Segunda Carta a Rui Bruno Bacelar de Oliveira
Prezado Rui,
Esta pesquisa tem caráter dualista, isto é, só
interessa a mim e a você, logo perceberás que é uma abordagem lúdica do tema
tempo.
UMA PESQUISA
LÚDICA SOBRE O TEMA O TEMPO
1”SCARB”. O
assunto de hoje é o tempo, pois ele gera e sustenta a vida, marcando o decorrer
da própria vida, se a vida não existisse, o tempo também não existiria, no
mínimo não seria registrado, e a recíproca não é verdadeira, só a vida é
testemunha do tempo; como também o é do som! Daí vem a pergunta: numa floresta
em que não houver um único ser vivo; (para escutar), uma árvore ao cair provocará
algum som? Daí, surgindo um paradoxo semelhante ao do gato de Scrödingger, com duas
condicionantes! Ora! Este paradoxo propõe simultaneamente um (1 gato vivo) e (2
um gato morto). Uma análise acurada do tema tempo nos revela três condicionantes,
1 (a existência do tempo que possibilita a existência da vida), seu oposto, 2
(a existência da vida que registra o tempo), e o improvável 3 (a ausência do próprio
tempo que impossibilitaria a existência do universo e da vida). No campo das possibilidades,
todos os parâmetros são analisáveis.
2”SCARB”. A palavra tempo
etimologicamente possui raiz Latina, “tempus, òris”, também utilizamos
largamente o verbete “cronos” do grego, ambos têm profundas conotações e
consequências na vida humana. Fiz assim, uma breve análise sobre este ente que
nos acompanha, do primeiro alento ao último suspiro, sendo este mesmo “tempo” o
que nos fará desaparecer como seres temporais, inexoravelmente, sempre
desapareceremos dentro do tempo. Vivemos muito pouco, não há registros de
pessoas que viveram mais de 47.482,5 dias. Até mesmo na lembrança ou na memória
de nossa progênie desapareceremos. Pergunte a um teu conhecido se ele sabe pelo
menos o primeiro nome de um seu octavô. Rui, releia por favor, o capítulo “O
ESQUECIMENTO” no Remate, do ensaio que te remeti. Fiz somente uma rápida
pesquisa no dicionário Houais sobre o verbete “tempo” veja o que encontrei!
Também fiz uma rápida pesquisa na Internet. No mais, a cada citação, sua fonte,
o restante é pura elucubração da mente moveriana.
Desconhecemos a duração do tempo, em todos
sentidos, a radiometria nos diz que na direção do passado, seria muito longo, Rui
quando uma coisa é longa, não há escapatória, é longa e pronto. Então, a navalha
de Occam é inútil. O que nos resta fazer é gastarmos o tempo para assim,
podermos ver o resultado da pesquisa.
O TEMPO SOB O ENFOQUE DE SUA
SOLIDÃO
3”SCARB”. Tempo é um substantivo masculino, celibatário por
condicionamento, sendo assim, um ser solitário, pois não tem uma cara metade,
para seu desalento a Senhora “tempa” não foi criada, talvez porque o tempo não
tenha costela, pelo menos nunca ouvi falar na costela do tempo. Talvez por
isso, ele seja tão calado, tão silencioso, sempre passa ao largo, não dá a
mínima para nossas reclamações. Voltando ao sério, o tempo é a duração relativa
das coisas que cria no ser humano a ideia de passado, presente e futuro; o
percebemos como um período “contínuo” e indefinido no qual todos os eventos se
sucedem. Veremos adiante, que ele é capaz de fazer várias estrepolias, algumas
bem estranhas.
Vamos à pesquisa.
Vejamos então o que é considerado como “tempo”.
4”SCARB”. Determinado período considerado em relação aos
acontecimentos nele ocorridos; época, exemplo: o tempo das grandes
descobertas. Certo período da vida que se distingue de outros, exemplo: o
tempo da juventude. Período específico, segundo quem fala, de quem se fala ou
sobre quem se fala, exemplo: no tempo dos nossos avós a educação das crianças
era mais severa. Época na qual se vive, exemplo: esse é o tempo da
globalização. Oportunidade para a realização de alguma coisa, exemplo: quando
tiver tempo pretendo estudar francês. Período indefinido e geralmente
prolongado no futuro, exemplo: o tempo dirá se ele estava certo. Conjunto de
condições meteorológicas, exemplo: a previsão do tempo indica fortes chuvas,
Época propícia para certos fenômenos ou atividades; estação, sazão, quadra,
exemplo: tempo do plantio tempo de festas, tempo das chuvas. Cada um dos
períodos em que se dividem as partidas de determinados jogos, exemplo: no
futebol, cada tempo tem 45 minutos. Duração cronometrada de uma corrida,
exemplo: aquele atleta fez um bom tempo, o melhor tempo do circuito de
Interlagos. Dimensão que permite identificar dois eventos que, caso contrário,
seriam idênticos e que ocorrem no mesmo ponto do espaço, símbolo matemático: T.
O TEMPO SOB O ENFOQUE DO
VERNÁCULO, DA HISTÓRIA E DA CIÊNCIA
5”SCARB”. Categoria verbal que indica o momento em que se dá
o fato expresso pelo verbo ou o tempo em que transcorrem; o conteúdo dessa
categoria varia segundo as línguas; em português, compreende presente,
pretérito ou passado e futuro. Unidade abstrata de medida do tempo musical, a
partir da qual se estabelecem as relações rítmicas; pulsação, andamento,
velocidade das pulsações. Tempo solar verdadeiro despojado das desigualdades
seculares ou periódicas; tempo médio, tempo solar médio. Tempo civil, tempo
astronômico adiantado em 12 horas. Tempo. compartilhado, uso simultâneo de um
computador central por diversos usuários em localizações distanciadas entre si; time-sharing.
Tempo composto, na conjugação de verbos, a perífrase ou locução verbal
constituída por um verbo auxiliar e uma forma nominal do verbo principal, nas
vozes ativa e passiva. Tempo da salga, período em que se pesca e salga o peixe.
Tempo das efemérides, intervalo de tempo que tem por base a duração do ano
trópico de 1900 e que não depende da rotação da Terra. Tempo das vacas gordas,
época de prosperidade, e de riqueza. Tempo das vacas magras, época de escassez,
e de penúria. Tempo de aberração, intervalo de tempo gasto pela luz para
se deslocar de um corpo celeste até a Terra; tempo de luz. Rui não estamos nem
no começo, e lá vem tempo. Tempo de acesso, período decorrido desde que uma
informação é solicitada a um dispositivo de armazenamento no computador, até
começar a ser fornecida; tempo de entrada.
O TEMPO SOB A MIRA DA DURAÇÃO
DE EVENTOS CORRIQUEIROS E DO UNIVERSO
6”SCARB”. Tempo de casa, período
compreendido entre a admissão de alguém num emprego até determinada data; tempo
de serviço. Tempo de coagulação, tempo necessário para que o sangue colocado
num tubo de vidro coagule. Tempo de D. João Charuto, tempo muito antigo; tempo
do Onça. Tempo de Friedmann, intervalo de tempo decorrido desde o big-bang, em
alusão a Herbert Friedmann, astrônomo norte-americano (1916-). Tempo de
geração, tempo médio para que, num reator nuclear, os nêutrons provenientes de
uma fissão nuclear originem fissões subsequentes. Tempo de Hubble, idade
estimada do universo a partir do big-bang, ou seja, cerca de 17 bilhões de
anos, em alusão a Edwin Powell Hubble, astrônomo norte-americano (1889-1953).
Tempo de projeção, tempo transcorrido entre o início e o fim da projeção
ininterrupta de um filme, duração. Tempo de relaxação, tempo decorrido
para que uma certa quantidade física, que decresce exponencialmente com o
tempo, atinja uma fração de seu valor inicial igual ao inverso do número (e).
Tempo de residência, período em que um determinado material permanece no
interior de um componente de equipamento. Tempo de resolução, o tempo mínimo
necessário entre dois eventos para que um determinado instrumento de medida, ou
de contagem, possa distingui-los e contá-los. Tempo de resposta, intervalo de
tempo decorrido entre o início e o fim de uma consulta ou solicitação e o
início da resposta, num computador. Tempo de sangramento, duração de hemorragia
provocada por punção em determinada área do corpo, padronizada e sob controle.
Tempo de vida, período de tempo durante o qual um dispositivo mantém suas
características específicas, período em que um determinado dispositivo
permanece útil sem se tornar obsoleto. Tempo de voo, período de tempo existente
entre o momento em que uma partícula deixa uma fonte e o momento em que ela
alcança o detector.
O TEMPO SOB DIVERSAS VISÕES
POPULARES
7”SCARB”. Tempo do Onça, tempo muito antigo, período
colonial, Em alusão ao capitão-mor Luís Vahía Monteiro, governador do Rio de
Janeiro (1725-1732) que enlouqueceu no posto, cognominado o Onça por seu
comportamento severo. Tempo do rei velho, tempo muito antigo. Tempo do ronca,
tempo muito antigo. Tempo dos Afonsinos, em época muito remota, Segundo o
Vocabulário Pernambucano, de Pereira da Costa, em alusão ao tempo das
afonsinas, ou seja, as Ordenações promulgadas pelo rei de Portugal, D. Afonso V
(1438-1481). Tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, tempo antigo
(frequentemente relacionado com o baixo preço das coisas). Tempo geológico,
tempo que se estende do final do período de formação da Terra como um corpo
planetário separado ao início da história escrita (o termo implica uma duração
extremamente longa ou remota no passado). Tempo hábil, período que possibilita
a realização ou a obtenção de algo, que atende ao estabelecido por regulamento,
disposição, pacto, lei etc. exemplo: reprovado por não apresentar a sua tese em
tempo hábil, conjunto dos dias úteis compreendidos dentro de um prazo legal.
Tempo integral, expediente completo, com a carga horária prevista na
legislação. Rui ainda há muito tempo para tratar do tempo.
OUTRAS CONOTAÇÕES DO TEMPO
8”SCARB”. Tempo local, tempo “hora” que tem o meridiano local
como referência. Tempo morto, período que decorre entre a tomada de uma decisão
e o momento em que essa começa a ter efeito, período de ociosidade, de
inatividade, num transdutor, intervalo existente entre o início de um sinal de
entrada e o início de um sinal de saída. Tempo morto, posição de engate neutro,
ponto morto na caixa de marcha dos veículos. Tempo próprio, o tempo de uma
partícula em movimento como seria medido por um relógio no referencial inercial
da partícula. Tempo real, processamento imediato das transações, como, por
exemplo: nas operações bancárias efetuadas em terminais remotos
computadorizados, diz-se também de cobertura jornalística no momento dos
acontecimentos. Tempo relativo, cada uma das formas que expressam o futuro ou o
passado em relação a um futuro ou a um passado constante do enunciado, por
exemplo: o mais-que-perfeito, o futuro do pretérito, o futuro composto. Por
oposição ao tempo absoluto. Tempos apagados, períodos caracterizados pela
selvageria. Tempos fabulosos, épocas muito remotas cujas tradições são
representadas pela mitologia pagã. Tempo sideral, ângulo horário do equinócio
da primavera no instante considerado. Tempo simples, na conjugação de verbos, o
tempo que não é formado por verbo auxiliar, por oposição ao tempo composto.
Tempo solar verdadeiro, ângulo horário solar no instante considerado. Tempo
universal, tempo civil do meridiano de origem, por convenção o de Greenwich.
Tempo útil, período de tempo passível de ser aproveitado para um fim útil,
tempo prescrito pela lei; prazo legal. Ao tempo que, na mesma ocasião que;
quando. A seu tempo, na ocasião própria, oportuna. A tempo, no momento
oportuno, exemplo: viajou a tempo, dentro do prazo, exemplo: apresentou os documentos
a tempo.
MAIS OBSERVAÇÕES SOBRE O TEMPO
9”SCARB”. A tempo e a hora, no momento próprio, oportuno.
exemplo: toma todas as providências a tempo e a hora. A todo tempo, a qualquer
hora; sempre. A um só tempo, simultaneamente, exemplo: escreve e ouve rádio a
um só tempo. Com tempo, sem precipitação; calmamente, exemplo: concluirá sua
tese, mas com tempo. Dar tempo ao tempo, esperar pacientemente, confiante numa
solução futura, exemplo: esse caso tem solução, mas é preciso dar tempo ao
tempo. Dar um tempo, esperar um pouco, exemplo: dê um tempo que ela já vai
chegar, parar algum tempo o que estava fazendo, outro exemplo: o casal deu um
tempo no namoro. Desabar o tempo, chover torrencialmente. De tempos em tempos,
sem regularidade; ocasionalmente, exemplo: de tempos em tempos aparece por
aqui. Em dois tempos, de modo muito rápido, exemplo: cumpriu a tarefa em dois
tempos. Em tempo de, expondo-se a; correndo o perigo de, exemplo: atravessou
com o sinal fechado, em tempo de ser atropelado. Em tempo recorde, o mais
rápido possível, exemplo: concluiu a obra em tempo recorde. Esquentar o tempo,
haver briga. Fechar o tempo: ficar com um tempo enfarruscado, nublado,
tempestuoso, haver briga, discussão, pancadaria; esquentar o tempo, exemplo:
fechou o tempo no fim do jogo. Ganhar tempo, postergar a solução de algum
problema ou adiar uma providência, aguardando melhor momento, exemplo: procurou
ganhar tempo até conseguir o dinheiro para fechar o negócio. Haver tempo ou
tempos, ter decorrido algum ou muito tempo; fazer tempo, exemplo: há tempos
falamos numa excursão a Minas: você ainda está interessado? Já não ser sem
tempo, já tardar, já vir fora de hora, exemplo: finalmente saiu o pagamento, e
já não foi sem tempo. Lutar contra o tempo, fazer esforço para concluir um
trabalho dentro do prazo determinado, exemplo: para entregar o livro antes do
Natal, terá que lutar contra o tempo. Matar o tempo, ocupar-se com algo sem
importância para distrair-se, exemplo: faz palavras cruzadas para matar o
tempo. Não ter tempo nem para se coçar, estar muito ocupado. Nesse meio tempo,
nesse intervalo, nesse ínterim; entretanto. O tempo todo, sem cessar;
ininterruptamente, exemplo: fala dos filhos o tempo todo.
ALUSÕES SOBRE O USO DO TEMPO
10”SCARB”. Perder o tempo e o latim, argumentar, explicar,
aconselhar ou pedir sem sucesso. Perder tempo, desperdiçar tempo (acepção)
trabalhando devagar ou de modo improdutivo, Ser tempo, ter chegado a hora de,
exemplo: é tempo de começarmos a protestar. Ter tempo, ter vagar ou ocasião;
poder dispor de tempo para fazer alguma coisa. No português os tempos compostos
incluídos nos paradigmas de conjugação formam-se com o verbo ter, mais
raramente, haver, seguido do particípio do verbo, sendo eles: no modo
indicativo, pretérito perfeito composto, pretérito mais-que-perfeito composto e
futuro do pretérito composto; no modo subjuntivo, pretérito perfeito, pretérito
mais-que-perfeito e futuro composto; nas formas nominais, infinitivo impessoal
composto, infinitivo pessoal composto e gerúndio composto; os tempos simples
são presente, pretérito imperfeito, pretérito perfeito, futuro do presente,
futuro do pretérito e pretérito mais-que-perfeito (do indicativo), presente,
pretérito imperfeito e futuro (do subjuntivo), imperativo (afirmativo e
negativo) e formas nominais (infinitivo impessoal, infinitivo pessoal,
gerúndio, particípio). Na acepção do decorrer do tempo, em inglês emprega-se a
palavra time (tempo); em francês, a palavra heure (hora); no Brasil e Portugal
seguiu-se a orientação francesa, só recentemente iniciou-se o emprego de tempo
no sentido de hora local. Diz-se, ciclo, época, era, estação, estádio, estágio,
etapa, idade, período, quadra, quartel, tempo. Etimologia: lat. tempus,òris
'tempo, tempo prosódico, quantidade de uma sílaba'; ficha histórica,
século XIII tenpo, século XIV tempo, século XIV tepo. Prezado Rui, vou parar
por aqui, o tempo nos possibilita preencher mais cem folhas, mas a plena
realidade do tempo, não são estes exemplos de como o tempo está presente no
nosso dia a dia.
ABORDAGEM FILOSÓFICA DO TEMPO
11”SCARB”. Veja esta abordagem metafísica do tempo: O tempo,
ou conforme a relatividade geral, a “quarta dimensão” é linear, é um
“continuum” embora alguns teóricos da física quântica teorizem ou achem que o
tempo seja discreto, isto é, decorra em brevíssimos trancos, como se fosse um
gotejar de milionésimos de segundos! Pode até ser que o seja, se o for, será
contra o senso comum, pois só o percebemos como um “continuum” como o cair das
águas de uma cascata, sem interrupções. Na realidade só percebemos o tempo como
um fenômeno estático, só vivenciamos o momento presente. Pois do passado só
temos lembranças e do futuro esperanças. Como o tempo só corre ou caminha numa
direção, isto é, do passado para o presente, e do presente para o futuro,
diremos que o tempo só tem uma seta. A primeira lei do tempo é que sua seta não
pode ser invertida, em física teórica não há proibição alguma de se viajar para
o futuro, mesmo os buracos de minhoca (horm hole) só nos levarão para o futuro,
mesmo as tão faladas dobras do tempo, só nos levarão para o futuro! Um
paradoxo! Um paradoxo! Se embarcamos barcarola dessa! Vai ser impossível
retornar! Desde quando a seta do tempo só possui uma direção! O maior fator de
dobramento será de 360 graus, mesmo assim, só nos levará para o presente, a
lógica é esta! Dobre um plano qualquer em 360 graus, ele dobrar-se-á sobre si
mesmo, o menor será de 180 graus este sim, nos levará a um futuro infinito. A
ideia é esta Rui: 1 grau = amanhã, 359 graus = amanhã, 90 graus e 270 graus = a
metade do futuro total, 180 graus o futuro total ou infinito. Lembre-se, o
tempo por ser linear é plano. A segunda lei do tempo, é que o tempo
não pode parar, é igual a São Paulo. A terceira lei do tempo, é que o tempo não
tem início nem fim, por ser infinito não tem borda, é como o próprio universo,
uma esfera, assim foge ao controle do homem, isto é, não pode ser agarrado,
pois não tem rabo, nem cabeça, nem chifre, (este último item, unicamente por
ser solteiro). A quarta lei do tempo, é que o tempo é relativo, e não absoluto,
como foi considerado durante milênios, é por isto que para os felizes a vida é
breve e para os infelizes dura uma eternidade; os encarcerados que o
digam! Rui esta parte da pesquisa que segue colhi no site:
http://www.soteoria.hpg.ig.com.br
Não consegui pegar o nome do autor, ele se nomina
“o autor”. Donde deduz-se sua grande sapietude.
MAIS ABSTRAÇÕES SOBRE O TEMPO
12”SCARB”. Nossos sentidos nos dizem que o tempo flui, isto é,
que o passado é fixo, o futuro é indeterminado e a realidade é vivida no
presente. No entanto, diversos argumentos físicos e filosóficos sugerem o
contrário. A passagem do tempo é provavelmente uma ilusão. Talvez a consciência
envolva processos termodinâmicos ou quânticos que nos dão a impressão de
estarmos vivendo momento a momento. Assim escreveu o poeta inglês Robert
Herrick: "Colhe teus botões de rosa enquanto podes, o Velho Tempo ainda
voa.", estabelecendo o clichê universal de que o tempo voa. E quem poderia
duvidar disso? A passagem do tempo é provavelmente a característica mais básica
da percepção humana, pois sentimos o tempo fluindo no âmago de nós mesmos de
uma maneira mais íntima que o modo como experimentamos espaço e massa. A
passagem do tempo já foi comparada ao voo de uma flecha e a um córrego em
perpétuo fluxo, transportando-nos inexoravelmente do passado ao futuro. Os
físicos insistem em afirmar que o tempo não flui: ele simplesmente é. Alguns
filósofos sustentam que o próprio conceito de passagem do tempo não faz
sentido, e que a ideia do rio ou do fluxo do tempo é baseada num conceito
incorreto. Como algo tão básico à nossa experiência do mundo físico pode ter
uma identidade tão difícil de definir? Ou será que o tempo tem alguma qualidade
essencial que a ciência ainda não identificou? Nos séculos anteriores
analisamos e vemos como nossa visão sobre a natureza do tempo se modificou. Até
o começo do século XX acreditava-se num tempo absoluto. Ou seja, cada evento
poderia ser rotulado por um número chamado 'tempo', de uma única forma, e todos
os relógios concordariam com o intervalo de tempo entre dois eventos.
ABORDAGEM CIENTÍFICA E FILOSÓFICA
DOTEMPO
13”SCARB”. Entretanto, com a descoberta de que a luz tem a
mesma velocidade para todos os observadores, independente do deslocamento de
cada um, levou Einstein à Teoria da Relatividade, e nela foi necessário
abandonar a ideia de tempo único e absoluto. Em vez disso cada observador teria
sua própria medida de tempo, como registrado pelo relógio que o conduzisse:
relógios de observadores diferentes não precisariam concordar necessariamente.
Assim, o tempo se tornou um conceito pessoal, relativo ao observador que o tivesse
medindo, aqui termina a pesquisa do site. Rui o que segue é uma abordagem de
Pedro Orlando Ribeiro, é uma análise da filosofia ubaldista sobre o tempo, é
tão interessante que a transcrevi “Ipsis-Litteris”. O conceito de
Tempo na filosofia Monista é um dos assuntos mais difíceis de serem
compreendidos, pois Ubaldi emprega a palavra Tempo em dois sentidos. Trata-se
de uma nova abordagem conceitual deste tópico e ainda não existem vocábulos que
diferenciem claramente entre si os dois significados. Outro obstáculo é a atual
forma de nossa consciência, inadequada para compreender temas que se situam
além do nosso universo dimensional. Nos capítulos iniciais de A Grande Síntese,
Ubaldi alerta para esta diferença de conceitos para a palavra Tempo: Por tempo
entendo, o ritmo, a medida do transformismo fenomênico; isto é, um tempo mais
amplo e universal que o tempo no sentido restrito - medida de vosso universo
físico e dinâmico - e desaparece no nível a; um tempo que existe onde haja um
fenômeno e subsiste em todos os níveis possíveis do ser, tal como um passo que
assinala o caminho da eterna transmutação do todo. Vamos tentar compreender o
que significa tempo restrito e tempo universal. É importante estarmos cientes
de que vivemos num Universo decaído por motivo da queda no Anti-Sistema de
parte das criaturas do Sistema perfeito original. Esta queda se deu na forma de
desmoronamento do Sistema orgânico em infinitos universos onde as criaturas
ficaram escalonadas hierarquicamente em sentido inverso da sua posição original
na hierarquia do Sistema. Quem estava mais em cima caiu mais embaixo e
vice-versa. Estes infinitos Universos são trifásicos como o Sistema original.
Cada fase destes universos tem a sua dimensão própria. As dimensões também se
agrupam de 3 em 3 (o “devenir” das dimensões é cíclico). Assim, a dimensão
espacial inerente a matéria, evoluiu da dimensão linear, passando pela dimensão
superficial e concluiu o seu ciclo na dimensão volumétrica. Concluída esta
tríade passa-se a gênese progressiva da dimensão conceptual através do tempo,
da consciência e da superconsciência. O tempo, primeira dimensão conceptual
toma a forma de consciência própria, linear por analogia com a dimensão linear
do espaço. Este é o tempo que Ubaldi denomina tempo restrito. É uma consciência
que sabe apenas do seu progredir no tempo (tempo universal). É uma consciência
ainda primitiva que não se eleva a julgamentos porque ainda não percebe a
existência de outros fenômenos paralelos. Este tipo de consciência é
propriedade das forças que têm conhecimento apenas do seu transformismo. Com o
surgimento da dimensão seguinte, a consciência (razão) correspondente à
superfície na dimensão espacial, o tempo (restrito) começa a desaparecer ao ser
dominado e absorvido pela consciência. Embora o pensamento analítico ainda seja
sequencial no tempo, podemos pensar em termos de passado, presente e futuro.
Não podemos viajar fisicamente no tempo, mas, podemos dominá-lo através do
pensamento. Com o surgimento da superconsciência (intuição) no futuro, a concepção
será uma visão global instantânea de tudo o que agora nós concebemos
sucessivamente, por conseguinte o tempo (restrito) desaparece por completo e o
pensamento torna-se sintético e instantâneo. Assim, esta dimensão tempo
relativa a energia desaparecerá em universos que seguem ao nosso na linha
evolutiva. Ele também não existe em universos que precedem o nosso. Ubaldi a
este respeito escreveu: A evolução corresponde a um conceito de libertação dos
limites que sufocam, dos liames que estrangulam, é um conceito de expansão cada
vez mais amplo do nível físico ao dinâmico e ao conceptual. Por isso, é subida,
progresso e conquista.
CONTINUA A VISÃO DE PIETRO
UBALDI
14”SCARB”. Embaixo, nos graus subfísicos, o ser está apertado
em limites ainda mais angustiosos do que são o tempo e o espaço que atormentam
vossa matéria; no alto, nos graus superpsíquicos, não apenas caem as barreiras
de espaço e de tempo - tal como já ocorre em vosso pensamento - mas desaparecem
também os limites conceptuais, que hoje circunscrevem vossa faculdade
intelectiva. (P. Ubaldi - A Grande Síntese). Já o chamado tempo universal
marca com seu ritmo o transformismo (involutivo-evolutivo) também desaparecerá
quando terminar a grande marcha evolutiva, isto é, quando a fração cindida do
Anti-Sistema for reabsorvida pelo Sistema, reconstituindo-se em unidade no
absoluto: "A eternidade, despedaçada no tempo, se refaz no uno imóvel,
integro, indiviso, e nela a corrida de transformismo, lançada em busca da
perfeição, se detém diante da perfeição atingida. Então o tempo volta a ser
imóvel, sem mais transformismo, e se faz eternidade (P. Ubaldi - Deus e
Universo)". Compreendido o conceito de tempo na filosofia monista
ubaldista, surge-nos outro conceito mais difícil de compreender: a eternidade.
Como é um conceito que está além da nossa mente relativa só podemos vislumbrar
alguns de seus atributos: O absoluto não fica cindido pelo tempo que passa, mas
simplesmente "é", sem tornar-se, livre da concatenação: ...
causa-efeito, efeito-causa... Então, ele é totalmente concomitante, todo
presente, todo visível. Nossa divisão entre passado, presente e futuro é apenas
uma posição relativa a nós, dada pelo transformismo, condição necessária da
evolução, que é a nossa lei. (P. Ubaldi - Profecias). Outro ponto
aparentemente paradoxal é a idéia sobre a imobilidade do eterno Sistema
Absoluto (O Nirvana dos Budistas).
15”SCARB”. Ubaldi nos esclarece: Que significado devemos dar
ao conceito de imobilidade do sistema? Explicamos ser o Tudo-Uno-Deus, depois
de ocorrer a criação, um organismo em funcionamento. Ora, um organismo em
funcionamento não pode ser imóvel. Devemos então precisar, com maior exatidão,
o significado do conceito de imobilidade neste caso. Pode, portanto, a
imobilidade significar apenas uma mobilidade ordenada em perfeita obediência à
disciplina da Lei. O que chamamos movimento foi, então, um estado ou tipo
diferente de mobilidade, isto é, não mais um movimento regular de ordem, mas um
movimento irregular de desordem, em revolta à ordem precedente, fora da
disciplina da Lei e independente dela. Foi um movimento anárquico e desarmônico
de rebelião, nascido do seio do movimento regular e harmônico do Sistema. Em
consequência, por isso mesmo, houve uma expulsão do sistema pela própria
natureza, para a periferia daquele movimento ordenado; e nessa periferia, esse
novo movimento tentou reorganizar em posição invertida, na forma de
Anti-Sistema. (P. Ubaldi - O Sistema). Prezado Rui, no século XIX um
homem de grande poder de introspecção fez este sábio poema, que suplanta tudo
que foi dito até agora.
Veja para finalizar o que diz
o frei:
Antônio das Chagas (1831-1882):
CONTA E TEMPO
Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo...
16”SCARB”. Rui, só conseguimos perceber a profundidade deste
poema, quando já idosos, é como a sabedoria, que ao jovem quase sempre é
negada; nesta fase da vida raramente o jovem a possui; senão a vida seria um
fardo insuportável. A beleza da juventude requer uma boa dose de “não
sapiência” e de “irresponsa”. Isto é do próprio existir humano.
PARA ENCERRAR O TEMPO COM O “NÃO TEMPO”
O “não tempo”, embora exista como conceito
filosófico, e seja de difícil concepção é um conceito de pouca divulgação, nós
nunca pensamos no não existir do tempo, sendo o mundo feito de opostos. Como
podemos conceber até um antiuniverso, natural que concebamos também um
antitempo, embora o “não tempo” não faça muito sentido num Universo temporal,
num Universo cíclico existe logicamente uma fase de “não tempo”. Isto é, na
extremidade deste ciclo, entre o fim e o início de um novo Universo, a razão
nos indica (por mais breve que seja) uma fase de “não tempo”. O paradoxo é que
“breve” envolve o conceito de tempo, e o oposto de breve é “longo”, que também
envolve o conceito de tempo. A única forma em que consegui conceber o “não
tempo” foi concebendo-o emparedado numa lâmina de espessura “zero” com dimensão
infinita.
Rui, queria que você me fizesse uma equação
matemática para descrever esta lâmina, pois esta seria a equação do “não
tempo”.
Bons tempos te acompanhem. Isto é, que o tempo das
“sete vacas gordas” esteja contigo para todo o sempre.
Em tempo: o assunto do próximo ensaio é o “Ser e o
Existir”.
Se eu e você tivermos tempo! Um para
escrever, o outro para ler.
Edimilson Santos Silva Movér
Vila de Abrantes, Camaçari-Ba.
15 de novembro de 2003
SEGUNDA CARTA A RUI BRUNO BACELAR DE OLIVEIRA - CARTA (66)