DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSARSubsérie: Temas polêmicos e pouco abordados
1 Nono ensaio da Obra 21
A
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS FALANTES
Indistintamente, todos os seres contribuem para a
evolução do conhecimento
humano!
1)AETDF). Aqui não trato do inconsciente coletivo de Carl Gustav Jung (1875-1961), trato do "anaconsciente" coletivo
restrito, que, segundo minha proposição, nada mais seria que o pensamento
humano direcionado para soluções de questões específicas. Criei este neologismo
para diferençá-lo do inconsciente coletivo de Jung. Chamo-o de "anaconsciente"
coletivo restrito porque somente um restrito número de pessoas especiais toma
coletivamente conhecimento dele, de forma inconsciente. Tal qual o inconsciente
coletivo de Jung, ninguém percebe o inconsciente coletivo restrito, mas todos fazem
parte e tomam conhecimento dele inconscientemente. O "anaconsciente"
coletivo restrito é uma função comum e está ao alcance de toda a humanidade.
Embora seja coletivo, também ninguém o percebeu, seu conhecimento é restrito a
mentes específicas afetas às áreas também especificas do conhecimento humano. A
base desse argumento é que toda pergunta traz, implicitamente, em si, sua
própria resposta, ou seja, toda questão é formulada em torno do engendramento
da solução desta mesma questão.
2)AETDF). Numa carta dirigida a um amigo, expus o seguinte ponto de vista: Nossas vidas
sempre serão influenciadas por outros seres, sendo a vida (Vitae), no planeta
um só organismo, o desenvolvimento ou a ação da mente de um único “Ser” afeta
de forma indiscutível, mas, por sua vez! Incognoscível e incompreensível toda a
humanidade. Quer um exemplo bem singelo? Sempre utilizaste os grampeadores de
papel, sem nunca te preocupares com a mente que idealizou este simples
instrumento que tanto nos é útil, viu? Uma ideia de outra mente modificou teus
atos por toda tua existência, e tu nunca paraste para analisar o raciocínio
desta outra mente que tanto te afetou! Este é um exemplo bem simples, mas o
existir de toda a humanidade sempre ser afetado pela mente de outros seres
humanos. A ação de várias mentes resulta em mais potência mental, é o que os
americanos chamam de "Master Mind". De forma subliminar e esotérica a
humanidade possui uma única mente, e isto, eu sei, é de difícil compreensão.
Vou te dar um exemplo melhor. Imagine a mente humana como uma pequena estação
de rádio que emite micro-ondas “especiais” que, diferentemente das micro ondas
normais, tenham o poder de cobrir todo o globo. Antes do advento do celular,
isto seria muito difícil de compreender ou imaginar, mas é isso que nossas
mentes são, pequenas emissoras de rádio que cobrem todo o planeta. Tu já
notaste com que frequência os inventos novos são "inventados" por
pessoas distintas e em épocas bem próximas e em locais distintos? A maioria dos
inventos é disputada por várias pessoas! Veja o exemplo de Newton e Liebniz,
que, em países distantes, inventaram o cálculo integral e diferencial
simultaneamente. E de Thomas Edison e Tesla, com inúmeras soluções para a
nascente eletricidade. Ou o caso dos irmãos Wright e Santos Dumont, que, tendo
a ideia de, ao mais pesado que o ar aplicar o ângulo de ataque nas asas,
fizeram seus inventos funcionarem e darem certo, e nada mais. E não se pode
saber qual dos inventores teve a ideia original! Entendeu? Alguém teve a ideia!
Mas quem a pôs em prática foi quem, no momento propício, estava com as
ferramentas adequadas para pôr esta ideia em prática. Nos abismos do "anaconsciente"
coletivo restrito dos seres sencientes, existe uma infindável procissão de
respostas numa marcha impressionante, prontas para saltar em cima de nossas
perquirições. A mente ou as mentes geradoras das questões, comumente,
desconhecem suas soluções. A única dificuldade para obterem-se as respostas
corretas é justamente a forma utilizada na elaboração das questões que deverão
ser sempre consistentes, já contendo, assim, cada qual sua solução
(conjuntamente engendrada ou elaborada). No Universo da evolução do
conhecimento humano, todas as dúvidas pertinentes às soluções de questões serão
sempre compostas de perguntas e respostas, questões e soluções, ambas
elaboradas simultaneamente, pois só é possível elaborar uma questão consistente
se esta questão por si mesma contiver uma solução consistente.
3)AETDF). Tudo obedece à primeira lei da evolução do Cosmos. Tudo no Cosmos, incluindo, aí,
o nosso existir, obedece sistematicamente ao princípio da não exclusão dos
opostos. Não se faz nenhuma pergunta sem que se elabore conjuntamente sua
resposta; da mesma forma, é impossível pensar numa solução ou resposta sem que
seja feita ou proposta com antecedência uma questão ou uma pergunta, ou seja,
sem que esta solução ou resposta contenha a
priori todas as quantificações e qualificações da questão ou pergunta. Isto
quer dizer que as duas entidades são não excludentes, isto é, nenhuma das duas
pode existir isoladamente. Mesmo ao pressupormos um questionamento aleatório,
criamos também aleatoriamente e automaticamente sua solução. A real dificuldade
é encontrarmos o caminho para chegar a esta solução (partindo desta perquirição
até o âmago da solução), já contida nesta mesma perquirição. Geralmente o
"anaconsciente" coletivo restrito propaga as inquirições aos
múltiplos setores de recepção ou "mentes", no momento em questão e
apreço, todas afetas às atividades concernentes a estes mesmos assuntos, que,
por sua vez, são pertinentes a estas perquirições! Daí, ser comum a descoberta
de várias respostas simultâneas às questões formuladas por mentes de seres
distintos, e normalmente afastados entre si, no entanto, com suas mentes
ligadas aos mesmos assuntos. Assim, físicos, químicos, astrônomos, matemáticos,
geólogos, mecânicos etc., principalmente inventores, cada qual em sua área,
elaboram perguntas específicas e, no Universo de cada mente, as respostas
percorrem todo o planeta, obviamente na linguagem universal do pensamento, que
resulta ou nos leva ao entendimento fenomênico da questão. E esta linguagem
obviamente não é a linguagem das palavras, tratando-se sempre da linguagem do
entendimento do fenômeno. Tratando sempre do "phainómenon",
utilizado por Platão
no Crátilo (algo físico e acontecente), e que nos remete à sublimidade do
pensamento expresso em palavras, em ideias, ambas coisas abstratas, mas
referentes a coisas concretas, fenomênicas "acontecentes".
4)AETDF). Mas nunca referentes ao
"nooúmena" de Kant, que, por si próprio, é um objeto
incognoscível e não sensível, portanto, oposto ao objeto fenomênico. Ora!
Se as respostas já estão prontas e se as mentes se interconectam, conforme a
semiótica de Sanders Peirce, a Física quântica e a psicologia, estas ciências
preconizam que mentes distintas podem chegar a resultados semelhantes em
lugares distantes e em tempos distintos, só há uma condição ou parâmetro a ser
observado: para perguntas consistentes, respostas consistentes; para perguntas
inconsistentes, respostas inconsistentes... É por isso que afirma-se que cada
questionamento traz em si a metade de sua solução. (Havendo, no entanto, algo a
ser considerado! Para as perquirições de ordem abstratas, como as dúvidas
filosóficas, não haverá respostas correspondentes, pois todas as ilações
filosóficas serão sempre perguntas ou proposições inconsistentes! Podendo,
mesmo considerá-las abstrações mentais irreais, nunca coisas sensíveis, ou
demonstráveis como as abstrações matemáticas).
5)AETDF). Não consegui uma explicação para este fato, talvez a resposta esteja na
profunda discordância das proposições dos filósofos. A comprovação dessa
assertiva é a história da própria filosofia, que é eivada de contradições, não
havendo em toda a história da filosofia, dois filósofos inteiramente concordes.
Talvez a única exceção seja a apologia dos filósofos nossos contemporâneos
Jean-Paul Sartre (1905-1980), Martin Heidegger (1889-1976) e Merleau-Ponty
(1908-1961) com suas apologias à filosofia fenomenológica e existencialista do
alemão Edmund Husserl (1859-1938) sendo esta apologia parcial ao todo da
filosofia husserliana. No desenvolvimento da humanidade, em especial na
descoberta de fatos “ditos” científicos, incluindo aqui a matemática, embora
seja uma ciência abstrata suas proposições são sempre consistentes, nas
pesquisas quânticas de qualquer magnitude, é comum a coincidência das
proposições relacionais entre a mente e a pesquisa quântica, a que Carl G. Jung
(psicologia) e Albert Einstein (Física) estudaram conjuntamente e denominaram
de “sincronicidade”. A ciência por excelência (a dos signos e da lógica),
denominada Semiótica, a reconhece como a "conectividade" entre as
mentes, que, ao interagirem entre si, unem os dois mundos (micro e macro),
fazendo com que as mentes interajam diretamente com a matéria,- já foi
exaustivamente comprovada a interferência da mente humana nos experimentos
quânticos -, unindo de maneira inquestionável as mentes à matéria e,
obviamente, ao Universo. É o reconhecimento definitivo da unicidade do Cosmos e
principalmente o reconhecimento da função holística do nosso existir dentro do
Cosmos.
6)AETDF). Todo o Cosmos é integralmente holístico. Em 1932 ocorreu uma descoberta no
campo da astrofísica que explica de forma absoluta e insofismável o porquê da unicidade
e do holismo do Cosmos. Edwin Powell Hubble
(1889-1953), descobrindo que as galáxias
estavam se afastando umas das outras, demonstrou que o Universo todo estava em
expansão. Considerando que esta expansão num momento dado teve um início e que,
neste início, todo o Universo esteve concentrado num ponto infinitesimal menor
que um núcleo de um átomo, pode-se deduzir que o Universo nesta condição era um
Universo uno, não havia plural, estando o Universo num estado de singularidade,
origem da unicidade e do holismo do nosso Universo atual. Donde podemos deduzir que tudo no mundo é
uno, inclusive o "anaconsciente" coletivo restrito moveriano e o
inconsciente coletivo jungiano. Justifico e adoto uma neologia para o termo
"inconsciente" coletivo, criando o termo "anaconsciente"
coletivo, como um necessário diferenciador do termo criado e usado por Jung.
Eles são iguais, mas são necessariamente distintos em suas essências. O
inconsciente coletivo de Jung é atributo de todos e remonta (em ato), do
presente ao passado; é memória. O anaconsciente coletivo restrito de Movér é
atributo de poucos e remonta (em ato) do presente ao futuro; é dinâmica, é
realização, cria o futuro, é desenvolvimento, é evolução do conhecimento
humano... E tem origem no mais remoto passado do homem. Um homem no passado
inventou a agulha para junção ou costura do seu vestuário, no entanto ele
inventou a agulha sem o furo, inventou antes um estilete para furar a peça do
vestuário, a linha era enfiada ou passada pelo furo com o auxílio dos dedos,
depois alguém teve o vislumbre, num "insight" anaconsciente restrito,
de fazer o furo na outra extremidade do estilete, que então se tornou realmente
uma agulha, e provavelmente quem teve a ideia de fazer o furo, necessariamente
não foi o “Ser” que primeiramente fez o furo na agulha. Alguém teve a ideia,
mas quem fez o furo foi quem captou, através do anaconsciente coletivo
restrito, a ideia de fazer o furo. As invenções quase sempre são fruto da
necessidade que dinamiza a criatividade humana. Quando algo se torna
necessário, um grande número de seres pensa naquela necessidade; quando alguém
mentalmente resolve o problema, nem sempre este alguém é um inventor, pois,
como a ideia já fora distribuída por todo o planeta, via anaconsciente coletivo
restrito, então, uma ou várias pessoas a captam transformando-a num invento...
No entanto, muitas invenções não são fruto de uma premente necessidade, são
descobertas fortuitas, os exemplos são muitos: Bússola, papel, pólvora,
helicóptero, lentes, parafuso, e tantos outros!
7)AETDF). Quem registra o invento é tido como o inventor, mas a ideia original nem sempre
é do dono da patente. Admitindo-se a proposição do anaconsciente coletivo
restrito, a humanidade de forma global é a responsável pela evolução do seu
conhecimento, ou episteme! E não somente alguns seres específicos! Assim somos
todos partícipes e responsáveis pelo nosso desenvolvimento.
E
assim caminha e se desenvolve a humanidade...
moversol@yahoo.com.br
A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS FALANTES - Nono ENSAIO da Obra 21 (11)