DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS
LEVAM A PENSAR
Quarto ensaio
UMA ENFÁTICA E REAL VISÃO ESPIRITUAL DO “SER”
Estudos
metafísicos da essência dos dois “Seres",
numa abordagem heurística.
1”UEERVEDS”. No tredécimo ensaio o tema, por certo
que é semelhante ao tema deste quarto ensaio. A entidade analisada é uma só,
mas, os enfoques divergem, aqui no quarto ensaio nota-se a linha espiritualista
utilizada, no tredécimo utilizo a moderna teoria sheldrakeana como fundamento.
Esta duplicidade de abordagens o fiz propositadamente, nos ensaios isto é
comum, veja no fim deste ensaio as duas apreciações do que seja um (ensaio).
2”UEERVEDS”. Aqui chamo a atenção daquele que se
ater a estes escritos, que esta linha de raciocínio está desligada de qualquer
postura filosófica, sendo somente uma divagação metafísica, alheia a todo
questionamento teleológico, teológico e filosófico sendo fruto do livre pensar
do autor. Quanto ao assunto teológico, respeito os posicionamentos dos teólogos
e seus princípios, mas desprezo por princípio, os posicionamentos e as questões
teológicas.
DEI ET HOMINIS
3”UEERVEDS”. Fica estabelecido que, neste ensaio,
não discuto a existência do “Ser Primeiro” nem o analiso. Este assunto já foi
dissecado por demais pelos filósofos, e dou ênfase aos trabalhos de Baruch de
Espinoza de Amsterdã, Immanuel Kant de Königsberg
e Soren Kieerkgard de Copenhague.
HOMINES EX NATURA IN DEO
4”UEERVEDS”. O princípio de “tudo” reside na
essência do "Primeiro Ser", que transcende ao próprio Universo. Este
é o motivo que me leva a não poder analisá-lo. Esta faculdade de transcender ao
próprio Universo leva este “Primeiro Ser” a tornar-se impessoal, inominável,
inalcançável, incognoscível e assim, não analisável. Sendo que este é o meu entendimento
como segundo “Ser”, ou nossa consciência. Esta como “Ser” senciente e imaterial
está presente somente enquanto existir sua relação com o “ser"
material", ou enquanto este permanecer pulsante e vivo. O que faz e
permite a sua interação com o Universo em que vive! Pois nem o corpo nem o espírito
permanecem quando se dissociam, pois, essa união desaparece com o que se chama
de “passar” ou morte. Essa essência está intimamente relacionada e condicionada
às suas próprias naturezas transitórias e imateriais, isto necessariamente, por
ser um “Ser” na forma de organismo senciente, somente enquanto está encarnado,
vivo, ou presente na matéria. E inexoravelmente ligado a este seu outro lado,
somente permissível durante a existência dessa complexa e pouca entendida dualidade.
Que é o “ser” dual, material e imaterial. Quando cessa esta dualidade, ou este liame,
este "Ser” deixa de existir voltando o “Ser” imaterial à sua condição de
energia, e retorna ao organismo de origem, a que nomino de (Grande Ser), ou
(Organismo Vitae). Já o “ser” material perde sua organização atômica e retorna
a natureza dispersa de onde é oriundo, no entanto, nem um só átomo deixa de
existir! Ao desaparecer o “Ser” dual! Ambos, matéria e energia, voltam a sua
condição natural, retornando à sua existência universal e eterna de
"seres” unos, antes, matéria e espírito. Desaparecendo a organização do
“Ser” material/imaterial dual, mas, não sua existência como essência material,
nem como essência da energia ou espírito. Sendo essa a condição de suas
próprias essências como “seres” que são partes integrantes deste Universo em
que vivemos! Portanto, sendo uma das qualidades inerentes ao “Ser” dual
imaterial/material, a sua “indestrutibilidade”, como átomos ou como energia. O
“Ser” senciente, como uma partícula componente do “Ser Primeiro” e
transcendente, herda e possui a mesma impessoalidade e
"inominalidade" inerente ao “Ser Primeiro” e transcendente. O que
impede o "Ser” senciente com o uso de sua enteléquia de tomar conhecimento
da essência do “Ser Primeiro” e transcendente é que o “Ser" senciente,
(por uma condicionante natural), como "partícula" que é do “Ser
Primeiro” nunca abarcará o "todo". O “Ser Primeiro” e Transcendente é
nominado pelos seres sencientes e pensantes deste planeta de: MAHATMA, BRAHMMÃ,
DEUS, JEOVAH, ALLAH, TAO, IAVHÉ, CONSCIÊNCIA CÓSMICA. O chamemos do que
quisermos e pudermos, em nada mudará a nossa relação com o “Ser Primeiro”, e
assim, nunca conseguiremos nominar o inominável, ou tornar pessoal o impessoal.
Por sermos partícula desta impessoalidade e desta inominalidade, nunca
conheceremos na acepção do termo a nós mesmos. Eis porque o segredo do existir
é justamente procurarmos conhecer a nós próprios, ou seja, conhecer a essência
do nosso “Ser”. Assim, o "Ser” senciente no seu alvorecer como “homo
sapiens”, possuidor de consciência analítica, deve ter enfrentado tremenda
dificuldade para conseguir se autoanalisar ou se autoreconhecer. Esta
dificuldade se origina na complexidade do “Ser” senciente, como “Ser”
imaterial/espiritual em sua interação quântica com o “Ser” material,
tornando-se um “Ser” dual. É de se esperar que nos primeiros vislumbres do
reconhecimento de si mesmo, ou do “eu”, o homo sapiens tenha tido sérias dificuldades,
conforme o foco que ele se via, para compreender, mesmo de forma simples, qual
era a sua real essência! Passados tantos milênios deste alvorecer, estas
dificuldades são mais atuais que nunca! À medida que pensamos que compreendemos
e entendemos a complexidade do “Ser” senciente, mais difícil se torna
compreendê-la e analisá-lo. Vejo a análise do Ser “Primeiro” da mesma forma que
disse o Mestre Lao Tse sobre o Universo: - “Quanto mais falamos no Universo,
menos o compreendemos. O melhor é ausculta-lo em silêncio”. -. Até mesmo ao
tentarmos entender a simplicidade deste mesmo “Ser” dual, a coisa se repete. O
primeiro paradoxo que enfrentamos ao analisar o "Ser” senciente é que
quanto mais o estudamos, mais incompreensível ele se torna. Lamentavelmente
constatamos que só possuímos registros escritos de análises da essência do
"Ser” senciente a partir dos pré-socráticos, fato que só dificulta esta
mesma análise. Outros pensadores que antecederam aos pré-socráticos já conheciam
a escrita e, com certeza, fizeram e, deixaram registros de suas análises da
essência deste "Ser”. Deixo bem claro que não compreendo uma
análise do "Ser” senciente como uma análise distinta da análise da
existencialidade deste mesmo “Ser", porque ele só se potencializa dentro
da sua existência material. Em se tratando da impessoalidade e da inominalidade
do "Ser” dual, a meu ver, os dois “seres" se confundem em sua
indistinta essência. Tentaremos de forma bastante simples demonstrar, sem
requintes, sem aprofundamentos analíticos filosóficos, que o “Ser” imaterial é
impessoal e inominável. Os espíritos ou enteléquias como partículas descendentes
do "Ser Primeiro”, possuem estas qualidades com origem nessa
ancestralidade que chamo “Primeiro Ser”. O processo da formação da pessoalidade
ou (personalidade) do “pensante” é lenta e gradual, parece até que foi
autorizada pelo Figueiredo! Como disse anteriormente, da mesma maneira que se
formou, ela se finda lenta e gradualmente, permanecendo ativa (viva), a maioria
das vezes até atingir o ápice da sua maioridade orgânica material. Então, entre
29220 e 32872,5 dias a fragmentação desta "pessoalidade" ou
personalidade se desfaz no sentido inverso de sua formação dentro do tempo. Sendo
que a duração máxima-média de um “pensante” está em torno de 36525 (trinta e
seis mil e quinhentos e vinte e cinco dias). Aqui o ano, é o de 365,25 dias,
não considerei os minutos nem os segundos.
5”UEERVEDS”. No geral, quando
o "Ser” atingir o máximo permitido pelo estado funcional (de saúde), do
seu organismo. Sua existência relacional
com o ambiente em que vive cessa, com o cessar das funções orgânicas, ele
paralisa, atingindo o que chamamos de morte. O "Ser” senciente ao chegar a
uma idade limite avançada perderá sua (personalidade) lenta e gradualmente. A
exceção só se torna presente quando o "Ser” senciente sofre algum acidente
no intercurso de sua existência provável. Observe bem, que o "Ser”
imaterial ou espírito, sai ileso de uma passagem pela vida material. Assim, a
senilidade natural ou mesmo provocada por doenças como o Alzheimer não afeta o
"Ser” imaterial. Isto pode ser comprovado por um pesquisador que visite um
centro espírita, onde se faça presente um espírito que tenha desencarnado
senil, e logo após sua morte. Há casos de seres que desencarnaram completamente
senis, sem nenhum entendimento do existir e suas declarações ou pensamentos
logo após a morte, já como espíritos são de uma sapiência inominável, o que
comprova que a pessoalidade ou personalidade é completamente desligada do “Ser”
imaterial, enteléquia, espírito ou alma, portanto o espírito também é
impessoal. (Aqui estou concorde com os filósofos pensadores Vedas denominados
de “mãyãvãdis”, o Bhagavad Gita na tradução de A.C. Bhaktivedanta Swami
Prabhupada, os declara infiéis). O certo é que perdemos nossa personalidade ao
morrermos. No caso da nominalidade, por ser este um processo externo ao “Ser”,
possui uma característica distinta da personalidade do "Ser” imaterial,
não tendo nenhum vínculo, liame ou ligação maior com o seu nome, a despeito do
que digam os psicólogos e os místicos! Nossos nomes são referências vagas e
temporárias do nosso "Ser” senciente. Isto é fácil de comprovar, não
possuímos nenhuma característica nominal que nos ligue aos nossos ascendentes
ou descendentes, à medida que essa ascendência ou descendência se torna mais
tênue e distante, mais ficamos esquecidos como seres nominais – eis a prova!
Qual dos ilustres leitores sabe o nome ou quem foi! Ou o que fez na vida um seu
tetravô, ou mesmo um trisavô qualquer! A maioria dos seres" não sabe nem
mesmo o nome de seus oito bisavôs, querem saber de uma verdade? A maioria não
sabe nem mesmo os nomes completos de seus dois avôs e suas duas avós. O nome não
marca os seres humanos, o que nos marca são os nossos feitos! São os nossos
feitos que perpetuam nossos nomes, e não os nossos nomes que perpetuam nossos
feitos. A história está repleta de exemplos! Nossos espíritos são inomináveis
tal qual o “Primeiro Ser” do qual se originaram, embora nominemos os espíritos
em suas diversas encarnações, estas são nominações que não perduram em seu
existir como espíritos. Disto nos vem a grande certeza para deduzir que os
espíritos são inomináveis, assim como já deduzimos que os espíritos são também
impessoais. Há de se compreender que essa “impessoalidade” e
"inominalidade" próprias dos espíritos, diferem enormemente da
impessoalidade e da inominalidade do “Ser Primeiro”! Pela sua transcendência
passamos a chama-lo de (Deus). Estas diferenças se fazem notar e estão
relacionadas ao grau de grandeza existente entre as dimensões dos dois seres.
Estabelecidas estas qualidades dos espíritos, veremos o quanto diferem "as
vidas" dos espíritos quando encarnados e enquanto desencarnados. Estas
duas condições por que passam todos os espíritos ou nossas enteléquias, exigem
que os consideremos, e os analisemos sob estas duas facetas. Mas só o faremos
no que diz respeito aos espíritos encarnados, ainda mais porque a essência do
assunto "espírito", está magistralmente dissecada por
Hippolyte-Leon-Denizard Rivail em sua obra, "O Livro dos Espíritos"
1857. Aqui trataremos (de forma heurística e com certa dificuldade) do espírito
quando encarnado! Ainda assim! Muito mais fácil, pois, estaremos tratando de
nós mesmos, embora sejamos seres espirituais, o que torna o fato aparentemente
mais difícil! O acesso no hoje, no agora, no momento presente, o acesso é fácil
e3 permanente. Pois, sempre que nós conversamos com um falante, estamos nos entendendo
com sua enteléquia, consciência ou espírito, na verdade os três são um único
“Ser”. No entanto quando recuamos no tempo, neste caso! Nós temos acesso à sua
memória, coisa que só acontece se a pessoa estiver em um destes estados: em
transe hipnótico; em transe letárgico induzido; ou em transe cataléptico
mediúnico; sendo este último, anímico por ser inerente ao espírito.
6”UEERVEDS”. O acesso aos espíritos é processado de
duas formas: Primeiro, pensa-se que ao encarnar o espírito torna-se um “Ser”
mais inalcançável ainda para o comum dos mortais, mas, para uma boa parte da
humanidade, o acesso a memória ao espírito encarnado é um fato corriqueiro,
sendo mais comum nos consultórios dos psicanalistas e psicólogos, no oriente,
os iogues hindus os tem ao alcance a todo momento. No mundo ocidental, fora dos
ambientes religiosos, os espíritos estão ao alcance dos psicólogos que adotam e
ensinam a psicologia transpessoal de Stanislav Grof, nos processos de regressão
da memória, alcança-se a mais tenra infância, chegando até a diversas vidas
passadas. Estes ensinamentos são praticados pelas maiores universidades do
mundo, em suas aulas de psicologia transpessoal, embora o seja em algumas, a
título de “estudos científicos", simples eufemismos e nada mais. Alguns
seres humanos especiais têm acesso aos espíritos encarnados, como os que
praticam as tão discutidas saídas astrais. O mundo das saídas astrais é povoado
de espíritos encarnados, mas em estado de ausência do corpo físico. É o caso de
ter acesso ao mundo espiritual e nalguns casos, a si próprio! A saída astral
nos faz compreender melhor nossa essência como seres espirituais e um mais
relevante entendimento do mundo material que nos cerca, e nada mais! Na
realidade, nós todos temos acesso a estes “spleens”, que são estados
melancólicos espirituais, muito comum nos estados do sono. Pois nada mais somos
que espíritos. Os espíritos são energias que transcendem o nosso próprio
existir. Vejamos a relação existente entre nosso espírito e nossa
fisiologia material. Nossa fisiologia está adaptada aos períodos de 24 horas alternados
de vigília e de sono, luz e escuridão, a que chamamos, (ciclo circadiano). Na
base do cérebro está alojado o núcleo supraquiasmático (NSQ), localizado
no hipotálamo, sendo a principal parte do
cérebro responsável pelo controle do ritmo, ou ciclo circadiano. A formação
do “ser” material se deu neste ambiente de alternância luminosa, no entanto o
“Ser” imaterial ou nosso espírito, ou enteléquia não! Assim todos os espíritos,
quando o “ser” ou corpo material entra em estado de repouso ou
"sono", têm a liberdade para sair para perto ou longe, conforme o seu
grau de evolução ou desenvolvimento espiritual. Assim, conforme o grau de
evolução de nosso “Ser” imaterial ou espírito, temos ou não lembranças do que
ele faz quando estamos no estado de sono. Quanto mais evolução ele possua menos
lembranças nós temos de nossas saídas astrais, ou dos nossos sonhos; quanto
menos lembranças temos de nossos sonhos e saídas, mais evolução possui nosso
espírito, A explicação é bastante simples e lógica! Quanto mais um espírito é
evoluído, menos apegado à matéria ele é! E menos nos transmite à memória
implícita seus pensares e andares, e quando menos evoluído nosso espírito é,
mais apegado à matéria ele é, e mais nos transmite o que faz lá fora. A priori,
somos pura energia, e isso nós não podemos mudar ou negar! Mesmo a matéria de
que compõe ou constitui nosso "Ser” material e nosso mundo sensível, nada
mais é que energia! Sendo, portanto, o Universo inteiro feito de energia, de
que seriamos feitos então? Veja a abordagem moveriana no 3º ensaio (Uma Pálida e Surreal Visão Quântica do “Ser”). A moderna visão do
“Ser” tem características holísticas. Alguns povos orientais sempre tiveram
esta visão. Hoje, esta visão, parece se tornar uma visão universal, à exceção,
naturalmente, das religiões que preferem a cegueira, isto é, as
fundamentalistas, o que no ocidente representa a grande maioria.
O HOLISMO
7”UEERVEDS”. Enquanto a visão de "Mundo"
for a visão laplaciana, determinista, reducionista, atomista e individualista e
não conseguirmos ver o “Ser" integrado ao Universo como um todo,
dificilmente conseguiremos percebermo-nos como “espíritos”, integrados que
somos indiscutivelmente, à vida universal. E a isto não podemos fugir ou negar.
O pensamento sistêmico ou holístico se opõe ao reducionismo cartesiano. Sempre
preferi ver a vida no planeta como um único organismo, desde os meus tempos de
rapaz que pensava assim, e na época, não conhecia a proposição do pensamento
sistêmico do Bertalanffy. Considero o reducionismo cartesiano válido apenas
para o estudo e o avanço científico, inda mais num tempo pretérito! Mas o que
penso não vem ao caso. O que importa é que a visão holística da vida nos leva a
entendê-la como um todo, fazendo-nos perder a visão individualista, que, pelo
menos, nos faz menos egoístas e mais humanistas se nos virmos como partícipes
do “todo”! Veremos que nossos espíritos têm uma única e mesma origem e que não
temos o direito de, por termos mais ou menos posses materiais ou maiores ou
menores dotes em uma área do saber humano, acharmos que, por isso, sejamos
melhores ou piores que outros nossos semelhantes. Isso nos remeteria à questão
anterior do homem egoísta e não nos deixaria perder a visão individualista com
as consequências já citadas, levando-nos tão somente à estultícia.
8”UEERVEDS”. As primeiras visões de todos os seres
humanos quando ainda na infância, quando ainda não está completa a encarnação
do espírito são visões de quando se encontram ainda como seres espirituais. A
perda desta visão se dá entre os quatro e os sete anos de idade, quando é comum
a pergunta! O que faço aqui? É mais ou menos nesta época que a reencarnação
está se completando. Este é o nosso primeiro encontro com nosso novo
"eu" material, com nossa nova personalidade e nosso novo mundo
material! Naturalmente, é um choque, pela primeira vez, reconhecermo-nos como
seres que vivem em um mundo material! Ou seja, com nossa individualidade
espiritual, totalmente ligada ao mundo material! A partir daí passamos a ter
uma personalidade com capacidade de autoanálise. Em outras palavras: nesta
hora, passamos a sermos um “Ser" dual completo! Completamente independente
do mundo espiritual. Nem todos os seres se recordam deste fato singular, mas
todos nós passamos por esse primeiro reconhecimento do “eu” material!
9”UEERVEDS”. Não aprendi esses fatos com o meu
irmão Codificador; quem me fez ver e relembrar estas coisas da minha infância
foi um indiano que encontrei a solfejar um mantra numa praia chamada de
"prainha", próxima a um Resort em Itacaré, aqui na Bahia. Na época,
eu estava lendo um livro sobre o avatar indiano, Sai Baba, e praticamente
forcei uma aproximação com este "Ser” singular. Na primeira tentativa de
aproximação, senti alguma resistência por parte do hindu, embora ele fosse
educadíssimo. Quase desisti. Na segunda conversa, fiz de forma muito sutil uma
análise do “Ser” como um “Ser” material, numa abordagem quântica, acho que foi
o suficiente para conseguir sua confiança! Tive poucos encontros com este
Senhor; não me recordo de quantos, talvez não passassem dos seis. De outra vez,
demonstrei para ele que a cor abóbora de seu manto, que eu entendi que ele
chamava de kasaya, depois descobri que era poshaak, não existia como uma cor
real e que poderia ser de qualquer cor, pois, a incidência de luz em objetos, e
conforme refletidos pela sua propriedade física é que determina as cores desses
objetos. Os objetos não são portadores de cor, cada um de “per se” possui a
propriedade de refletir uma específica faixa do espectro luminoso.
10”UEERVEDS”. Ele passou pouco tempo em Itacaré,
para onde tinha ido ajudar uns judeus que tiveram um problema por lá. Nada mais
soube dele! Era impressionante sua postura como “Ser"! Trajava sempre uma
bermuda e camiseta comuns, usava óculos escuros e alpercatas de tiras de
amarrar sem fivelas, carregava o manto e um livro numa sacola a tiracolo. Ao
inquirir qual escrita era aquela do livro, ele me disse que era sânscrito.
Contei-lhe como tinha tentado fazer uma saída astral, quando ainda rapaz, ao
que ele sorriu e ensinou-me a fazer uns exercícios respiratórios. No dia
seguinte ainda na mesma prainha, desta vez sob uma árvore onde o vigilante do
Resort às vezes se abrigava do sol do meio-dia, ele pediu para eu me sentasse
em um tronco de coqueiro, relaxar e fechar os olhos, pôs a palma da mão em
minha testa, ao que senti um grande calor vindo da sua mão, falou-me numa
língua estranha, que eu compreendia perfeitamente e mandou-me pensar em minha
terra natal. E, estranho, de súbito, me vi a sobrevoar um rio meu conhecido. A
princípio não sabia onde estava, depois tive a plena certeza de que sobrevoava
a casa de meu avô materno numa região da Bahia chamada de Catolézinho. Vi
claramente a casa antiga, um novo curral e a antiga chácara nos fundos da casa,
umas pessoas montadas, gado no pasto, e, de súbito, lá estava eu, na minha
postura iogue a falar com o hindu. A coisa foi tão rápida e tão clara que me
recusava a acreditar que aquilo tivesse acontecido.
11”UEERVEDS”. Este fato que
passo a relatar agora já o fiz a um amigo e primo, e é muito interessante. Eis
o fato: eu sempre evitava entabular conversações demoradas com este meu novo
amigo, para não ser inconveniente e nem atrapalhá-lo. De certa feita, eu falava
sobre a minha ideia acerca do aparecimento do homem no planeta, e ele parecia
absorto em minha explanação. Notei, então, que ele, distraidamente, passava a
mão aberta a um palmo de altura da areia da praia e sua mão ficava impregnada
de grãos de areia e, distraidamente, passava uma mão sobre a outra o os grãos
voltavam para a praia. Não sei como ele fazia aquilo, mas estava fazendo e
parecia que não notava minha presença. Fiz de conta que não estava notando o
que ele fazia, então, ele mudou de posição no sentar e entabulamos um diálogo
sobre o assunto que eu discorria já por muito tempo. Sua maneira de ver o
assunto, na verdade, não correspondia com o meu ponto de vista! Ao que ele me
expôs, ele acreditava que por nosso planeta já passara outras humanidades,
antes de surgir a humanidade atual. E o que eu expunha para ele era uma visão
fundamentada na paleontologia e na antropologia. Foi quando o meu amigo me deu
uma notícia que me deixou triste, me disse que não era aconselhável que eu
continuasse a fazer o que eu chamava de saída astral, e não quis me dizer por
quê. Assim, não insisti mais.
12”UEERVEDS”. Como apareceu,
ele desapareceu repentinamente. Alguns dias depois quando o procurei na cidade,
me disseram que tinha partido. Para meu desalento, perdi o contato com um dos
mais singulares seres humanos que já conheci. Aqueles poucos encontros marcaram
profundamente minha visão da real natureza do existir humano. Em um de nossos
últimos encontros, levei-o de carro para conhecer parte da área do Resort onde
o hotel estava sendo construído, quando perguntei onde ele tinha aprendido o
português. Ele me disse que alguns membros de sua família falavam esta língua
porque mantinham desde muito tempo estreitas relações comerciais com Portugal.
Eu já tinha percebido seu pronunciado sotaque lusitano. Não gravei na mente a
grafia correta de seu nome, mas a pronúncia era algo como Pongiab Shaori.
Perguntei-lhe se conhecia a obra de Lobsang Rampa, ele me respondeu que sim, e
disse que nós, os ocidentais, tínhamos o hábito de confundir as obras de ficção
de escritores de outros povos com a realidade, talvez por desconhecer o modo de
viver desses povos! No que concordei com ele, pois o sentido de "realidade
do existir" de cada sociedade está intimamente relacionado com as crenças
existenciais desta sociedade. Sua mão impregnada de areia me marcou profundamente
e nunca mais me saiu da memória. Um amigo arquiteto de Itacaré um dia me
perguntou o que eu tinha aprendido com o hindu! Respondi-lhe que "muito e
pouco", pois se uma pessoa adquirir todo o conhecimento do mundo, assim
mesmo não saberá tudo, pois, na introdução do Bhavadad-Gita com tradução e
comentário de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, está escrito que as pessoas
humanas (portanto, também seu conhecimento) estão infectadas por quatro
defeitos: (1) na certa comete erros, (2) está invariavelmente iludida, (3) tem
a tendência de enganar os outros, (4) é limitada por sentidos imperfeitos. O
pensador inglês Bertrand Russel era da mesma opinião; para ele o que nós
tomamos ou temos como conhecimento possui três defeitos capitais:
é convencido, é incerto e, sobretudo, o conhecimento por si mesmo é
contraditório. Portanto, tudo que aprendemos como humanos está sujeito a estas
imperfeições; assim o que aprendemos com os humanos pode ser muito e pode ser
pouco, pode ser tudo e pode ser nada, pois, na vida, nunca existirá o que
possamos chamar de perfeição! E assim caminha e se desenvolve a humanidade.
13”UEERVEDS”. Esta, por ser uma visão
espiritualista e metafísica do “Ser”, está isenta de críticas... Assim espera
esta minha ínfima e desprezível enteléquia...
Eis uma boa
definição do que seja um ensaio:
14”UEERVEDS”. O ensaio é um "estudo bem desenvolvido,
formal, discursivo e concludente, consistindo em uma exposição lógica e
reflexiva, com argumentação rigorosa com alto nível de interpretação e
julgamento pessoal. No ensaio há maior liberdade por parte do autor,
no sentido de defender determinada posição sem que tenha que se apoiar no
rigoroso e objetivo aparato de documentação empírica e bibliográfica. De fato,
o ensaio não dispensa o rigor lógico e a coerência de argumentação e
por isso mesmo exige grande informação cultural e muita maturidade
intelectual" (Severino, 1976, p.153)
Eis outra boa definição do que seja um ensaio:
15)UEERVEDS). Um ensaio! “É
uma exposição metodológica dos assuntos realizados e das conclusões originais a
que se chegou após apurado o exame de um assunto. O ensaio é
problematizador, antidogmático e nele deve se sobressair o espírito crítico do
autor e a originalidade" (Medeiros, 2000, p. 112).
Edimilson Santos Silva Movér
Vitória da Conquista, Bahia,
3 de outubro de 2007.
Revisado em 08 de maio de 2021
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UMA ENFÁTICA E REAL VISÃO ESPIRITUAL DO “SER” - Quarto ENSAIO da Obra 21 (6)