, apenas quando
está livre (fora do núcleo). O antinêutron possui exatamente as mesmas
características do nêutron, mas organização interna diferente. Um nêutron é
composto de um quark up e dois quarks down.
Logo, imagina-se que o antinêutron seja formado por um antiquark up e dois
antiquarks down. Simplificando: o núcleo de um átomo de hidrogênio possui um
próton, um nêutron e um pentaquark. Meu caro Ninguém, tudo que foi dito acima, com todos estes
detalhes técnicos, não nos dão uma ideia do que realmente seja um átomo!...
Para sanar um pouco esta dificuldade, um físico
criou uma imagem ampliada de um átomo simples como o de hidrogênio. Se
ampliarmos um átomo em que o núcleo passe a ter 30 cm (trinta centímetros) de
diâmetro, portanto do tamanho de uma pequena bola de futebol. O seu elétron
terá sua órbita a 500 m (quinhentos metros) de distância do núcleo, assim este
átomo terá um diâmetro de 1 Km (um quilômetro), então podemos imaginar o quanto
há de espaço vazio dentro de um átomo. Como a tinta e o papel desta carta são
feitos exclusivamente de moléculas formadas por átomos, podemos imaginar que
esta carta é feita quase que 100% de nada, ou seja, de espaço vazio. Então, se
víssemos nossa carta como realmente ela é, a veríamos como um ente
transparente... É por issso que os Vedas na antiga Índia já diziam que o mundo
era “Maya”, ou seja, uma ilusão...
15)CAN). Caro Ninguém, como você pôde ver, o elétron quase não tem massa; tem
1836 vezes menos massa que o próton e também 1836 menos que o nêutron, e, como
estas duas últimas partículas são formadas pelos quarks Up e Down e como um
conjunto de três destas partículas em qualquer combinação, mesmo tendo 1836
vezes mais massa que um elétron, é tudo que é necessário para se fazer um
Universo! Aqui não trato do pentaquark,
não sei nem mesmo se ele existe! Meu caro Ninguém, a física de partículas (ou
seja a Física Quântica) nos diz que os quarks são literalmente formados por
energia e que, portanto, não são materiais. Ora! Meu preclaro Ninguém de Tal,
se os átomos são formados por quarks que não são materiais e se as páginas
desta carta são formadas por átomos que, por sua vez, são formados por quarks,
então esta carta literalmente é imaterial e, portanto, não existe! Só resta
nela o meu pensamento, que, por ser também imaterial! Mas amigo Ninguém! O que
seria a matéria de que é feita nossa carta? Vejamos! Segundo uma configuração e teoria criada pelos físicos, e que denominaram de Modelo Padrão, as partículas de que
é formada toda a matéria é composta por 12 partículas, os 6 (seis) tipos de
quarks, ou bárions ou hádrons, que são o que chamam partículas pesadas, e os 6
(seis) tipos de partículas chamadas de léptons, que são as leves, sendo todas,
indivisíveis. Descobriram que estas partículas não possuem em si o que chamamos
de massa. Só passando a ter massa quando interagem com o campo de Higgs, mesmo
quando passam por este campo sem interação, continuam sem massa, e então não
agem como matéria, e obviamente não existem, isto, materialmente falando! Assim dou plena razão
ao caro amigo por ter tanta resistência em não querer ler uma coisa que não
existe!... Ou não tivestes tal resistência?
16)CAN). Caro Ninguém, na primeira carta, te prometi fazer nesta segunda uma
abordagem do “Ser” quântico, no entanto como já tinha escrito um outro ensaio
com o mesmo tema, a que intitulei “Uma
pálida e surreal visão quântica do “Ser”, resolvi fazer esta segunda
carta com o tema da quantização da carta em si! Espero, com isso, facilitar o
teu entendimento do quanto a Física quântica tem a ver com a nossa carta e com
o nosso viver cotidiano. Espero que consigas lê-la! Se é que Ninguém lê! Passei
boa parte de minha vida estudando algo que não interessa à maioria das pessoas!
Espero que tenhas algum interesse...
17)CAN). Desta vez, caro Ninguém, tenho "quase" certeza de que não
tomei o vosso tão precioso tempo, pelo simples fato de que ninguém é dono do
tempo.
Isto, nos lembra um
trocadilho! Huum! Talvez...
No início desta
missiva tomei duas frases notáveis de dois notáveis pensadores, para com elas
abrir esta carta a você, caro Ninguém! Na primeira, o pensador Immanuel Kant, nos diz que
aqueles que não ousam saber! Não desenvolvem o intelecto! E na segunda Denis
Diderot, já preconizava a dificuldade existente para, até mesmo os pensadores que chamamos de filósofos, atingirem a essência das coisas.
Edimilson Santos Silva Movér
Vitória da Conquista,
BA, 25 de fevereiro de 2008.
moversol@yahoo.com.br
CARTA A NINGUÉM - Sétimo ENSAIO da Obra 21 (9)