DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS
LEVAM A PENSAR
Subserie: Analisando o atual proceder no
discernimento lógico do “sapiens” e, como esses procederes lógicos tiveram sua origem
nos primeiros atos da antiga lógica indistinta e primitiva dos nossos primeiros
avoengos pensantes há 300 mil anos.
Quinto ensaio
A LÓGICA INDISTINTA OU PRIMITIVA
Um dia um hominídeo no seu alvorecer como pensante
deu de
de cara com seu
novo “eu”, ao se auto reconhecer como um “homo sapiens”...
1”ALIOP”. Neste singelo ensaio, faço uma rápida
digressão sobre os atributos pertinentes a algumas lógicas, “até hoje”,
consagradas pela nossa filosofia. Primeiramente, vejamos o que ficou
estabelecido na atualidade como reais conceitos de “Lógica”. A Lógica Material,
que trata especificamente do pensamento e das formas, que estabelece a verdade
e a não verdade, e quais destes nos leva ao acerto ou ao erro. A Lógica Matemática
estudada e estabelecida modernamente por Sanders Peirce, foi o criador da
Semiótica nos fins do século, seus trabalhos só foram publicados depois de sua
morte em 1914 - no entanto a lógica matemática foi apresentada pela primeira
vez por Augustus Morgan 1806-1871 e George Boole, 1815-1864 – foram estes dois
matemáticos que apresentaram os princípios da lógica algébrica. Em função de
que atualmente utilizamos na informática a lógica booleana, A conhecida Lógica Transcendental
kantiana, onde ele faz a análise crítica do entendimento humano, independente
da experiência. Existe o que se chama de Lógica Formal Aristotélica, em que se
estuda os julgamentos, os conceitos derivados dos objetos nomeados pelo que
esta filosofia chama de “leis dos pensamentos”. Um dos maiores filósofos que viveu nos séculos XVIII e XIX, foi Georg
Wilhem Friedrich Hegel, nascido em Baden-Württemberg na Alemanha, fez um
conjunto de estudos que nomeou de lógica dialética, fundamentada na apreensão
de uma proposição ou afirmação, que é a “tese”, em seguida vem a negação e a
comparação de seus opostos, que é a “antítese”, e a seleção dos opostos não
conflitantes, que resulta na “síntese”. Como dito atrás, na filosofia, na
tradição clássica existe o que chamamos também de Lógica Formal, ela estuda os
julgamentos, conceitos e raciocínios abstraídos dos objetos nomeados, trata-se
da mesma lógica aristotélica. Existe ainda muitas outras espécies de lógicas,
das quais não trataremos aqui.
2”ALIOP”. Para o verbete “Lógica”, encontramos a
seguinte definição: “Lógica”: - Filos: Parte da filosofia que trata das formas
do pensamento em geral, (dedução, indução, hipótese, inferência etc.) e das operações
intelectuais que visam à determinação do que é verdadeiro ou não.
3”ALIOP”. – Lógica, no entendimento da “coisa em
si” isto é; “no aperceber à priori”, é o fato ou evento mais acertado, numa
análise que exclua da “coisa em si” o fato menos acertado ou incoerente, sendo
a lógica um ente dual.
4”ALIOP”. Para iniciar, vejamos a lógica do
princípio do terceiro excluído, que por si é o princípio da não contradição das
ideias. Uma ideia ou é verdadeira ou é falsa; assim, sendo uma entidade dual não
deverá existir uma terceira entidade ou possibilidade a permear o conceito
“Lógica. Assim “Pedro nasceu ou não
nasceu”; ele não pode “ter nascido e não ter nascido”; não há definitivamente
uma terceira possibilidade, há somente duas. Assim, não posso afirmar que Pedro
nasceu e não nasceu, pois só poderá não ter ou ter nascido, ou Pedro nasce ou
Pedro não nasce, ficando excluída a terceira hipótese. Deve-se observar que a
lógica é pura forma, não tem qualquer conteúdo nem qualquer relação com a
realidade necessária e sensível. Portanto, a lógica é “noumênica”. O conteúdo
dos exemplos dados acima, na explicação dos princípios da lógica foi apenas
para um melhor entendimento de meus leitores leigos ou com pouco conhecimento
de filosofia e na análise das regras do raciocínio lógico. Seria o caso de
analisarmos o que seria o princípio do terceiro excluído, citado acima. Sendo a
lógica um “ente” dual, teremos que a compreender como um ente de dois
resultados, pois, indistintamente, ela sempre será assim! Em certos casos,
encontraremos a lógica residindo no fato errado da análise.
5”ALIOP”. Explicitado este conceito, veremos
adiante como nossa filosofia (conhecimento, episteme, gnosiologia, etc.), trata
esta necessidade ontológica, desde as mais primitivas ações dos “seres”,
principalmente no seu alvorecer como “seres” pensantes. Com certeza, espera-se
que estas ações por si sejam dotadas da aplicação da lógica, sob pena do
desaparecimento do “ser” como espécie. A existência natural de um procedimento
lógico, logo nos primeiros atos dos “seres” pensantes é inquestionável! A razão
nos diz que os “seres” que agissem com menos lógica teriam, um grau
extremamente alto, e uma maior probabilidade de desaparecer como espécie do que
os ditos “seres” usuários das ações mais lógicas. Estou tratando, aqui, dos
“seres” sencientes no alvorecer do seu agir como “seres de razão”, abandonando
os atos instintivos que os levava naturalmente, à preservação da sua espécie.
Os primeiros atos de “razão” possuíam, em si, intrínseco e altíssimo porcentual
de risco, pois eram decisões alheias ao instinto. Não se pode abandonar o
instinto sem estar exposto a estes riscos. Isso aconteceu quando as duas
espécies, neandertallensis” e cro-magnonensis” estiveram mais sujeitas aos
perigos de uma extinção! Existiu um gargalo na existência dos humanos, que
independeu de sua vontade, mas, para sobreviver dependeu da lógica. Este fato ocorreu
há, aproximadamente, 250 mil anos. Antropólogos, paleontólogos, geólogos e
geofísicos buscam explicação para este quase desaparecimento das duas espécies,
num desastre global de fator físico: O que a pesquisa confirma é de que ocorreu
uma erupção simultânea dos vulcões ao longo das bordas das 13 placas
tectônicas, que cobrem o planeta. Embora, tenha tido proporções globais da
ordem do desastre de Yucatlan, sendo maior que pandemias viróticas, ou outros desastres
de proporções menores que o do meteoro de Yucatlan. O homem sobreviveu ao
gargalo de 250 mil anos com extrema dificuldade, mas, sobreviveu. Não seria o
caso de se pensar no ato da adoção da lógica e no abandono do instinto pela
espécie, em sua transição de hominídeo para “homo sapiens”? Dá para pensar! Não
sei como escapamos nesta fase! Segundo a paleoantropologia o desastre de 250
mil anos, ocorreu no princípio da transição da aquisição da lógica pelo homo
erectus e o consequente abandono do instinto. O desastre de 74 mil anos
atrás, ou gargalo na existência da espécie será tratado noutro ensaio.
6”ALIOP”. Abandonando os atos instintivos, nossos antepassados,
entre mais ou menos, 300 e 250 mil anos atrás, estiveram (diferentemente do que
se pensa), sujeitos aos reais riscos do uso de uma ferramenta nova e pouco
desenvolvida e que, na maioria das vezes, implicava na exposição da segurança
total de si mesmo, e do grupo a que pertencia. Ele, o “homo sapiens” ao mesmo
tempo que iniciava o desenvolvimento e a aquisição da lógica, também iniciava o
abandono dos atos instintivos, que o tinham protegido por milhões de anos,
enquanto era somente o “homo erectus”, até mesmo durante a fase em que ele
descende do “pithecanthropus”, 4,5 a 2,4 milhões de anos, E mesmo de 2,4 a 300
mil anos, já homo erectus, o instinto sempre o protegeu.
7”ALIOP”. O raciocínio lógico, criou o livre
arbítrio no “Ser” como função independente do instinto, levando-o, em época
antiquíssima, a agir com “lógica”, sob pena de desaparecer. Relembro, aqui, que
desconheço completamente e a nada posso atribuir o motivo desse abandono paulatino
dos atos instintivos. É fácil perceber que o homem moderno, principalmente o citadino
abandonou quase que totalmente os instintos, isto torna-se evidente e aflora
quando ele se perde numa floresta desconhecida. Num enfoque mecanicista, a
antropologia nos faz crer que o motivo primeiro desta mudança tenha raízes no
aumento do tamanho da caixa craniana e no natural aumento do cérebro e,
consequentemente, no aumento do número dos neurônios de nossos primeiros antepassados
inteligentes. Permitindo que ele processasse raciocínios mais elaborados e mais
complexos. No entanto, esta mesma antropologia associada à paleontologia nos
afirma que o crescimento do receptáculo da massa encefálica deu-se de forma
lenta, gradual e constante. Para nos confundir mais o entendimento, só foram
detectados atos inteligentes e elaborados nos fósseis dos nossos antepassados a
partir de 250.000 (duzentos e cinquenta mil) anos atrás. Ora! Esta proposição
nos confunde! Não seria mais lógico, óbvio e natural que os atos inteligentes
estivessem registrados e marcados de forma crescente nos registros fósseis, ao
longo do existir dos hominídeos, classificados como “homo erectus” e que nos
precederam, acompanhando o crescimento do receptáculo craniano, e não somente a
partir dos 300.000 (trezentos mil) anos atrás? A lógica que sofre esta
indistinção, a que me refiro, está longe da lógica moderna, e sua indistinção
permaneceu por milhares de anos até se tornar distinta. Naturalmente esta
lógica adveio com a experiência e se desenvolveu ao longo do existir do homo
sapiens. Naturalmente ele não se tornou lógico da noite para o dia; o
aprendizado foi longo até se tornar um “ser” lógico e a passar este saber
paulatinamente aos seus descendentes, saber este, representado pelo
conhecimento adquirido, fruto da lógica. Concomitantemente com o aprendizado do
uso da lógica, elaboraram uma fala consistente, fator ou resultado maior do seu
desenvolvimento cerebral. Aqui trato da lógica indistinta utilizada por nossos
avôs para sua sobrevivência. Até hoje aprendemos com a experiência diária, e é
fácil ver os humanos modernos, “ditos” tecnológicos, cometerem diversos erros
ao se aventurarem pelos campos e florestas, embora já com a lógica fazendo
parte do seu proceder!
8”ALIOP”. No alvorecer do homo sapiens, esta lógica
não podia falhar; os procederes ilógicos ou “erros” frutos dessas ilógicas
nunca são cometidos mais de uma vez. Até as crianças aprendem rapidamente. A
paleontologia busca e não encontra traços ou vestígios de procederes lógicos
nos nichos fósseis dos “hominídeos” em épocas anteriores a 300.000 (trezentos mil)
anos. Mesmo em épocas mais recentes do caminhar do “homem lógico” pelo planeta,
há poucos vestígios de atos lógicos. Daí a indistinção da lógica existente e utilizada
em nosso passado. A lógica dos nossos antepassados tem uma conotação
diferenciada da lógica do homem moderno, e não poderia ser diferente. A atitude
ou o aspecto lógico de um proceder do ser no seu alvorecer como pensador só
dizia respeito a seu “eu” (ele e seu meio circundante), e nada mais. Para
desenvolver seu pensamento crítico, ele só tinha dois parâmetros de avaliação:
ele, representado pelo seu “eu”, e o “restante” existente no meio que o
circundava, isto é, tudo que compartilhava o seu existir, tudo mesmo, que
constituía o meio ambiente e principalmente, os seus semelhantes, embora
estivesse, talvez por motivo de sobrevivência, e instinto, ainda não
completamente abandonado, inescapavelmente ligado ao grupo a que pertencia.
Esta lógica natural é a chamada lógica experiencial, que dificilmente é
transmitida ao observador circunstante ou próximo. Parte desta lógica,
“suponho”, foi herdada de seu instinto natural de defesa e preservação. É a
chamada lógica natural, que até as crianças possuem, e que todos nós possuímos.
Quem retorna um dedo à chama, depois de sentir o “queimor” no
dedo? A outra lógica a que me refiro requer raciocínios mais
elaborados; ao se dar um primeiro salto sobre um abismo, o cálculo mental não
pode conter nenhuma dúvida ou erro, pois não haverá uma segunda chance – errou,
morreu! Agora estou tratando de nossos ancestrais que viveram entre 200 a 150 mil
anos atrás! E não estou me referindo ao salto que se dá, quando perseguido por
uma fera, mas ao salto que se dá para encurtar um caminho! Trata-se do salto
livre, deliberado, do salto com o risco calculado.
9”ALIOP”. Torna-se muito difícil inferir o
comportamento padrão utilizado no princípio, para o humano adquirir a lógica.
Assim, aqui faço um estudo do comportamento de nossos avôs com a lógica que já
adquirimos, e não com a lógica dita “indistinta”, ou não distinguível do
instinto natural. É extremamente difícil fazer uma análise de fatos
pressupostos. É a mesma coisa que tentar analisar o infinito com o nosso conhecimento
finito (Huberto Rohden). O caminho mais lógico que nossos antepassados
utilizaram para aprimorar sua lógica é provável que tenha sido o conhecido
caminho da tentativa, o do “erro e do acerto”.
10”ALIOP”. No início da década de 1970, próximo à
cidade de Cascavel, no município de Ibicoara-Ba., por sinal, na época uma
cidade extremamente hospitaleira, quando retornava a pé de uma pesquisa num
“jazimento” de diatomita existente na região próxima a cidade, me separei de
meus companheiros de jornada, por espírito de aventura, mais por curiosidade,
para ver uma relatada e conhecida passagem bem estreita sobre o rio Paraguaçu.
Já próximo da cidade de Cascavel, em terras da família Medrado, me vi diante do
dilema do salto calculado. Chegando às margens do Rio Paraguaçu, encontrei o
local em que o rio possuía suas margens bem próximas e em rocha, na realidade
era um pequeno “canyon”. Era época das cheias, por isso, embora estivesse bem
próximo a sua nascente, o rio estava com bastante água. Próximo ao local onde
eu saí, encontrei o pequeno “canyon”. Achei que era possível saltá-lo (já tinha
sido informado da sua existência), pois, se subisse o rio, retornaria para a
zona das jazidas de diatomita, que, a meu ver, estava bem distante e na mesma
margem do rio. Se descesse o rio, eu não sabia onde iria encontrar vau (local
raso e seguro para fazer a travessia a pé), daí resolvi saltar o rio Paraguaçu
naquele ponto. Num mato próximo, retirei uma vara bem comprida, medi a garganta
e cortei a vara num comprimento maior que a distância do salto que iria dar.
Fiz vários saltos experimentais no chão, medi a vara com meu palmo, avaliei as
possibilidades e resolvi saltar. Escolhi uma posição em que minha margem era um
pouco mais alta que a margem do outro lado, me afastei, corri, saltei e, acho,
não morri! Bem, acho! Saltei em torno de quatro a cinco metros e sobrevivi. Ao
chegar a Cascavel, quando contei aos meus amigos que tinha saltado o Rio
Paraguaçu, eles me disseram que até menino saltava. Depois, ao retornarmos ao
local e eu ter mostrado onde saltei, disseram-me que eu tinha arriscado morrer
no salto, pois o rio naquele local passava sobre as pedras, e que o local do
salto dos meninos era um pouco mais abaixo e não passava de um metro e meio de
extensão. Cheguei a gelar!
11”ALIOP”. Não naquele momento, mas, hoje, me sinto
um “homo sapiens” nas suas primeiras experiências com a lógica bruta, num seu
passado remoto. Esta lógica “indistinta”, bem diferente do instinto natural foi
a ferramenta que permitiu ao pré-homo sapiens passar por sua fase mais difícil,
que foi a fase de aprendizado inicial do uso da “razão”. Eu a denomino de fase
“crucial”, pois depender do instinto animal é uma coisa e viver como “Ser”
racional em sua fase de adaptação do uso do livre arbítrio, vivendo juntamente
com seres irracionais, nas savanas e nas selvas, com toda certeza é outra coisa
completamente diferente, inda mais tendo que sobreviver como espécie. A perda
do instinto deve ter sido muito sutil! Naturalmente, o instinto não abandonou
de imediato o “Ser” que iniciava o comportamento racional. Aí está uma questão
a ser respondida: nós passamos a sermos “homo sapiens” quando passamos a
raciocinar, ou quando abandonamos o instinto? Friso mais uma vez que estou
tratando do “Ser” que viveu entre 250 e 200 mil anos atrás, na sua transição de
“homo erectus” para “homo sapiens”. Faço lembrar que a sociedade humana só se
organizou como sociedade civilizada há muito pouco tempo, há bem menos de 10
mil anos.
12”ALIOP”. Quando analisamos o que nos relatam os
estudos dos paleontólogos sobre os registros fósseis de 200, 150, 125, 100, 50,
30, 20 e 10 mil anos atrás, podemos perceber que estes registros nos mostram
uma constante e crescente ampliação do uso da razão, da lógica e do raciocínio
elaborado, próprio de seres inteligentes que foram denominados de “homo
sapiens” e depois de “homo sapiens sapiens”, isto é: seres que saboreiam o
saber! Estes seres atingiram seu ápice ao inventarem a “escrita”, pois todo
desenvolvimento alcançado no passado, no presente e em todo futuro está para
sempre fundamentado na “escrita”. Sem a escrita, seríamos para sempre seres
rudes, atrasados e bárbaros. Não se conhece com exatidão a data da invenção da
escrita, ato impulsionador do nascente desenvolvimento da sociedade humana. Os
números e datas diferem muito, e inda somos obrigados a considerar que a
escrita não foi inventada por um único povo nem num único sítio do planeta. O
Master Mind (mente ou espírito mestre) é tão velho quanto a sociedade humana.
Não posso crer que as invenções sejam propriedade de um único “Ser”; os
exemplos são muitos, são milhares de inventos feitos simultaneamente em vários
locais do planeta. A disputa sempre foi intensa pela propriedade dos inventos;
suponho e proponho que a ressonância mórfica tenha algo a ver com a invenção da
escrita. Os vestígios da escrita primitiva desapareceram, o que se tem em mãos
são os vestígios da escrita já plenamente desenvolvida! Os exemplos mais citados
são a cuneiforme do antigo reino sumeriano, no Iraque, conhecido como reino da
Suméria, e a escrita rúnica no norte da Europa, trelativamente novas, 150 d.C.
- Na China, a escrita não foi levada pra lá! Foi inventada por lá mesmo, e não
se conhece uma data precisa desse evento. É de se esperar que muitas escritas
primitivas desapareceram antes de surgirem estas mais modernas, como os
alfabetos: latino, grego, cirílico, glagolítico e o hangul na Korea mais recentemente.
O mundo é dinâmico inclusive suas escritas. Desapareceram as escritas rúnica e
cuneiforme, de que só nos ficaram registros, os usos das primeiras escritas desapareceram
há muito tempo, o motivo desse desaparecimento é bem simples: os materiais
utilizados eram muito frágeis e, assim, de pouca duração e difícil conservação.
13”ALIOP”. A mulher, (benditas mulheres!), ao
inventar a lavoura, pôs fim ao nomadismo do homem, e o homem fixado em um lugar
por muito mais tempo, deu-se ao luxo de utilizar o raciocínio lógico com mais
afinco e potência por períodos mais prolongados e, sobretudo, cada vez com mais
lógica. De posse dessa lógica, concebeu os dois maiores “inventos” que o homem
já produziu, o melhor e o pior de todos os inventos, que no futuro levariam o
homem ao risco do desaparecimento da espécie. O melhor foi, sem sombra de
dúvidas, a “escrita”; e o pior, foi também sem sombra de dúvidas, a propriedade
privada, que levou o homem ao capitalismo, que tem no ventre a necessidade de
um crescimento constante, e que, inevitavelmente, levará ao consumo de toda
reserva de matéria prima e de energia do planeta, que por sua vez levará a
humanidade ao desastre e ao CAOS.
14”ALIOP”. Eu já disse, parodiando em parte o
filósofo desconhecido: Bendito os inventores da escrita, ao dizerem “este
desenho significa cabeça! E este, significa peixe! Este outro significa sol!”.
E maldito, seja o inventor da propriedade privada, que cercou pela primeira vez
um pedaço de terra agricultada e disse “este pedaço de terra é meu”. Quem
primeiro abordou este tema da propriedade foi Jean Jacques Rousseau. E eu digo
um milhão de vezes maldito, o homem que aprisionou pela primeira vez um seu
irmão humano, o pôs para trabalhar em sua lavoura em troca de comida e disse:
“este homem é meu escravo’”.
15”ALIOP”. Deixemos o pai dos
escravagistas de lado. E vamos às lógicas! Todas as lógicas são distintas (naturalmente
salvo a lógica indistinta, meio lógica e meio instinto!), principalmente estas
mais novas, e não poderia ser diferente, todas foram elaboradas
propositadamente distintas. Aristóteles, com um princípio simples, criou a
lógica formal, fundamentado na seguinte proposição, chamada princípio da não
contradição “das ideias”, e é assim que é compreendido e demonstrado: “uma
afirmação não pode contradizer a si mesma”. Por exemplo: há uma contradição
nesta afirmação: Platão é discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Esta
sentença possui dois atributos que se contradizem e se excluem mutuamente.
Aristóteles resolveu esta dificuldade formulando o princípio da não
contradição. “É impossível que o mesmo atributo pertença e não pertença ao mesmo
sujeito e sob a mesma relação” Platão não é discípulo e mestre ao mesmo tempo,
e, sim, em tempos diferentes. Platão não sofre estes mesmos atributos sob a
mesma relação, pois é em relação a Sócrates que ele é discípulo e em relação a
Aristóteles que ele é mestre. A filosofia é aparentemente muito complicada,
tanto é que, mudando a sentença para Platão foi discípulo de Sócrates e depois
foi mestre de Aristóteles, resolve-se o problema. E mesmo por que hoje em dia
muitos mestres “professores” fazem graduações, sendo simultaneamente alunos e
mestres, sem nenhuma contradição na relação temporal ou atributiva. Aí então,
estas relações e atributos têm plena validade. A lógica formal aristotélica
noutros campos está baseada nos “sentidos” humanos. “Nada está no intelecto sem
antes ter passado pelos sentidos”; nos dizia o filósofo. Sendo em síntese a
lógica, o discernimento do certo e do errado, sendo fundamentada numa escolha
entre duas proposições! Como a lógica aristotélica, se fundamenta nos sentidos
do “ser” humano, sentidos ou percepções muitas vezes ligados ás emoções, o que o
leva às vezes, a erros tenazes. A aplicação do “direito da lei” nem sempre é
justiça, pois, em geral, se estriba na lógica aristotélica, e aí é um desastre,
daí os resultados esdrúxulos dos julgamentos, dando lugar a que um advogado
“bom argumentador” livre um criminoso de uma sentença justa, e um advogado “mau
argumentador” não consiga livrar um inocente de uma sentença injusta. Esta
opinião está estribada puramente numa simples análise de estudos e opiniões de
juristas de renome, e do comportamento da justiça pelo mundo afora.
16”ALIOP”. Vamos agora à lógica do tão discutido
filósofo francês René Descartes, o do “Método”, do “Penso, logo existo”. O
cogito situa o “Ser” como “Ser” autônomo e, portanto, capaz de pensar,
portanto, responsável por seus atos, um “Ser” individualizado e completamente
isolado do grupo como “Ser”. A despeito de todos pensarem, cada um pensa “per
se”, assim, pensa isoladamente e nunca em grupo, em função de que a lógica é um
ato distinto, isolado, particular, daí vem outra forma da distinção da lógica,
sendo inerente a cada “Ser”. Não acredito que Descartes tenha (nem pensado), ou
adotado o solipsismo, mas, com certeza, partiu do interior do “Ser”, do cogito
para o mundo exterior que o circundava. Não é necessário ser um filósofo para
ter a certeza de que da essência do “Ser” venha o nosso pensamento, isto o
sabemos instintivamente. Entretanto, isto não quer dizer que sejamos nosso
pensamento! Ou que o pensamento seja o nosso “eu”. Descartes observou com
acerto que a única razão de termos certeza de que existimos é o nosso
pensamento. É a premissa de que o pensamento é o único ato praticado pelo
“Ser”, que o leva a ter certeza de que existe, e ele fez desta certeza o
fundamento da sua base de análise. Foi Descartes que elaborou o método de
análise; ele montou um método simples, mas que serviu de base para o
desenvolvimento de toda ciência. O método consiste de quatro regras básicas:
(1) Não aceitar nada que não seja evidente e evitar
a prevenção e a precipitação;
(2) Dividir um problema em tantas partes quantas
forem possíveis e necessárias, a chamada regra da análise;
(3) Conduzir o pensamento por ordem, partindo dos
objetos mais simples para os mais complexos, a chamada regra da síntese;
(4) Efetuar enumerações tão completas de modo a ter
certeza de que nenhum elemento tenha sido esquecido.
Este método impulsionou a ciência de modo firme e
constante.
17”ALIOP”. Este mesmo René Descartes criou o
sistema de eixos ortogonais, fundamento e lógica da matemática moderna! Sei que
podemos argumentar filosoficamente contra o cogito ergo sum. Como o
fizeram alguns filósofos. O cogito de Descartes pode levar o
“Ser” ao niilismo, pois, se penso, eu sou! Então, eu sou porque penso! Assim
reduz-se o “Ser” ao seu pensamento, e como o pensamento é uma entidade por si
mesma extremamente abstrata, reduz-se o “Ser” ao nada. O que, na realidade
quântica e em última análise e fim último, é o que somos! Porém, o nosso “bom
senso” nos faz crer que o nosso pensamento nada mais seja que uma ferramenta
que utilizamos para interagir e nos comunicar com o mundo de falantes e de
alguns não falantes, com os quais convivemos! Isto com “lógica” e com “bom
senso”. Este tipo de raciocínio nos leva a indagar: o que realmente é o “bom
senso”? Que nos remete à questão primeira: o que somos? E tudo retorna aos
primeiros filósofos e às primeiras indagações do “homo sapiens” no seu
alvorecer, e assim retornamos à lógica indistinta dos nossos avôs
pós-hominídeos nas suas primeiras proposições e indagações ocorridas em um
tempo impossível de ser estabelecido pela radiometria, fato que deve ter
acontecido entre os 250 e 300 mil anos atrás. A dificuldade de distinguir a
lógica inicial primitiva dos atos naturais instintivos seria oriunda das
dificuldades próprias dos estudos dos fósseis, que conservam poucas informações
dos atos dos nossos avoengos. Ao estudar as deduções dos paleontólogos,
antropólogos e arqueólogos, encontramos tantos desencontros, que resolvi pôr no
papel minhas próprias deduções! Se acertadas ou não, isso, infelizmente, não
posso deduzir! Em função de que; não estou me fundamentando no que digo a
título de brincadeira, que o universo seja feito de dúvidas! Quando na
realidade uma acurada e perfeita leitura do universo nos diz que ele é prenhe e
feito unicamente de acertos lógicos e de atos inteligentes. Um ser humano qualquer
portador de inteligência e destituído de vaidade. Conhecedor de um mínimo dessas
quatro áreas da ciência que atualmente desenvolvemos com os nomes de:
Cosmologia; biologia; física quântica; e física relativista. Vê e percebe de
imediato que o universo terminantemente é inteligente. Este que chamo de humano
qualquer, se for realmente inteligente e, souber utilizar um mínimo de lógica perceberá
inevitavelmente que somente uma inteligência superior a tudo que foi criado no
universo criaria essa imensidão de coisas inteligentes. A mais cabal prova de
que o universo seja inteligente é nossa presença nesse mesmo universo. Salvo se
a “ciência” conseguir provar em experimentos de laboratório, que a espécie
humana não possua inteligência. No entanto! Não devemos nos esquecer da melhor
definição do homem que diz: O homem é o universo tomando conhecimento de si próprio.
Edimilson Santos Silva Movér
Vitória da Conquista, BA.
8 de fevereiro de 2008
Ribeirão do Largo, Ba.
20 de maio de 2021
A LÓGICA INDISTINTA OU PRIMITIVA - Quinto ENSAIO da Obra 21 (7)