UMA
PESQUISA LÚDICA SOBRE O TEMA “TEMPO”
Segunda Carta
Á Rui Bruno
Bacelar de Oliveira,
Prezado
Rui,
Esta
pesquisa tem caráter dualista, isto é, só interessa à mim e à você, logo
perceberás que é uma abordagem lúdica do tema tempo.
1* O assunto de hoje é a vida, pois o tempo é a própria vida, se a
vida não existisse, o tempo também não existiria, e a recíproca é verdadeira,
só a vida é testemunha do tempo; como também o é do som! Daí vem a pergunta:
numa floresta em que não houver um único ser vivo; (para escutar), uma árvore
ao cair provocará algum som?
2* A palavra tempo
etimologicamente é de raiz Latina, “tempus, òris”, também utilizamos largamente
o verbete “cronos” Grego, ambos têm profundas conotações e conseqüências na
vida humana. Fiz assim, uma breve pesquisa sobre este ente que nos acompanha do
primeiro alento ao último suspiro, sendo este mesmo “tempo” que nos fará
desaparecer como seres temporais, até mesmo na lembrança ou na memória de nossa
progênie, releia, por favor, o capítulo “O ESQUECIMENTO” no Remate, do ensaio
que te remeti. Fiz somente uma rápida pesquisa no dicionário Houais sobre o
verbete “tempo” veja o que encontrei! Também fiz uma rápida pesquisa na
Internet. No mais, a cada citação, sua fonte, o restante é pura elucubração
moveriana.
Rui quando uma coisa é
longa, não há escapatória, é longa e pronto. Aqui a navalha de Occam é inútil.
O que resta-nos fazer é “gastar o tempo” para vermos o resultado da
pesquisa.
3* Tempo é um
substantivo masculino, celibatário por condicionamento, sendo assim, um ser
solitário, pois não tem uma cara metade, para seu desalento a Senhora “tempa”
não foi criada, talvez por ele não ter costela, pelo menos nunca ouvi falar na
costela do tempo. Talvez por isso, ele seja tão calado, tão silencioso, sempre
passa ao largo, não dá a mínima para nossas reclamações. Voltando ao sério, o
tempo é a duração relativa das coisas que cria no ser humano a idéia de passado,
presente e futuro; o percebemos como um período “contínuo” e
indefinido no qual todos os eventos se sucedem. Veremos adiante que ele é capaz
de fazer várias estrepolias, algumas bem estranhas.
Vamos à pesquisa.
Vejamos então o que é
considerado como “tempo”.
4* Determinado período
considerado em relação aos acontecimentos nele ocorridos; época, exemplo: o tempo das grandes descobertas. Certo período da vida que se distingue de
outros, exemplo: o tempo da juventude. Período específico,
segundo quem fala, de quem se fala ou sobre quem se fala, exemplo: no
tempo dos nossos avós a educação das crianças era mais severa. Época na qual
se vive, exemplo: esse é o tempo da globalização. Oportunidade
para a realização de alguma coisa, exemplo: quando tiver tempo
pretendo estudar francês. Período indefinido e geralmente prolongado no
futuro, exemplo: o tempo dirá se ele estava certo. Conjunto de
condições meteorológicas, exemplo: a previsão do tempo indica fortes
chuvas, Época propícia para certos fenômenos ou atividades; estação,
sazão, quadra, exemplo: tempo do plantio tempo de festas, tempo das
chuvas. Cada um dos períodos em que se dividem as partidas de determinados
jogos, exemplo: no futebol, cada tempo tem 45 minutos. Duração
cronometrada de uma corrida, exemplo: aquele atleta fez um bom
tempo, o melhor tempo do circuito de Interlagos. Dimensão que permite
identificar dois eventos que, caso contrário, seriam idênticos e que
ocorrem no mesmo ponto do espaço, símbolo: T.
5* Categoria verbal que
indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo ou o tempo em que
transcorrem; o conteúdo dessa
categoria varia segundo as línguas; em português, compreende presente,
pretérito ou passado. Unidade abstrata de medida do tempo musical, a
partir da qual se estabelecem as relações rítmicas; pulsação, andamento, velocidade
das pulsações. Tempo solar verdadeiro despojado das desigualdades
seculares ou periódicas; tempo médio, tempo solar médio. Tempo civil,
tempo astronômico adiantado em 12 horas. Tempo. compartilhado, uso
simultâneo de um computador central por diversos usuários em localizações distanciadas
entre si; time-sharing. Tempo
composto, na conjugação de verbos, a perífrase ou locução verbal
constituída por um verbo auxiliar e uma forma nominal do verbo principal, nas
vozes ativa e passiva. Tempo da salga, período em que se pesca e salga o
peixe. Tempo das efemérides,
intervalo de tempo que tem por base a duração do ano trópico de 1900 e que não depende da rotação da Terra. Tempo
das vacas gordas, época de prosperidade, e de riqueza. Tempo das vacas
magras, época de escassez, e de penúria. Tempo de aberração, intervalo de tempo gasto
pela luz para se deslocar de um corpo celeste até a Terra; tempo de luz. Rui
não estamos nem no começo, e lá vem tempo. Tempo de acesso, período
decorrido desde que uma informação é solicitada a um dispositivo de
armazenamento no computador, até começar a ser fornecida; tempo de entrada.
6* Tempo de casa, período compreendido entre a admissão de alguém num emprego até
determinada data; tempo de serviço. Tempo de coagulação, tempo
necessário para que o sangue colocado num tubo de vidro coagule. Tempo de D.
João Charuto, tempo muito antigo; tempo do Onça. Tempo de Friedmann,
intervalo de tempo decorrido desde o big-bang, em alusão a Herbert Friedmann,
astrônomo norte-americano (1916-). Tempo de geração, tempo médio para
que, num reator nuclear, os nêutrons provenientes de uma fissão nuclear
originem fissões subseqüentes. Tempo
de Hubble, idade estimada do universo a partir do big-bang, ou seja,
cerca de 17 bilhões de anos, em alusão a Edwin Powell Hubble, astrônomo
norte-americano (1889-1953). Tempo de projeção, tempo transcorrido entre
o início e o fim da projeção ininterrupta de um filme, duração. Tempo de relaxação, tempo
decorrido para que uma certa quantidade física, que decresce exponencialmente
com o tempo, atinja uma fração de seu valor inicial igual ao inverso do número (e). Tempo de residência, período em que um
determinado material permanece no interior de um componente de equipamento. Tempo
de resolução, o tempo mínimo necessário entre dois eventos para que um
determinado instrumento de medida, ou de contagem, possa distingui-los e
contá-los. Tempo de resposta, intervalo de tempo decorrido entre o
início e o fim de uma consulta ou solicitação e o início da resposta, num
computador. Tempo de sangramento, duração de hemorragia provocada por
punção em determinada área do corpo, padronizada e sob controle. Tempo de
vida, período de tempo durante o qual um dispositivo mantém suas
características específicas, período em que um determinado dispositivo permanece
útil sem se tornar obsoleto. Tempo de vôo, período de tempo existente
entre o momento em que uma partícula deixa uma fonte e o momento em que ela
alcança o detector.
7* Tempo do Onça,
tempo muito antigo, período colonial, Em alusão ao capitão-mor Luís Vahía
Monteiro, governador do Rio de Janeiro (1725-1732) que enlouqueceu no posto,
cognominado o Onça por seu comportamento severo. Tempo do rei velho, tempo
muito antigo. Tempo do ronca, tempo muito antigo. Tempo dos Afonsinhos,
em época muito remota, Segundo o Vocabulário
Pernambucano, de Pereira da Costa, em alusão ao tempo das afonsinas, ou
seja, as Ordenações promulgadas
pelo rei de Portugal, D. Afonso V (1438-1481). Tempo em que se amarrava
cachorro com lingüiça, tempo antigo (frequentemente relacionado com o baixo
preço das coisas). Tempo geológico, tempo que se estende do final do
período de formação da Terra como um corpo planetário separado ao início da
história escrita (o termo implica uma duração extremamente longa ou remota no
passado). Tempo hábil, período que possibilita a realização ou a
obtenção de algo, que atende ao estabelecido por regulamento, disposição,
pacto, lei etc. exemplo: reprovado por não apresentar a sua tese em
tempo hábil, conjunto dos dias úteis compreendidos dentro de um prazo legal. Tempo
integral, expediente completo, com a carga horária prevista na legislação.
Rui ainda há muito tempo.
8* Tempo local,
tempo “hora” que tem o meridiano local como referência. Tempo morto,
período que decorre entre a tomada de uma decisão e o momento em que essa
começa a ter efeito, período de ociosidade, de inatividade, num transdutor,
intervalo existente entre o início de um sinal de entrada e o início de um
sinal de saída. Tempo morto, posição de engate neutro, ponto morto na
caixa de marcha dos veículos. Tempo próprio, o tempo de uma partícula em
movimento como seria medido por um relógio no referencial inercial da
partícula. Tempo real, processamento imediato das transações, como, por exemplo:
nas operações bancárias efetuadas em terminais remotos computadorizados, diz-se
também de cobertura jornalística no momento dos acontecimentos. Tempo
relativo, cada uma das formas que expressam o futuro ou o passado em
relação a um futuro ou a um passado constante do enunciado, por exemplo:
o mais-que-perfeito, o futuro do pretérito, o futuro composto. Por oposição ao
tempo absoluto. Tempos apagados, períodos caracterizados pela
selvageria. Tempos fabulosos, épocas muito remotas cujas tradições são
representadas pela mitologia pagã. Tempo sideral, ângulo horário do
equinócio da primavera no instante considerado. Tempo simples, na
conjugação de verbos, o tempo que não é formado por verbo auxiliar, por
oposição ao tempo composto. Tempo solar verdadeiro, ângulo horário solar
no instante considerado. Tempo universal, tempo civil do meridiano de
origem, por convenção o de Greenwich. Tempo útil, período de tempo
passível de ser aproveitado para um fim útil, tempo prescrito pela lei; prazo
legal. Ao tempo que, na mesma ocasião que; quando. A seu tempo,
na ocasião própria, oportuna. A tempo, no momento oportuno, exemplo:
viajou a tempo, dentro do prazo, exemplo: apresentou os documentos a
tempo.
9* A tempo e a hora,
no momento próprio, oportuno. exemplo: toma todas as providências a
tempo e a hora. A todo tempo,a qualquer hora; sempre. A um só tempo,
simultaneamente, exemplo: escreve e ouve rádio a um só tempo. Com
tempo, sem precipitação; calmamente, exemplo: concluirá sua tese,
mas com tempo. Dar tempo ao tempo, esperar pacientemente, confiante numa
solução futura, exemplo: esse caso tem solução, mas é preciso dar tempo
ao tempo. Dar um tempo, esperar um pouco, exemplo: dê um tempo
que ela já vai chegar, parar algum tempo o que estava fazendo, outro exemplo:
o casal deu um tempo no namoro. Desabar o tempo, chover torrencialmente.
De tempos em tempos, sem regularidade; ocasionalmente, exemplo:
de tempos em tempos aparece por aqui. Em dois tempos, de modo muito
rápido, exemplo: cumpriu a tarefa em dois tempos. Em tempo de,
expondo-se a; correndo o perigo de, exemplo: atravessou com o sinal
fechado, em tempo de ser atropelado. Em tempo recorde, o mais rápido
possível, exemplo: concluiu a obra em tempo recorde. Esquentar o
tempo, haver briga; fechar o tempo. Fechar o tempo, ficar o tempo
enfarruscado, nublado, tempestuoso, haver briga, discussão, pancadaria;
esquentar o tempo, exemplo: fechou o tempo no fim do jogo. Ganhar
tempo, postergar a solução de algum problema ou adiar uma providência,
aguardando melhor momento, exemplo: procurou ganhar tempo até conseguir
o dinheiro para fechar o negócio. Haver tempo ou tempos, ter decorrido algum ou muito tempo;
fazer tempo, exemplo: há tempos falamos numa excursão a Minas: você
ainda está interessado?. Já não ser sem tempo, já tardar, já vir fora de
hora, exemplo: finalmente saiu o pagamento, e já não foi sem tempo. Lutar
contra o tempo, fazer esforço para concluir um trabalho dentro do prazo
determinado, exemplo: para entregar o livro antes do Natal, terá que
lutar contra o tempo. Matar o tempo, ocupar-se com algo sem importância
para distrair-se, exemplo: faz palavras cruzadas para matar o tempo. Não
ter tempo nem para se coçar, estar muito ocupado. Nesse meio tempo,
nesse intervalo, nesse ínterim; entretanto. O tempo todo, sem cessar;
ininterruptamente, exemplo: fala dos filhos o tempo todo.
10* Perder o tempo e
o latim, argumentar, explicar, aconselhar ou pedir sem sucesso. Perder
tempo, desperdiçar tempo (acepção) trabalhando devagar ou de modo
improdutivo, Ser tempo, ter chegado a hora de, exemplo: é tempo
de começarmos a protestar. Ter tempo, ter vagar ou ocasião; poder dispor
de tempo para fazer alguma coisa. No português os tempos compostos incluídos
nos paradigmas de conjugação formam-se com o verbo ter, mais raramente,
haver, seguido do particípio do verbo, sendo eles: no modo indicativo,
pretérito perfeito composto, pretérito mais-que-perfeito composto e futuro do
pretérito composto; no modo subjuntivo, pretérito perfeito, pretérito
mais-que-perfeito e futuro composto; nas formas nominais, infinitivo impessoal
composto, infinitivo pessoal composto e gerúndio composto; os tempos simples
são presente, pretérito imperfeito, pretérito perfeito, futuro do presente,
futuro do pretérito e pretérito mais-que-perfeito (do indicativo), presente,
pretérito imperfeito e futuro (do subjuntivo), imperativo (afirmativo e
negativo) e formas nominais (infinitivo impessoal, infinitivo pessoal,
gerúndio, particípio). Na acepção do decorrer do tempo, em inglês emprega-se a
palavra time (tempo); em
francês, a palavra heure
(hora); no Brasil e Portugal seguiu-se a orientação francesa, só recentemente
iniciou-se o emprego de tempo
no sentido de hora local. Diz-se, ciclo, época, era, estação, estádio, estágio,
etapa, idade, período, quadra, quartel, tempo. Etimologia: lat. tempus,òris 'tempo, tempo prosódico,
quantidade de uma sílaba'; ficha histórica,
século XIII tenpo,
século XIV tempo, século XIV tepo. Prezado Rui, vou parar por
aqui, o tempo nos possibilita preencher mais cem folhas, mas a plena realidade
do tempo, não são estes exemplos de como o tempo está presente no nosso
dia a dia.
11* Veja esta abordagem
metafísica do tempo: O tempo, ou conforme a relatividade geral, a “quarta dimensão” é linear, é um
“continuum” embora alguns teóricos da física quântica teorizem ou achem que o
tempo seja discreto, isto é, decorra em brevíssimos trancos, como se fosse um
gotejar de milionésimos de segundos! Pode até ser que o seja, se o for, será
contra o senso comum, pois só o percebemos como um “continuum” como o cair das
águas de uma cascata, sem interrupções. Na realidade só percebemos o tempo como
um fenômeno estático, só vivenciamos o momento presente. Pois do passado só
temos lembranças e do futuro esperanças. Como o tempo só corre ou caminha numa
direção, isto é, do passado para o presente, e do presente para o futuro,
diremos que o tempo só tem uma seta. A primeira lei do tempo é que sua
seta não pode ser invertida, em física teórica não há proibição alguma de se
viajar para o futuro, mesmo os buracos de minhoca (horm hole) só nos levarão para
o futuro, mesmo as tão faladas dobras do tempo, só nos levarão para o futuro!
Um paradoxo! Um paradoxo! Se embarcamos barcarola dessa! Vai ser impossível retornar! Desde quando a seta do tempo só possui uma direção! O maior fator de dobramento será de 360 graus, mesmo assim, só nos
levará para o presente, a lógica é esta! Dobre um plano qualquer em 360 graus,
ele dobrar-se-á sobre si mesmo, o menor será de 180 graus este sim, nos levará
a um futuro infinito. A ideia é esta Rui: 1 grau = amanhã, 359 graus = amanhã, 90
graus e 270 graus = a metade do futuro total, 180 graus o futuro total ou
infinito. Lembre-se, o tempo por ser linear é plano. A segunda lei do tempo, é que o tempo
não pode parar, é igual a São Paulo. A terceira lei do tempo, é que o
tempo não tem início nem fim, por ser infinito não tem borda, é como o próprio
universo, uma esfera, assim foge ao controle do homem, isto é, não pode ser
agarrado, pois não tem rabo, nem cabeça, nem chifre, (este último item,
unicamente por ser solteiro). A quarta lei do tempo, é que o tempo é
relativo, e não absoluto, como foi considerado durante milênios, é por isto que
para os felizes a vida é breve e para os infelizes dura uma eternidade; os
encarcerados que o digam! Rui esta parte
da pesquisa que segue colhi no site, http://www.soteoria.hpg.ig.com.br não consegui pegar o nome do autor, ele se nomina “o
autor”. Donde deduz-se sua sapietude.
12* Nossos sentidos nos dizem que o tempo flui,
isto é, que o passado é fixo, o futuro é indeterminado e a realidade é vivida
no presente. No entanto, diversos argumentos físicos e filosóficos sugerem o
contrário. A passagem do tempo é provavelmente uma ilusão. Talvez a consciência
envolva processos termodinâmicos ou quânticos que nos dão a impressão de
estarmos vivendo momento a momento. Assim escreveu o poeta inglês Robert
Herrick: "Colhe teus botões de
rosa enquanto podes, o Velho Tempo ainda voa.",
estabelecendo o clichê universal de que o tempo voa. E quem poderia duvidar
disso? A passagem do tempo é provavelmente a característica mais básica da
percepção humana, pois sentimos o tempo fluindo no âmago de nós mesmos de uma maneira
mais íntima que o modo como experimentamos espaço e massa. A passagem do tempo
já foi comparada ao vôo de uma flecha e a um córrego em perpétuo fluxo,
transportando-nos inexoravelmente do passado ao futuro. Os físicos insistem em
afirmar que o tempo não flui: ele simplesmente é. Alguns filósofos sustentam
que o próprio conceito de passagem do tempo não faz sentido, e que a ideia do
rio ou do fluxo do tempo é baseada num conceito incorreto. Como algo tão básico
à nossa experiência do mundo físico pode ter uma identidade tão difícil de
definir? Ou será que o tempo tem alguma qualidade essencial que a ciência ainda
não identificou? Nos séculos anteriores analisamos
e vemos como nossa visão sobre a natureza do tempo se modificou. Até o começo
do século XX acreditava-se num tempo absoluto. Ou seja, cada evento poderia ser
rotulado por um número chamado 'tempo', de uma única forma, e todos os relógios
concordariam com o intervalo de tempo entre dois eventos.
13* Entretanto, com a descoberta de que a luz tem a
mesma velocidade para todos os observadores, independente do deslocamento de
cada um, levou Einstein à Teoria da
Relatividade, e nela foi necessário abandonar a ideia de tempo único e
absoluto. Em vez disso cada observador teria sua própria medida de tempo, como
registrado pelo relógio que o conduzisse: relógios de observadores diferentes
não precisariam concordar necessariamente. Assim, o tempo se tornou um conceito
pessoal, relativo ao observador que o tivesse medindo, aqui termina a pesquisa
do site. Rui o que segue é uma abordagem de Pedro Orlando Ribeiro, é uma
análise da filosofia Ubaldista sobre o tempo, é tão interessante que a
transcrevi “Ipsis-Litteris”, O conceito de Tempo na filosofia Monista é um dos assuntos mais
difíceis de serem compreendidos, pois Ubaldi emprega a palavra Tempo em dois
sentidos. Trata-se de uma nova abordagem conceitual deste tópico e ainda não
existem vocábulos que diferenciem claramente entre si os dois significados.
Outro obstáculo é a atual forma de nossa consciência, inadequada para
compreender temas que se situam além do nosso universo dimensional. Nos
capítulos iniciais de A Grande Síntese, Ubaldi alerta para esta diferença de
conceitos para a palavra Tempo: Por tempo entendo, o ritmo, a medida do
transformismo fenomênico; isto é, um tempo
mais amplo e universal que o tempo no sentido restrito - medida de vosso universo físico
e dinâmico - e desaparece no nível a;
um tempo que existe onde haja um fenômeno e subsiste em todos os níveis
possíveis do ser, tal como um passo que assinala o caminho da eterna
transmutação do todo. Vamos tentar compreender o que significa tempo restrito e tempo universal. É importante
estarmos cientes de que vivemos num Universo decaído por motivo da queda no
Anti-Sistema de parte das criaturas do Sistema perfeito original. Esta queda se
deu na forma de desmoronamento do Sistema orgânico em infinitos universos onde
as criaturas ficaram escalonadas hierarquicamente em sentido inverso da sua
posição original na hierarquia do Sistema. Quem estava mais em cima caiu mais
embaixo e vice-versa. Estes infinitos Universos são trifásicos como o Sistema
original. Cada fase destes universos têm a sua dimensão própria. As dimensões
também se agrupam de 3 em 3 (o “devenir” das dimensões é cíclico). Assim, a dimensão espacial inerente a
matéria, evoluiu da dimensão linear, passando pela dimensão superficial e
concluiu o seu ciclo na dimensão volumétrica. Concluída esta tríade passa-se a
gênese progressiva da dimensão
conceptual através do tempo,
da consciência e da superconsciência. O tempo,
primeira dimensão conceptual toma a forma de consciência própria, linear por
analogia com a dimensão linear do espaço. Este é o tempo que Ubaldi denomina tempo restrito. É uma
consciência que sabe apenas do seu progredir no tempo (tempo universal). É uma
consciência ainda primitiva que não se eleva a julgamentos porque ainda não
percebe a existência de outros fenômenos paralelos. Este tipo de consciência é
propriedade das forças que têm conhecimento apenas do seu transformismo. Com o
surgimento da dimensão seguinte, a consciência (razão) correspondente à
superfície na dimensão espacial, o tempo (restrito) começa a desaparecer ao ser
dominado e absorvido pela consciência. Embora o pensamento analítico ainda seja
seqüencial no tempo, podemos pensar em termos de passado, presente e futuro.
Não podemos viajar fisicamente no tempo mas podemos dominá-lo através do
pensamento. Com o surgimento da superconsciência (intuição) no futuro, a
concepção será uma visão global instantânea de tudo o que agora nós concebemos
sucessivamente, por conseguinte o tempo (restrito) desaparece por completo e o
pensamento torna-se sintético e instantâneo. Assim, esta dimensão tempo
relativa a energia desaparecerá em universos que seguem ao nosso na linha
evolutiva. Ele também não existe em universos que precedem o nosso. Ubaldi a
este respeito escreveu: A evolução
corresponde a um conceito de libertação dos limites que sufocam, dos liames que
estrangulam, é um conceito de expansão cada vez mais amplo do nível físico ao
dinâmico e ao conceptual. Por isso, é subida, progresso e conquista.
14*
Embaixo, nos graus subfísicos, o ser está apertado em limites ainda mais
angustiosos do que são o tempo e o espaço que atormentam vossa matéria; no
alto, nos graus superpsíquicos, não apenas caem as barreiras de espaço e de
tempo - tal como já ocorre em vosso pensamento - mas desaparecem também os
limites conceptuais, que hoje circunscrevem vossa faculdade intelectiva. (P.
Ubaldi - A Grande Síntese). Já o chamado tempo universal marca com seu
ritmo o transformismo (involutivo-evolutivo) também desaparecerá quando
terminar a grande marcha evolutiva, isto é, quando a fração cindida do
Anti-Sistema for reabsorvida pelo Sistema, reconstituindo-se em unidade no
absoluto: "A eternidade,
despedaçada no tempo, se refaz no uno imóvel, integro, indiviso, e nela a
corrida de transformismo, lançada em busca da perfeição, se detém diante da
perfeição atingida. Então o tempo volta a ser imóvel, sem mais transformismo, e
se faz eternidade (P. Ubaldi - Deus e Universo)". Compreendido
o conceito de tempo na filosofia monista ubaldista, surge-nos outro conceito
mais difícil de compreender: a eternidade. Como é um conceito que está
além da nossa mente relativa só podemos vislumbrar alguns de seus atributos: O absoluto não fica cindido pelo tempo que
passa, mas simplesmente "é", sem tornar-se, livre da concatenação:
... causa-efeito, efeito-causa... Então, ele é totalmente concomitante, todo
presente, todo visível. Nossa divisão entre passado, presente e futuro é apenas
uma posição relativa a nós, dada pelo transformismo, condição necessária da
evolução, que é a nossa lei. (P. Ubaldi - Profecias). Outro ponto
aparentemente paradoxal é a idéia sobre a imobilidade do eterno Sistema
Absoluto (O Nirvana dos Budistas).
15* Ubaldi nos
esclarece: Que significado devemos dar
ao conceito de imobilidade do sistema? Explicamos ser o Tudo-Uno-Deus, depois
de ocorrer a criação, um organismo em funcionamento. Ora, um organismo em
funcionamento não pode ser imóvel. Devemos então precisar, com maior exatidão,
o significado do conceito de imobilidade neste caso. Pode, portanto, a
imobilidade significar apenas uma mobilidade ordenada em perfeita obediência à
disciplina da Lei. O que chamamos movimento foi, então, um estado ou tipo
diferente de mobilidade, isto é, não mais um movimento regular de ordem, mas um
movimento irregular de desordem, em revolta à ordem precedente, fora da
disciplina da Lei e independente dela. Foi um movimento anárquico e desarmônico
de rebelião, nascido do seio do movimento regular e harmônico do Sistema. Em
conseqüência, por isso mesmo, houve uma expulsão do sistema pela própria
natureza, para a periferia daquele movimento ordenado; e nessa periferia, esse
novo movimento tentou reorganizar em posição invertida, na forma de
Anti-Sistema. (P. Ubaldi - O Sistema). Prezado
Rui, no século XIX um homem de grande poder de introspecção fez este sábio
poema, que suplanta tudo que foi dito até agora. Veja para finalizar o que diz
o frei Antônio das Chagas (1831-1882): "Deus pede estrita conta do meu
tempo / e eu vou do meu tempo dar-lhe conta, / mas como dar, sem tempo, tanta
conta, / eu que gastei, sem conta, tanto tempo? / Para ter minha conta feita a
tempo, / o tempo me foi dado e não fiz conta / não quis, sobrando tempo, fazer
conta, / hoje quero acertar conta e não há tempo. / Ó vós que tendes tempo sem
ter conta, / não gasteis vosso tempo em passa-tempo. / Cuidai, enquanto é
tempo, de vossa conta, / pois aqueles que sem conta gastam o tempo, / quando o
tempo chegar de prestar contas, / chorarão, como eu, o não ter tempo.
16* Rui, só conseguimos perceber a profundidade deste poema,
quando já idosos, é como a sabedoria, ao jovem quase sempre é negada; nesta
fase da vida raramente o jovem a possui; senão a vida seria um fardo
insuportável. A beleza da juventude requer uma boa dose de “não sapiência” e de
“irresponsa”. É do próprio existir humano.
Para
encerrar o tempo! Com o “não tempo”
O “não
tempo”, embora exista como conceito filosófico, é um conceito de pouca
divulgação, nós nunca pensamos no não existir do tempo, sendo o mundo feito de
opostos. Como podemos conceber até o antiuniverso, natural que concebamos
também o antitempo, embora o “não tempo” não faça muito sentido num Universo
temporal, num Universo cíclico existe logicamente uma fase de “não tempo”. Isto
é, na extremidade deste ciclo, entre o fim e o início de um novo Universo, a
razão nos indica (por mais breve que seja) uma fase de “não tempo”. O paradoxo
é que “breve” envolve o conceito de tempo, e o oposto de breve é “longo”, que
também envolve o conceito de tempo. A única forma em que consegui conceber o
“não tempo” foi concebendo-o emparedado numa lâmina de espessura “zero” com
dimensão infinita.
Rui,
queria que você me fizesse uma equação matemática para descrever esta lâmina,
pois esta seria a equação do “não tempo”.
Bons
tempos te acompanhem. Isto é, que o tempo das “sete vacas gordas” esteja
contigo para todo o sempre.
Em tempo:
o próximo assunto é o “Ser e o Existir”.
Se eu e
você tivermos tempo! Um para escrever, o
outro para ler.
Edimilson
Santos Silva Movér
Vila de
Abrantes, Camaçari-Ba.
15 de
novembro de 2003
SEGUNDA CARTA A RUI BRUNO BACELAR DE OLIVEIRA - CARTA