DA
SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR
Subsérie:
Em homenagem a saudosa memória de Virgílio Figueira Brito, (Ninha), os fatos
reais da vida do papagaio “DI”
REQUERIMENTO PARA O DEVIDO REGISTRO DO
PAPAGAIO “DI” NO “IBAMA”
(COM A ANOTAÇÃO
HISTÓRICA DA VIDA DO PAPAGAIO "DI"
Nos idos de setembro de 2005, lá na fazenda Ceci Em
Itororó-Ba, numa tarde brumosa com prenúncio de violentas tempestades, onde fortes
ventos derribaram uma árvore de grande porte, na qual um casal de papagaios
desde muitos anos fazia seu ninho num oco existente na parte alta do tronco da
mesma. Retornando naquela hora do seu trabalho, um peão de nome Zé Buião encontrou
a velha árvore caída! No velho ninho, Zé Buião encontrou três filhotes de
papagaio, um estava morto, outro se encontrava ferido, embora levado para ser
socorrido na casa do trabalhador, para consternação de Zé Buião e de sua esposa
Dona Alaíde, o pobre filhote de papagaio veio a falecer. O terceiro e
afortunado filhote foi batizado por Dona Alaíde com o onomatopaico e pomposo
nome de "DI", pois era o único som que o sortudo filhote de papagaio
sabia emitir "DI" "DI" "DI", dia e noite, noite e
dia. Esta era a cantoria que o lindo filhote emitia, se com sede "DI",
se com fome "DI", se espantado com o gato "DI", se com
raiva "DI", se alegre "DI". Na realidade era um som
estridente muito parecido e próximo do fonema "DI", e este ficou
sendo seu nome para todo o sempre, pelo menos enquanto respirar o bendito ar
deste planeta azul. Naquele entardecer um casal de papagaios em seu voo de
retorno ao ninho antigo sentou num galho de uma grande árvore próxima ao velho
tronco caído remanescente da antiga floresta atlântica e de seus peitos em
uníssono saiu o canto mais dolente que a velha floresta ouviu em toda sua
existência. Primeiro fizeram um minuto de silêncio em homenagem aos filhotes
inapelavelmente perdidos, depois emitiram três cantos longos, de arrepiar a
alma mais empedernida, e partiram em silêncio para as bandas do leste em busca
dos últimos resquícios da saudosa mata atlântica ainda existente na Bahia. Nesta
tarde toda a floresta chorou copiosamente pela perda dos seus futuros
moradores, e por deixar de ouvir o canto alegre do casal de papagaios. O riacho
que corria dentro da mata interrompeu seu curso por um segundo, quando os
pássaros que perderam seus filhos cantavam seu último e triste canto de
despedida. À meia noite todos os seres viventes daquele restinho de mata viram
com assombro que as estrelas pararam no alto do céu e tremeluziram num piscar
silente, Duas corujas uma, no alto da mais alta árvore, o outra sobre o alto de
um cupinzeiro, soltaram uma série de pios uníssonos e tristonhos, e de seus quatro
olhos rolaram quatro lágrimas de saudade dos humildes papagaios que partiram
para o leste da Bahia. Os papagaios pais de "DI" estava condenados a
nunca mais ouvir o som da floresta que só é ouvido à noite.
As mãos piedosas de Dona Alaíde cuidaram de "DI"
por alguns dias, mas a dificuldade para conseguir ingredientes para fazer o
pirão salvador de "DI" forçou-a a tomar uma atitude extrema! Dona
Alaíde resolveu dar a "DI" novos pais adotivos, depois de algum pensar
resolveu presenteá-lo à Dona Rosenilde Dias de Oliveira, companheira do Sr.
Joaquim Virgílio Figueira Brito, "Ninha" que até hoje cuidam de
"DI" com carinho amor e zelo. O papagaio “DI” é alimentado com ração
própria para os Psitacídeos, também sob orientação do veterinário é alimentado
com diversas sementes e frutas, quando necessário se lhe é aplicado vermífugo,
e os demais tratamentos, necessários e ordinários.
Pelos fatos acima expostos, viemos requerer da
superintendência do IBAMA, (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis). Avenida Presidente Dutra, Via Marginal nº
702. Nesta cidade de Vitória da Conquista – Bahia, que se digne nos
fornecer o devido registro e licença, para que possamos continuar cuidando do
papagaio “DI”, e de que conste no registro a autorização para que possamos nos
locomover para nossa fazenda, e para outros locais transportando o papagaio
“DI”. O que mais motiva este pedido, naturalmente é o amor que dedicamos a
"DI", mas, conforme atestado anexo, do Dr. Adail Paixão, relatando
que: Seis meses depois que passei a conviver com o "DI", minha
depressão desapareceu, e passei a ter uma convivência normal com todos que me
cercam. Sem "DI" não sei como seria minha vida! Confesso que não
sei!!!...
Atenciosamente
_________________________________
Rosenilde Dias de
Oliveira
Vitória da Conquista-Ba.
22 de Abril de 2008
Aguardando o vosso deferimento
Atenciosamente, Movér
Observação:
O INEMA só foi criado mais tarde, pelo decreto do nº 12.212
–
publicado no diário oficial do Estado da Bahia
de 04 de maio de 2011.
BIOGRAFIA DO PAPAGAIO "DI" - PROSA (112)fcw